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Leilão de terrenos da Prefeitura de Bento deve parar na justiça

A situação ocorre devido uma investigação da AAECO e equipe do NB Notícias que identificaram uma irregularidade no valor de um dos terrenos à venda em uma área nobre da cidade.

24/07/2023 às 10h08 Atualizada em 26/07/2023 às 00h03
Por: Renata Oliveira Fonte: NB Notícias
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A diferença nos valores aprovados do terreno do bairro Santo Antão em 2022 e colocados no edital de 2023 chamaram a atenção.
A diferença nos valores aprovados do terreno do bairro Santo Antão em 2022 e colocados no edital de 2023 chamaram a atenção.

Um simples leilão de 10 terrenos de propriedade do município de Bento Gonçalves pode acabar na justiça depois de uma investigação da Associação Ativista Ecológica (AAECO) e equipe do NB Notícias que identificou uma irregularidade na forma em que um dos imóveis foi posto à venda, onde ocorreu uma desvalorização na área de mais de R$ 2 milhões de um ano para o outro sem passar pela Câmara de Vereadores. 

Por meio do edital nº 037/2023, a Prefeitura de Bento Gonçalves está colocando 10 terrenos de propriedade do município à venda em sete bairros da cidade com vantagens de pagamento em até 48 parcelas, porém metade eram da Área de Preservação Permanente (APP) - contendo uma nascente e curso hídrico - e um deles está com um valor muito abaixo do que foi definido quando aprovada a lei municipal n° 6.878 de 17 de agosto de 2022, na qual deram o aval para a desapropriação destes imóveis e a perda da característica de área verde. 

Conforme as informações do edital, no dia 17 de agosto, estarão à venda os seguintes imóveis públicos:

  • Um na Rua Severo Cesca, no bairro Aparecida no valor mínimo de R$ 77.500 mil;
  • Três na Rua João Fianco, no bairro Imigrante, sendo dois no valor mínimo de R$ 140 mil (ambos com área de 348,00 M²) e e um a partir de R$ 210 mil (com área de 473,96 M²). Os três eram APP's (com uma nascente e curso hídrico);
  • Dois na rua Antônio Beltrame, Loteamento Bela Vista 2, Bairro Jardim Glória, um no valor mínimo de R$ 450 mil (com área de 676,58 M²) e outro de R$ 990.000 mil (com área de 1.387,40 M²);
  • Um na rua Justino Cabral, bairro São Roque, com área de 966,54 M² no valor mínimo de R$ 483.270 mil;
  • Um na rua Marcos Valduga e Ari Ozelame, no bairro Santa Helena, com área de 1.800,00 M² no valor mínimo de R$ 657.831,32 mil. Era uma APP;  
  • Um na rua Paolo Fenócchio, bairro Universitário, com área de 1.532,78 M² no valor mínimo de R$ 928.000 mil;
  • Um na rua Isidoro Agostini, bairro Santo Antão, com área de 5.577,00 M² no valor mínimo de R$ 1.485.648,45 milhão. Era uma APP. 

Mas o ponto que chamou a atenção foi essa venda do terreno no Bairro Santo Antão. Segundo a lei municipal n° 6.878 de 17 de agosto de 2022, o terreno desta localidade estava avaliado em R$ 3.862.680 milhões, entretanto, no edital lançado na última semana, o valor foi diminuído para R$ 1.485.648,45 milhão (R$ 2.377.031,55 milhões a menos). 

A reportagem do NB e AAECO investigaram o caso e questionando a Prefeitura para entender o motivo desta queda do valor, descobriu que foi feita uma reavaliação da área por causa da nascente de água/curso hídrico identificado no local. "O imóvel registrado sob matrícula 90.870, fl. 01, do Livro 2-RG da Comarca de Bento Gonçalves foi desafetado na Lei 6.878/2022 pelo valor  de avaliação de R$ 3.862.680,00 perdendo a característica naquele momento de área verde. No momento da solicitação de reavaliação do terreno para abertura de processo de Concorrência para fins de alienação, tal matrícula, com  5.577,00 m², teve observação na avaliação de áreas de preservação permanente e, segundo Legislação vigente, Lei nº 12.651 de 25/05/2012, em seu Art. 4º, considera-se área de preservação permanente, dentre outras, as áreas no entorno das nascentes e olhos d'água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 metros. Observada a avaliação quanto à APP, restou uma área de aproximadamente 2.145m² que aplicada a mesma metodologia da avaliação anterior, passou ao valor de R$ 1.485.648,45," explica a Secretária Municipal de Finanças, Elisiane Schenato. 

Contudo, no edital ainda é citado à venda TOTAL da área, sem essa delimitação que justificou a queda do valor. Veja abaixo:

Além disso, essa mesma reavaliação colocada pela Secretária de Finanças não foi realizada nos outros quatro terrenos que também eram APP. Desta forma, o secretário geral da Associação Ativista Ecológica (AAECO) de Bento Gonçalves, Gilnei Rigotto, irá levar o caso ao Ministério Público e também será pedido uma liminar para que não ocorra o leilão dos imóveis devido essa irregularidade de preço, pois deveriam alterar a lei de 17 de agosto de 2022 que define o valor do terreno em mais de R$ 3 milhões para assim, conseguirem vender o imóvel por essa nova quantia avaliada. 

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Consuelo baccegaHá 1 ano Bento Goncalves, RSÁreas verdes devem ser áreas verdes e ponto final. Porque o município tem que "vender"???? A responsabilidade do município é preservar. Reflorestar. Manter como área Verde. São áreas públicas. Porque somos obrigados a destinar parte dos loteamentos para preservar e depois algum espertinho do governo quer vender????
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