O “felizes para sempre” de Douglas Gomes Lara, 41 anos, caminhoneiro, e Alessandra Sasso dos Santos, 30 anos, bancária, começou de uma forma não muito tradicional. Eles resolveram se casar em um hospital após o caminhoneiro acordar do coma na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), e pedir Alessandra em casamento. A celebração foi realizada na terça, 06 de junho, no Hospital Divina Providência, em Porto Alegre. A reportagem é da jornalista Júlia Fernandes, do Portal G1 RS.
Douglas foi baleado quatro vezes durante uma tentativa de assalto no dia 22 de abril. Ele foi levado ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) e passou por cirurgia. Após o procedimento, o rapaz ficou em coma induzido e intubado por 15 dias. Com a situação de saúde delicada, chegou a perder um rim. Durante esse tempo, Alessandra não saiu do lado do companheiro. Todos os dias, independente de encontrar Douglas acordado ou não, ela o visitava. “Ela pediu para se afastar do serviço por um tempo, pois ela queria ficar do meu lado”, conta Douglas, emocionado.
Quando o rapaz acordou, Alessandra comentou que não tinha mais vontade de morar em Porto Alegre, em razão da violência. A bancária tem uma filha de 12 anos e as duas vieram do interior do Rio Grande do Sul, há alguns anos, em busca de uma vida melhor. De acordo com Douglas, Alessandra acreditava que ele não iria querer sair da Capital com ela e a filha. “Eu disse para ela que já estávamos juntos e que ela era minha mulher. Ela esteve comigo nas horas boas e nas horas ruins e para provar isso, eu a pediria em casamento. Aí eu pedi”, diz ele.
De acordo com a noiva, Douglas mal conseguia falar na época, devido a uma traqueostomia. “Não tinha mais como esperar, eu ia pedir independente do meu estado”, brinca o noivo.
O casal namora há sete anos. Os dois e a filha de Alessandra já moram todos juntos. Em razão da situação financeira, não tinham como realizar um casamento. Ambos se conheceram quando Douglas era motorista da lotação que a bancária pegava para ir a faculdade. “Parece história de filme, né?”, comenta o noivo.
Em maio, Douglas foi transferido para o Hospital Divina Providência. No centro de saúde, o casal encontrou uma enfermeira que se identificou com a história deles e resolveu ajudar os noivos. A equipe do hospital se reuniu e resolveu fazer uma cerimônia para celebrar a união dos dois. Mesmo não sendo oficial, o casamento teve direito a bolo, decoração, espumante sem álcool e alianças. Toda celebração foi realizada pela equipe da instituição.
A família dos noivos não conseguiu estar presente, devido ao controle de infecções no hospital, mas os demais pacientes, equipe médica, enfermeiros e colaboradores garantiram que o momento fosse especial. “Eu fiquei muito emocionado e muito grato pelo que fizeram pela gente. Eu não poderia ter uma comemoração mais emocionante do que essa”, comenta o caminhoneiro.
Douglas ainda tem uma cirurgia para realizar no braço, por isso não tem previsão de alta. Apesar de não ter uma data certa, assim que ele estiver liberado, o casal pretende oficializar a união no civil.
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