O projeto de subsídio da passagem do ônibus coletivo para impedir que o valor aumente para o usuário bento-gonçalvense está dando o que falar na Câmara de Vereadores. Atritos entre o líder de Governo na Casa, o vereador Jocelito Tonietto (PSDB), e o Presidente da Mesa Diretora, Rafael Pasqualotto (PP) marcaram a sessão desta segunda-feira, 28.
As trocas de farpas entre o líder de Governo na Casa, o vereador Jocelito Tonietto (PSDB), e o Presidente da Mesa Diretora, Rafael Pasqualotto (PP), iniciaram ainda na sessão do dia 21 de agosto, quando Tonietto reclamou que não havia nenhum projeto para discussão da Ordem do Dia, em especial o do reajuste do piso salarial da enfermagem e o subsídio de até R$ 2.272.420,50 para as empresas de ônibus de Bento Gonçalves para que elas não precisem passar o aumento da tarifa (de R$ 5 para R$ 6) para o usuário.
O Presidente da Câmara rebateu a questão dizendo que era preciso analisar de forma mais detalhada o projeto do subsídio, já que não trazia nenhuma melhoria para o transporte e que não iria tratar o dinheiro público de forma leviana. Leia mais aqui.
Passado uma semana, o projeto do subsídio continuou não entrando para discussão na Câmara, sendo assim, a nova tarifa já começará a valer nesta sexta-feira, 1º de setembro, e então o clima esquentou na sessão desta segunda-feira, 28.
Tudo começou na hora da votação da abertura de crédito de R$ 1 milhão para a criação do Plano Diretor do Vale dos Vinhedos. Depois dos elogios de alguns vereadores sobre a audiência pública realizada na última terça-feira, 22, onde representantes do Ministério Público, do Executivo Municipal e presidentes das Câmaras de Garibaldi e Monte Belo do Sul esclareceram como o projeto iria funcionar, Pasqualotto destacou a importância da reunião para a aprovação da matéria. "Vejam colegas, como é importante a discussão de um projeto aqui nesta Casa né? Olha só, o projeto deu entrada em 14 de julho. Viu como é importante o pedido de vistas? Como é importante exaurir a discussão, chegar até o final. Ter o conhecimento integral da matéria e não ir atropelando projetos. Não chegar na semana anterior e já ser votado na próxima. Às vezes se tem pressa em votar certas matérias e depois ter audiência pública. Agora já sabemos como vai funcionar, temos perspectivas do que vai acontecer, expectativas de encaminhamento. Essa é a função desta casa, é debater os projetos. Parabéns a quem pediu vistas," coloca o Presidente.
Após a votação dos demais projetos da Ordem do Dia, todos aprovados com unanimidade de votos, iniciou o momento da tribuna dos vereadores. O primeiro a falar foi Pasqualotto, destacando a relevância do poder Legislativo e como é necessário discutir os projetos, pois estão trabalhando em prol da população. "Por que, por muitas vezes, os projetos vem para cá e não estudamos? Nos debruçamos sobre o projeto? O que nós falamos para o nosso eleitor? Que proposta oferecemos a eles? Que íamos engrandecer essa Casa. E por que quando um projeto vem aqui, quando a responsabilidade está aqui, nós como agimos como se fosse uma batata quente, querendo transferir essa responsabilidade? Nós não encaramos o ofício. Antigamente era levado a sério essas questões. Somos remunerados com o dinheiro público, que é o caso do projeto que está aqui na Casa, que é o de subsídio. Por que em vez de abraçar, apertar esse assunto, nós queremos devolver a responsabilidade? Primeiro argumento que temos: "A Câmara está atrasada!" Que atrasada? Em um projeto que chegou esses dias? Se tem alguém que se atrasou nesse processo não foi a Câmara. Eu vou dizer para a população que a Câmara não está atrasada, ela está cumprindo seu papel, que é o de fiscalizar aonde está indo esse dinheiro do cidadão. E não estamos falando de 5/10 mil reais, são R$ 2,272 milhões. Mas obviamente que será dado. Porém não estou atrasado, estou fazendo o meu trabalho avaliando se esse valor deve ser usado dessa forma. Será que o subsídio não pode vir de propagandas que nem na cidade de Londres? Não sei, vamos discutir! Segundo argumento: "Se não votarmos, o cidadão vai por a culpa na gente". Ele já coloca ou é só eu que sou cobrado? Ou vocês acham que dando esse valor vai parar a cobrança? É um valor temporário! Ano que vem volta de novo, precisamos pensar em um remodelamento. Votamos ainda ano passado a lei que abre o edital de licitação de novas empresas. Quem está atrasado?," desabafa Rafael.
E continua. "Eu volto a dizer, não sou contra o subsídio, sou contra a dar um valor sem uma contrapartida. Vários outros município fizeram o mesmo movimento, mas melhoraram o serviço. Eu não tenho medo da cobrança do cidadão, porque quando eu justifico ele vai entender que, no fundo, ele sabe que busco o melhor para ele. Por que não discutir? Volto a questionar, que sangria é essa? Será que os empresários da cidade concordam com isso? Vamos analisar o projeto, vamos discutir? Por que temos que ir no bate-papo do outro? Ninguém aqui é moleque. Ninguém nasceu de susto. Estamos em prol do povo!," finaliza Rafael Pasqualotto.
Outros vereadores se posicionaram sobre o subsídio, Agostinho Petroli (MDB) concordando com o Presidente, enquanto Anderson Zanella (PP) discordou dos argumentos de Pasqualotto, dizendo que "se a maioria dos vereadores quer votar o projeto, é preciso que isso seja ouvido," salienta.
Mas o posicionamento que marcou a manhã foi o do líder de Governo, Jocelito Tonietto (PSDB). "Dizem que nessa casa não podemos patrolar, que não podemos colocar a goela abaixo. Eu vou fazer 10 anos que estou aqui e esses últimos três anos, eu sempre fui do diálogo mesmo com os partidos de oposição. Nunca fui em cada um e disse assim: Não quero saber do teu voto, se tu tem dúvida, nós vamos patrolar. Mentira, isso nunca aconteceu aqui, só que é fogo o que está acontecendo aqui nesse ano Presidente. Tenho projetos aqui desde Abril, na área da saúde, que tem sempre um ou dois vereadores que cobram da saúde, mas temos projetos aqui que não vai, por exemplo, pra contratar quatro dentistas! O secretário da Cultura me ligou apavorado semana passada, pois temos um projeto aqui que não saíram do chão," coloca Tonietto.
A fala continuou após algumas interferências de Pasqualotto. "Só estou dizendo a verdade aqui. Se eu trazer o Secretário de Mobilidade Urbana aqui para conversamos o senhor promete que o projeto estará em pauta? Porque dessa forma não dá. Estamos aqui hoje, mas desse jeito vamos marcar uma sessão por mês, não gasta luz, não toma cafezinho. É a minha simples opinião. Eu quero que as coisas andem certas. Eu sou cobrado pelos secretários, inclusive na área da cultura podem perder R$ 1 milhão em investimentos. Eu já disse aqui, eu não tenho ônibus e não ando de ônibus, se aumentar R$ 1 real (levanta os ombros) não ando de ônibus. Eu tenho meu carrinho, mas enfim, eu estou à disposição, só que temos que colocar ele em votação, ai fazem o pedido de vistas. Só que tem vezes que a paciência está no limite. Não podemos tapar o sol com a peneira," diz Jocelito.
Mas o Presidente rebate novamente. "Tem um monte de interessados em projetos que não aparecem, que não sabem nem o endereço da Câmara, se isso aqui é verdadeiramente um poder, vem aqui falar conosco. Se a intenção é boa, todos os projetos virão a Plenário, mas por quê não vem? Qual é o medo de vir aqui nesta Casa e explicar a real intenção do projeto? É isso que queremos saber. Estamos tratando com dinheiro, não pode ser uma porteira aberta. E outra, os assessores aqui da Casa sabem, nós trabalhamos diariamente aqui, se o senhor quer uma sessão por mês faça no seu mandato," finaliza Pasqualotto.
A sessão terminou por volta das 11h30min e ainda não há informações de quando o projeto do subsídio será votado, sendo assim, a população começará a pagar R$ 6 na tarifa do ônibus coletivo a partir desta sexta-feira, 1º de setembro. Contudo, logo após a publicação do decreto que bateu o martelo no aumento da passagem, o vereador Rafael protocolou uma emenda que quer diminuir o valor da tarifa para R$ 4,50. "Não podemos esquecer que esses mais de R$ 2,2 milhões não são dinheiro da prefeitura, esse dinheiro é de todos nós, contribuintes. Por isso estou propondo a passagem no valor de R$ 4,50, algo mais justo e condizente com a realidade do transporte coletivo em nossa cidade, que não é fiscalizado e está cada vez pior para o cidadão que faz o seu uso diário", comentou o vereador. Leia mais aqui.
Outros destaques da sessão desta segunda-feira, 28
As cinco matérias que estavam em votação foram aprovadas por unanimidade de votos, sendo elas:
Mín. 13° Máx. 29°