A 57 quilômetros da movimentada Porto Alegre, a natureza exibe um reduto no Parque Estadual de Itapuã, em Viamão. Entre dois grandes corpos d’água que se abraçam, o lugar proporciona uma visão contemplativa. Santuário de belezas naturais, o local também guarda vestígios de importantes fatos históricos, como episódios da Revolução Farroupilha. Com um cenário exuberante e inspirador, o parque completa 50 anos nesta sexta-feira (14/7), celebrando o valor da preservação ambiental e do patrimônio histórico do Rio Grande do Sul.
No local, se encontram o Lago Guaíba e a Laguna dos Patos. A composição abarca ainda lagoas internas, destacando-se a Negra. As águas que banham a reserva são como um mar doce dentro do território gaúcho. Ao fundo, a imensidão das águas toca o céu pincelando diferentes tons de azul e, na caminhada pela praia, as belezas são tão numerosas quanto os grãos de areia.
O parque foi instituído em 14 de julho de 1973, por meio de decreto estadual. Com uma área de mais de 5,5 mil hectares, além das praias e dunas, a paisagem combina ilhas, morros, costões rochosos, lagoas e banhados, que se ajustam em harmonia. O espaço agrega ainda trilhas ecológicas e sítios arqueológicos.
“O Parque Estadual de Itapuã é ímpar porque tem uma variedade de ecossistemas, com uma fauna e flora bastante diversificadas. Ele abriga um mosaico com os mais variados ambientes, onde encontramos uma transição entre os biomas Pampa e Mata Atlântica, o que permite a existência de muitas espécies. O parque é muito completo porque, além dessa biodiversidade, conta um pouco da história do Rio Grande do Sul”, explicou a gestora da unidade, a bióloga Dayse Rocha.
Em comemoração ao aniversário do parque, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) promoverá o ingresso solidário. Na entrada da unidade, o pagamento em dinheiro será substituído pela doação de 1 quilo de alimento não perecível. A ação ocorrerá durante todo o fim de semana, desta sexta-feira até domingo (16/7). As arrecadações serão destinadas a aldeias indígenas localizadas nos arredores do parque.
As praias são o principal atrativo do local, mas o número de ingressantes é limitado, a fim de garantir a preservação ambiental. Duas estão abertas à visitação: as praias das Pombas e da Pedreira. Além disso, há quatro trilhas ecológicas disponíveis: da Onça, da Visão, da Fortaleza e do Araçá, que proporcionam passeios com vistas deslumbrantes. O acesso às trilhas precisa ser agendado e ocorre com o acompanhamento de guias autônomos credenciados pelo parque.
Unidade de conservação
O Parque Estadual de Itapuã é uma das 24 unidades de conservação instituídas pelo governo gaúcho. “Na fauna, temos o bugio-ruivo, a lontra, a capivara e vários felinos, como o puma – que retornou ao Itapuã –, a onça-parda, o gato-maracajá, a jaguatirica e o gato-palheiro”, exemplificou Dayse.
Além de abrigar sítios arqueológicos dos povos indígenas, a área foi palco de importantes fatos da história do Rio Grande do Sul, como eventos da Revolução Farroupilha e da instalação dos imigrantes açorianos que fundaram Porto Alegre.
Os farrapos construíram no local o Forte de Itapuã, um morro de onde tentavam impedir o acesso das tropas imperiais a Porto Alegre, bloqueando a passagem de suas embarcações. Nessa elevação, ainda existem vestígios das trincheiras onde os farrapos instalavam suas baterias de fogo. Barcos foram abatidos no Guaíba. Pesquisas desenvolvidas na área do parque permitiram a localização de alguns submersos.
“Nesse morro, aconteceu o cerco à cidade de Porto Alegre. O local é cheio de trincheiras. No Centro de Visitantes do parque, há um minimuseu, onde estão expostos artefatos da Revolução Farroupilha”, assinalou a gestora. Dentre os itens apresentados no museu, há pontas de lança, punhais, balas de garrucha e ferraduras utilizadas nos embates.
Fechamento temporário
No início de sua trajetória, o espaço enfrentou problemas como a ocupação irregular e queimadas. Em 1973, quando o parque foi criado, havia quase 900 casas no local, e o processo de desapropriação das terras levou cerca de duas décadas.
Em 1991, devido à ocorrência de vários incêndios, o parque foi fechado temporariamente à visitação, a fim de propiciar a recuperação de seus ecossistemas e estruturação administrativa. Naquele ano, determinou-se também a elaboração do plano de manejo do parque. Os ambientalistas compreenderam que a natureza precisava de um tempo para se recuperar, e o local só foi reaberto em 2002, após ter ficado fechado por mais de dez anos.
Hoje, perfazendo meio século de existência, o parque está vivo e disponível, não apenas na memória dos gaúchos, como também nas oportunidades que se abrem às novas gerações. A população pode acessar o parque, contemplar os desenhos caprichosos da natureza, andar pelos caminhos percorridos pela história e conhecer e respeitar a importância dessa unidade de conservação.
Atualmente, as visitações ocorrem de quarta-feira a domingo, e o horário de permanência dentro do parque é das 9h às 19h. O valor do ingresso por visitante é de R$ 21,65, apenas em dinheiro, e a venda ocorre na entrada, das 9h às 12h e das 13h às 17h. A meia-entrada, no valor de R$ 10,83, é garantida a doadores de sangue com comprovante, estudantes com documento oficial, pessoas com deficiência, idosos acima de 60 anos e crianças de dois a 12 anos. Crianças com até dois anos são isentas do pagamento.
Informações sobre o parque e agendamento de guias
WhatsApp: (51) 98445-7745
E-mail: [email protected]
Texto: Juliana Dias/Secom
Edição: Vitor Necchi/Secom
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