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Vinícola usa técnica europeia para salvar videiras da geada

Técnicos da Família Geisse utilizaram fogueiras e máquinas de calor para evitar danos aos parreirais com a forte frente fria que assolou a Serra Gaúcha nos últimos dias.

27/08/2023 às 18h56
Por: Marcelo Dargelio
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Fogueiras em meio aos vinhedos é alternativa para evitar os estragos provocados pelas fortes geadas - Foto: Família Geisse
Fogueiras em meio aos vinhedos é alternativa para evitar os estragos provocados pelas fortes geadas - Foto: Família Geisse

Nas noites da sexta-feira, 25 de agosto, e sábado, 26, o proprietário da vinícola Família Geisse, localizada na pitoresca região de Pinto Bandeira, na Serra Gaúcha, realizou um esforço notável para proteger seus vinhedos da geada. Daniel Geisse, o visionário por trás dessa estratégia, optou por uma técnica tradicional europeia: a criação de centenas de fogueiras ao redor dos vinhedos, a fim de aumentar a temperatura e evitar danos às uvas.

Conhecido pela qualidade dos vinhos de sua vinícola, Daniel Geisse tomou medidas extraordinárias para preservar a safra. Cerca de 50 fogueiras por hectare foram acesas, cobrindo uma área total de 40 hectares. A cada 5 metros, uma nova chama iluminava a noite gélida. A ideia era elevar a temperatura média acima do ponto de congelamento, protegendo as frágeis vinhas dos efeitos prejudiciais da geada.

Essa técnica, embora simples, é conhecida por sua eficácia na Europa, onde as baixas temperaturas podem ameaçar colheitas inteiras. O calor emanado pelas fogueiras é capaz de elevar a temperatura do solo em até 3ºC, um aumento significativo para evitar os danos causados pelo frio extremo. O processo, no entanto, não é isento de trabalho e custo. Manter as fogueiras acesas durante toda a noite requer esforço contínuo, mas para Daniel Geisse, os resultados justificam os sacrifícios. "Se conseguirmos evitar a perda, em nosso caso, vale qualquer sacrifício, pois nossa matéria-prima, no que diz respeito a suas características e nível de qualidade é insubstituível", ressalta o proprietário.

Vinícius Santiago, diretor de degustação da ABS-RS, explica a técnica por trás desse esforço hercúleo. Os queimadores servem para aquecer o ar circundante, evitando que as temperaturas caiam abaixo do ponto de congelamento. Além disso, a fumaça resultante da fogueira forma uma barreira protetora, semelhante a um cobertor ou estufa, que ajuda a reter o calor. Essa estratégia é crucial, já que a geada tem o potencial de prejudicar os brotos das videiras e, consequentemente, a produção de uvas na safra.

No entanto, é importante reconhecer que a queima de combustíveis para manter as fogueiras também pode gerar poluição no ar, o que suscita preocupações ambientais. Em busca de um equilíbrio entre a preservação das colheitas e a conservação ambiental, a comunidade vinícola enfrenta desafios complexos.

Nesse cenário de ação incansável e determinação, Daniel Geisse e sua equipe demonstraram até onde estão dispostos a ir para proteger suas uvas e a tradição vinícola de Pinto Bandeira contra as garras congelantes da geada. Suas fogueiras iluminam não apenas a noite escura, mas também o caminho para o respeito à natureza e a dedicação à excelência na produção de vinhos.

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