Seu Pet Causa animal
Burocracia no atendimento do Bento PET provoca morte de animal
Voluntária denuncia que cachorro foi atropelado no bairro Vila Nova e atendimento não foi realizado porque não foi informado o número do Cadúnico do tutor
26/06/2023 15h55 Atualizada há 1 ano
Por: Renata Oliveira Fonte: NB Notícias
Captura de tela da conversa da voluntária com o serviço do SAMU PET. Crédito: Arquivo pessoal.

Uma grave denúncia de uma voluntária da Causa Animal de Bento Gonçalves pode abalar as estruturas do departamento do Bento-PET. Segundo as informações da cidadã, o serviço do SAMU PET se recusou a atender um atropelamento de um cachorro no bairro Vila Nova enquanto não fosse informado o número do CadÚnico do dono do animal e o mesmo morreu devido a gravidade dos ferimentos. 

Conforme as informações da voluntária da Causa Animal em Bento Gonçalves há 21 anos, Aline Cris Ambrosi, na última quinta-feira, 22 de junho, ela solicitou o atendimento do SAMU PET depois que ligaram para ela avisando do atropelamento de um cachorro no bairro Vila Nova e ela não tinha como ir ajudar. Em contato com o WhatsApp do serviço, foi respondido que não poderiam atender a ocorrência enquanto não tivessem o número do CADÚnico do dono do animal. Com a falta de resgate, o cachorro acabou falecendo devido a gravidade dos ferimentos. 

Abaixo segue as capturas de tela da conversa:

Continua após a publicidade

Continua após a publicidade

A voluntária destaca que uma vizinha tentou o contato com o SAMU PET antes de ligar para ela, mas o atendimento do serviço exigiu fotos, vídeos e o número do CadÚnico do dono do animal. "Foi chamado o SAMU PET logo que o carro atropelou o cachorro, ele estava vivo, mas ficaram pedindo vídeo, foto, e o número do CadÚnico, mas o dono não tinha como subir até o CRAS para pegar o documento para salvar o cachorro, não daria tempo. Se eles tivessem vindo na hora que ligamos, ele tinha sobrevivido," diz a vizinha. 

Aline coloca que conhecia o dono do animal e que ele é sim cadastrado no benefício, mas que na hora não tinha o documento, pois não tem uma residência fixa. "Conheço o pessoal do bairro, pois levo ração toda hora lá, inclusive para esse homem, e foi por isso que ele entrou em contato comigo na hora do atropelamento, pois a vizinha não estava conseguindo fazer com que a ambulância fosse até o local. Como eu estava no trabalho, pedi para as gurias do SAMU PET irem resgatá-lo, disse até que eu assumia o caso, mas enquanto eu não desse o número do CadÚnico dele, eles não iriam, só que não dava tempo dele ir até o CRAS pegar isso, pois nem casa ele tem. Como a vizinha disse, o cachorro estava vivo na hora da ligação, não vou dar certeza de que se eles tivessem ido o animal teria sobrevivido, mas havia grandes chances de salvá-lo," destaca a voluntária. 

Porém, essa situação não é isolada, várias voluntárias da Causa já vem reclamando sobre o atendimento do programa depois das mudanças anunciadas no mês de maio. "A gente (voluntárias) acha que esse protocolo delas não ajuda em nada, é totalmente inviável, parece que fazem para dificultar, só que é engraçado que logo após a polêmica dos gatos do bairro Conceição, lá no início de 2022, fomos colocadas em um pedestal e depois da reunião que fizeram para nos informar que esse ano as castrações seriam apenas para pessoas e famílias com CadÚnico, tudo ficou muito complicado, pois dificultou totalmente o acesso das famílias pra quem a gente doa os animais, pois é muito raro doarmos pra quem tem esse cadastro. Nessa reunião eles falaram que nós, voluntárias, teríamos uma certa prioridade no envio das castrações e tal, mas acabou que cada vez mais o que temos são só empecilho e nada de apoio," desabafa Aline. 

A voluntária também explica que essa situação foi um estopim para tudo que vem acontecendo. "A minha maior revolta foi que eu falei para as gurias (do SAMU PET) que eu sabia a situação do dono, elas me conhecem, eu iria atrás do CadÚnico depois, que a prioridade era salvar o animal, mas mesmo assim não foram. Parece que a gente só serve para ser lar temporário dos animais quando eles precisam, fiquei muito indignada," revela Aline.