Ano após ano o problema se repete. A falta de monitores para alunos com deficiência tem significativa reincidência, porém, neste ano, tornou-se ainda mais agravante, pois em pleno mês de julho a situação ainda não foi normalizada. Na Escola Municipal Noely Clemente de Rossi, no bairro Santa Marta, crianças e adolescentes com deficiência ficaram durante períodos significados de tempo sem ir à escola por conta da falta de monitores.
É o caso de Otávio Galvan Di Domenico, de 14 anos e dos gêmeos Benjamin e Joaquim de Mari, de 7 anos, os quais têm paralisia cerebral. Segundo as mães, Cassiane Galvan Di Domenico e Adriana de Mari, os alunos tiveram que revezar uma monitora durante a semana. Ou seja, em dois dias, Otávio conseguia ir para a escola e, nos outros três, Benjamim e Joaquim se faziam presentes. Na semana seguida, os dias se invertiam.
No entanto, por diversas vezes, os alunos tiveram que ficar em casa por conta da falta do monitor na escola. Além disso, durante o ano, houve diversas trocas de monitores, o que também impacta diretamente na educação desses jovens com deficiência.
"Meu filho tem 14 anos, e são 14 anos que vivencio a mesma situação. Começou o ano em fevereiro sem monitor, e ele não foi para a escola. Um monitor veio em abril ou maio, mas ele fica uns dias e depois não aparece mais e nossas crianças acabam por ficar em casa", comenta Cassiane. "Não posso me programar. Todo dia é uma surpresa. Hoje ele foi para a escola, amanhã não sei se ele vai", complementa Adriane.
Conforme Cassiane, a situação se agravou significativamente em 2023. Anteriormente, se não havia a monitora na escola, alguém ficava com o seu filho. Hoje a instituição liga pedindo para buscá-lo, uma vez que não há pessoas para cuidá-lo. "Esse ano está um descaso, e não é só nossos filhos. Está faltando monitor, está faltando professor. A SMED largou de mão", pondera.
A mãe de Joaquim e do Benjamim explica que o Benjamim sequer vai para a escola, pois não há monitor. Joaquim, por sua vez, vai, no máximo, duas vezes por semana. "Se faltar monitora a secretaria tem que conseguir uma outra para substituir. É o dever da criança ir para a escola. Ele acorda dizendo que quer ir muito para a escola, mas daqui a pouco vem a mensagem da diretoria dizendo que não tem monitora. Como é que você explica para a criança essa situação?", ressalta.
Além da falta de monitores, as mães relatam a falta de preparo e da expressiva rotatividade de profissionais para supervisionar os seus filhos na instituição de ensino. "O salário para monitora é uma vergonha, e as pessoas não têm mais comprometimento. Elas se inscrevem para o cargo, mas não tem noção do que é, e a secretaria não explica e pouco prepara essas pessoas para tal função", destaca Cassiane.
Conforme a secretária municipal de Educação, Adriane Zorzi, há a falta de um profissional na escola. "Já está sendo resolvida a situação nas próximas semanas pela Secretaria da Educação", comenta.
Ao ser questionada pelo grande número de trocas de monitores durante o ano letivo, Adriane explicou somente que há uma rotatividade grande destes profissionais nas escolas. A secretária também destaca que os profissionais recebem capacitação da SMED para assumir a função.