Não há limites para os amantes de maratonas. Desta vez, os bento-gonçalvenses Sirlesio Carboni Júnior e Cátia Geremia toparam o desafio de participar da Ultramaratona no Ushuaia, na Patagônia, lugar conhecido como o “fim do mundo”, nos dias 6 e 7 de abril. Os maratonistas enfrentaram nevascas e um intenso frio durante o percurso para concluir a prova. Sirlesio participou da ultramaratona de montanha nos 130 km, enquanto que Cátia disputou a prova nos 70 km.
A competição foi promovida pela primeira vez nas Américas pela Ultra-Trail Du Mont-Blanc (UTMB), que organiza ultramaratonas em todos os continentes do mundo. Em agosto do ano passado, Sirlesio participou da prova na França, a qual é conhecida como uma das provas de trilha mais famosas do mundo. Desta vez na última ponta no sul do continente sul-americano, ele e Cátia Geremia, que fazem parte da Bento Trail Runners (BTR), enfrentaram o intenso frio e as condições extremas do “fim do mundo” para mais uma vez superar os seus limites.
Condições climáticas extremas aumentaram os desafios da prova
Sirlesio se preparou durante cinco meses para disputar a ultramaratona de montanha, com uma intensa preparação física e, sobretudo, com equipamentos para suportar as adversidades promovidas pelas condições climáticas do lugar e as temperaturas negativas nas montanhas. A prova contou com a participação de 1000 participantes de 29 países de todas as partes do mundo. Os atletas possuíam 33 horas de tempo limite para concluir a prova em quatro diferentes distâncias: 35 km, 50 km, 70 km e 130 km.
De acordo com o bento-gonçalvense, a prova teve um alto índice de desistência, muito por conta da nevasca que atingiu as montanhas na quais passavam o percurso da prova. “A prova minha largou no sábado, dia 6, às quatro da manhã, e completei a prova em 24 horas e 29 minutos, às quatro e meia do domingo. A prova teve um alto índice de desistências, com poucos concluintes, principalmente nos 130 km, pois ocorreu uma mudança no clima bem no dia da prova. A organização previu a mudança, fez uma alteração no percurso para amenizar os efeitos, mas acredito que nem a organização contava com tanta neve que caiu no dia da prova”, explicou Sirlesio.
O maratonista relata que as temperaturas negativas, os ventos acima dos 70 km/hora e a neve foram as principais dificuldades enfrentadas na prova para a conclusão da ultramaratona, que passou por montanhas e vales do sul da patagônia.” A prova teve dificuldades extremas de frio, terreno muito técnico, muita lama e muito charco (atoleiros). Além disso a neve que caiu o dia inteiro, pegamos temperaturas de até -3°C e ventos de até 70 km por hora em cima das duas montanhas que fizemos a ascensão. A última montanha peguei neve até em cima do joelho nessa subida, foi a parte mais complicada da prova, com muita neve e uma nevasca que atingiu bem esse momento”, comenta o bento-gonçalvense.
Sirlesio afirma que as roupas técnicas e quentes fizeram grande diferença para atingir o objetivo que era a conclusão da prova. Apesar das condições extremas, ele explica que a prova é deslumbrante. “A prova é muito linda, passa por vales, montanhas de toda a patagônia sul e é um ambiente inóspito e que o tempo pode mudar muito abruptamente”, ressalta.
A prova, para Sirlesio, deixou ambos os atletas da BTR ainda mais preparados para os próximos desafios, tanto nas maratonas como para a vida, uma vez que eles tiveram que enfrentar as adversidades em busca do objetivo. “É uma prova que levo como uma experiência de vida, e que me deixou ainda mais preparado para todos os desafios que a gente pode vir a enfrentar em outras competições e dificuldades na própria vida, pois você aprende a lidar com as adversidades, o que não é fácil. Acabei me conhecendo mais e deixo a mensagem que a gente pode, se a gente deseja, se a gente quer, nós somos capazes de coisas que nem imaginamos. Chegar já é um grande resultado, pois competimos contra nós mesmos”, afirma o maratonista.
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