Uma decisão judicial revoltou a comunidade da pequena cidade de Três de Maio. O médico Leandro Boldrini, acusado de participação no plano de assassinato do próprio filho, Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, foi solto pela justiça nesta sexta-feira, 14 de julho. Ele já está em casa, beneficiado pela progressão de regime, mantido com tornozeleira eletrônica. O Ministério Público do RS vai recorrer da decisão.
A decisão pela soltura do acusado é da juíza Sonáli da Cruz Zluhan e foi emitida na sexta-feira, 14 de julho. Leandro Boldrini estava preso desde 2014, suspeito de participação na morte do filho Bernardo Boldrini. Nove anos depois, ele segue sem uma condenação definitiva. Os dois julgamentos a que foi submetido foram anulados, sendo que o segundo está em fase de recurso. O médico deixou a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) no final da tarde de sexta-feira.
Em março, Boldrini foi condenado pela segunda vez, a 31 anos e oito meses de prisão por homicídio quatro vezes qualificado (motivo torpe, motivo fútil, dissimulação e emprego de veneno) e falsidade ideológica. Em 14 de abril, ele entrou com um pedido de anulação do julgamento, alegando que um dos jurados teria violado o princípio da imparcialidade ao fazer publicações declarando predisposição a condenar o réu. Independentemente disso, ele tem o direito previsto por lei de progredir ao semiaberto.
De acordo com a legislação, o objetivo é o cumprimento de uma fração da pena, sendo um sexto dela para crimes comuns e dois quintos para crimes hediondos, quando há qualificadoras. O segundo requisito, que é subjetivo, é o “bom comportamento carcerário”. É feita uma consulta à casa prisional, que envia um relatório, um atestado de conduta carcerária para mostrar se está sendo cumprido. Se o preso não tem nenhum registro negativo, procedimento administrativo, ele vai ter uma ficha criminal positiva e pode progredir de regime.
O caso Bernardo
Em 14 de abril de 2014, aos 11 anos, Bernardo Uglione Boldrini foi encontrado morto, após ter permanecido 10 dias desaparecido. O corpo do menino estava em um matagal, dentro de um saco, enterrado na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. Bernardo morava com o pai, a madrasta e uma meia-irmã, de um ano, no município de Três Passos. O pai chegou a afirmar que o garoto havia retornado com Graciele de uma viagem a Frederico Westphalen, no dia 4, quando teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo.
Após os 10 dias de investigações, foram presos o pai, a madrasta e uma amiga dela. Em 10 de maio foi preso o irmão da amiga. Dos quatro condenados, somente Graciele e Leandro Boldrini seguem no regime fechado. Edelvânia Wirganovicz, que foi sentenciada a 22 anos e 10 meses de prisão, cumpre pena no regime semiaberto no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre. O irmão dela, Evandro Wirganovicz, condenado a nove anos e seis meses em regime semiaberto, está atualmente em liberdade condicional.
As regras que Leandro Boldrini terá que seguir
Não poderá se afastar de sua residência no período compreendido entre 20h e 6h;
A zona de inclusão do monitoramento eletrônico será na cidade onde o apenado reside, abrangendo inclusive os trajetos de ida e volta entre residência e local de trabalho;
Os dias de saídas temporárias serão informados pelo apenado antecipadamente a Susepe;
Atender aos contatos do funcionário responsável pelo monitoramento eletrônico e cumprir suas orientações.
Entrar em contato com a Divisão de Monitoramento Eletrônico caso perceba defeito ou falha no equipamento.
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