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Ospa apresenta a controversa Quinta Sinfonia de Shostakovich no sábado (12)
Por vezes, as grandes sinfonias carregam dezenas de significados ocultos. Um exemplo repleto desimbologiassubliminares é aSinfonia nº 5, do russoDm...
08/08/2023 07h05
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Secom RS
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre -Foto: Vitória Proença/Ascom Ospa

Por vezes, as grandes sinfonias carregam dezenas de significados ocultos. Um exemplo repleto desimbologiassubliminares é aSinfonia nº 5, do russoDmitri Shostakovich(1906–1975). A obra é o destaque do concerto do próximosábado (12/8),às 17h, na Casa daOrquestra Sinfônica de Porto Alegre(Ospa) – fundação vinculada à Secretaria da Cultura (Sedac). Para a ocasião, a Sinfônica recebe pela primeira vez o regente sul-coreanoJin Hyoun Baek, diretor artístico do Busan Maru International Music Festival. Também pela primeira vez com a Ospa, o violoncelista alemãoBernhard Lörcherexecuta os solos deVariações em um tema rococó, dePiotr Ilitch Tchaikovsky(1840–1893). Os ingressos para o concerto podem ser adquiridos pelo Sympla, por valores entre R$ 10 e R$ 50 . A apresentação também será transmitida ao vivo pelo canal da Ospa no YouTube .

Antes da apresentação, a Sala de Recitais receberá mais uma edição da série de palestrasNotas de Concerto, às 16h. O violoncelista da OspaMurilo Alvescomentará o repertório do espetáculo, que além dos compositores russos, contempla a abertura da óperaAs vésperas sicilianas, de Giuseppe Verdi (1813–1901). Composta por encomenda em 1855, após os sucessos deRigolettoeLa Traviata, é uma das mais relevantes óperas do século XIX. “Seguindo a tradição da época, a introdução instrumental apresenta diversos temas do drama musical. Um exemplo é a melodia da ária da personagem Elena, apresentada pelo naipe de madeiras”, destaca Murilo.

Partindo da ópera de Verdi, a Ospa dá um salto ao repertório russo com influências italianas. EmVariações em um tema rococó para violoncelo e orquestra, Op. 33, Tchaikovsky utiliza referências que enriquecem a composição – como, por exemplo, aspectos técnicos desenvolvidos pelo violinista Nicolò Paganini. O resultado é uma obra difícil, virtuosística e de cadências elegantes, ao estilo de um compositor que Tchaikovsky admirava muito: Wolfgang Amadeus Mozart. “Este é o aspecto único sobre a peça: a versatilidade das variações. Sons da antiguidade, elegância clássica, fogo romântico, virtuosismo italiano e nostalgia russa ao mesmo tempo”, comenta Lörcher.

O músico já esteve no Rio Grande do Sul como estudante nos anos 1990, tendo inclusive se apresentado com o pianista gaúcho Ney Fialkow. “A cidade é linda, as pessoas são simpáticas, a comida é impressionante, há grandes praias não tão distantes e vilas alemãs ao norte de Porto Alegre. Ver casas do estilo germânico ao lado de pés de tangerina foi algo que me arrancou um sorriso e que jamais esqueci. Na Alemanha, não nascem tangerinas de jeito nenhum”, lembra o violoncelista.

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Após o intervalo, a Ospa retorna para apresentar aSinfonia nº 5, de Shostakovich. A obra foi uma espécie de resposta do compositor às pressões que vinha sofrendo para se adaptar à estética do regime soviético. Após ser duramente criticado no jornal oficial partidário Pravda, em 1936, cancelou a estreia da sua Quarta Sinfonia, que estava distante do novo realismo socialista. Em 1937, apresentou, então, sua Quinta Sinfonia. A composição parecia estar em conformidade com as novas diretrizes nacionais, mas continha uma crítica ao regime soviético.

Shostakovich inicia a obra com uma escolha que viria a se tornar típica do autor em sinfonias posteriores: um longo e sombrio movimento lento, que termina de forma interrogativa após o clímax. Já sua segunda parte é como uma valsa ansiosa, que precede um novo movimento lento com diversas referências religiosas– interpretado como um lamento pelos mortos do regime. É apenas o último movimento da composição que incorpora, de maneira apoteótica, quase circense, o espírito do realismo socialista, contrastando com o restante da sinfonia. Especialistas costumam descrever as três fases dessa obra como a derrota, o luto e, por fim, a obediência ao regime, que viria a conceder ao compositor a possibilidade de seguir trabalhando por mais três décadas como um dos principais criadores artísticos da União Soviética.

Maestro Jin Baek é diretor artístico do Busan Maru International Music Festival e da Busan Festival Orchestra -Foto: Divulgação Ospa
Sobre Jin Hyoun Baek (regente - Coreia do Sul)
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O maestro Jin Baek é diretor artístico do Busan Maru International Music Festival e da Busan Festival Orchestra, na Coreia do Sul, além de regente convidado da Tianjin Symphony Orchestra, na China, desde 2004. Dirigiu também a Masan Philharmonic Orchestra e a Gyeongbuk Philharmonic Orchestra – que, sob a sua tutela, participaram de grandes festivais ao redor do mundo. Regeu algumas das orquestras de maior prestígio na Coreia, além de ter conduzido orquestras na Rússia, na Itália, no México, na Mongólia, na China, no Japão e em Cuba. Jin Baek recebeu vários prêmios, incluindo o 27º Today's Leading Musician Award e o Busan Artist Award por suas contribuições para o avanço da música clássica na Coreia do Sul, além do Korea Musician's Honor, em 2018. É graduado pela Keimyung University, pós-graduado no Brooklyn Conservatory of Music, mestre pela Manhattan School of Music de Nova York, doutor em Artes Musicais pela Far Eastern State Academy of Arts na Rússia e em Ciência das Artes pela Silla University. Atua também como professor de regência na Dongseo University Graduate School (Coreia do Sul).

Violoncelista Bernhard Lörcher já se apresentou como solista em orquestras europeias e brasileiras -Foto: Divulgação Ospa
Sobre Bernhard Lörcher (violoncelista - Alemanha)

O violoncelista Bernhard Lörcher estudou na Hochschule für Musik Karlsruhe com o professor Martin Ostertag. Obteve seu diploma de Orquestra e Solista com prêmios em ambos os casos, e é violoncelista principal da Stuttgarter Philharmoniker desde 2001, com passagens como visitante por outras orquestras nos Estados Unidos, no Brasil e na Europa. É professor de música desde 1997, lecionando em instituições da Alemanha e do mundo, com diversas passagens pelo Brasil. Também já se apresentou como solista em orquestras europeias e brasileiras, mas esta é sua primeira passagem como solista pela Ospa.

Serviço

O quê: Concerto da Série Casa da Ospa – Shostakovich V
Quando: sábado (12/8), às 17h; às 16h, ocorre a Palestra Notas de Concerto, com Murilo Alves
Onde:Casa da Ospa (Caff – Av. Borges de Medeiros, 1.501, Porto Alegre)
Ingressos: de R$ 10 a R$ 50.Descontos:ingresso solidário (com doação de 1kg de alimento), clientes Banrisul, Amigo Ospa, associados AAMACRS, sócio do Clube do Assinante RBS, idoso, doador de sangue, pessoa com deficiência e acompanhante, estudante, jovem até 15 anos e ID Jovem.
Bilheteria:via Sympla ou na Casa da Ospa no dia do concerto, as 12h às 17h
Estacionamento:gratuito, no local
Classificação indicativa:não recomendado para menores de seis anos
Transmissão ao vivo: canal da Ospa no YouTube

Programa

Giuseppe Verdi | AberturaAs vésperas sicilianas

Piotr Ilitch Tchaikovsky |Variações em um tema rococó para violoncelo e orquestra, Op. 33

Intervalo

Dmitri Shostakovich |Sinfonia nº 5 em ré menor, Op. 47
I.Moderato
II.Allegretto
III.Largo
IV.Allegro non troppo

Texto: Ascom Ospa
Edição: Felipe Borges/Secom