O Movimento pela Educação, promovido pela Assembleia Legislativa para discutir alternativas com o propósito de melhorar o ensino gaúcho, realizou o seu quarto encontro, nesta sexta-feira, 30 de junho, em Bento Gonçalves. O evento reuniu lideranças políticas e sociais da região da Serra, além de autoridades estaduais como o vice-governador Gabriel Souza, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Alexandre Postal, e o presidente do parlamento, deputado Vilmar Zanchin (MDB). A deputada Eliane Bayer (Republicanos) e os deputados Guilherme Pasin (PP) e Carlos Búrigo participaram do encontro.
O Painel Educação para o Desenvolvimento, mediado pelo jornalista Túlio Milman, deu inícios aos debates. Em formato de bate-papo, o diretor do Conselho de Administração da Tramontina, Clóvis Tramontina, a secretária de Educação de São Francisco de Paula, Ana Paula Bennemann, e o coordenador executivo do Pacto pela Educação RS, Leandro Duarte Moreira, analisaram o cenário atual e apontaram caminhos para enfrentar gargalos e promover avanços, que permitam a melhoria dos indicadores na educação.
A necessidade de fortalecimento do ensino profissionalizante foi um dos aspectos abordados pelos painelistas. Clóvis Tramontina afirmou que há um apagão de mão-de-obra e que disciplinas como Matemática, Português e Ciências devem ser priorizadas, assim como o ensino técnico. Ele defendeu também a valorização dos professores que estão em sala de aula e, ao responder a uma questão apresentada pelo mediador, disse que, se pudesse apresentar um projeto de lei na área educacional, seria a instituição da meritocracia na carreira do magistério.
Leandro Moreira ressaltou que o ensino profissionalizante pode ser um fator para evitar a evasão numa época em que os estudantes, muitas vezes, são forçados a sair da escola para ingressar no mercado. “No mercado digital e tecnológico, há vagas sobrando. O que temos que ver é se os professores estão preparados e os alunos querem. Neste sentido, as empresas podem desempenhar um papel fundamental, estimulando este caminho e colaborando para devolver propósito à escola”, apontou.
Defensor da educação baseada em evidências, o coordenador do Pacto pela Educação disse ainda que as experiências exitosas devem ser replicadas. Deu como exemplo o caso da Escola Municipal Adolfina Diefenthäler, de Novo Hamburgo, que adotou um modelo de governança colaborativa entre pais, professores e alunos, que favorece as relações humanas e o desenvolvimento de habilidades cada vez mais solicitadas no mercado de trabalho, como a capacidade de dialogar e resolver conflitos. “O modelo não tem custo financeiro e é baseado na inovação, com reuniões semanais entre os segmentos envolvidos”, revelou.
Já a secretária de Educação de São Francisco de Paula, Ana Paula Bennemann, defendeu uma política de formação de novos professores, argumentando que, em 2040, haverá um apagão nas disciplinas de Biologia, Química, História e Matemática. “Hoje, já enfrentamos a falta nestas e em outras áreas também”, apontou.
Ao analisar a educação em tempo integral, ela alertou que não basta aumentar o número de horas dos alunos na escola, se não houver avanço na qualidade de ensino, e defendeu aliar a educação às potencialidades regionais. Por fim, alertou para a necessidade de “desemparedar as escolas, possibilitando que a educação aconteça com qualidade em qualquer ambiente”.
Debate
Após o painel, foi a vez da palestra sobre a carreira docente e a formação continuada, com o coordenador geral do Movimento Profissão Docente e ex-secretário de Educação do Espírito Santo, Haroldo Rocha. O evento foi encerrado com uma audiência pública sobre Desenvolvimento Regional.
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