Desde os 25 anos, a moradora de Bento Gonçalves, Viviane Sobieski Rodrigues, sofre com problemas de saúde e agora, com 46 anos, está em um estado gravíssimo onde desenvolveu uma úlcera crônica externa em uma das pernas que precisa ser tratada imediatamente, mas não está recebendo a atenção adequado devido a falta de verbas tanto do Estado quanto do Município.
Viviane Sobieski Rodrigues, de 46 anos, é casada, tem um filho, é moradora de Bento Gonçalves há mais de 30 anos e sofre de problemas de saúde desde os 25, quando desenvolveu problemas na tireoide e obesidade. Aproximadamente sete anos depois deste diagnóstico, sofreu um acidente onde feriu uma das pernas, na qual surgiu uma úlcera crônica externa. "Ela sofreu um acidente no qual caiu, furou uma das veias da perna direita e a situação foi só se agravando, na verdade nunca teve melhora, só piorava a ferida na perna, porque nunca teve alguém especializado no caso para realizar um tratamento adequado," conta um dos irmãos de Viviane, Roberto Fernando Rodrigues, de 48 anos.
Roberto destaca que todo o diagnóstico da irmã foi realizado em Bento Gonçalves e os tratamentos e exames nas cidades da região como Carlos Barbosa, Garibaldi, Caxias do Sul e na capital, Porto Alegre, porém, desde 2017 - quando sofreu o acidente e feriu a perna - está recebendo apenas tratamentos paliativos para dor e atualmente, está há mais de 20 dias na Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) aguardando um leito no Hospital Tacchini. "Toda a vez que levamos ela para o médico ela é tratada somente com soro, curativos e remédios para tentar eliminar a infecção na ferida. No momento, está internada na UPA, aguardando um leito no Tacchini a mais de 20 dias e alegam (o município) que não possuem recursos para resolver situação dela," destaca o irmão.
O irmão revela que o estado de saúde de Viviane está grave. "O estado dela está crítico ao extremo porque a ferida aumentou excessivamente e está infeccionada, agravando ainda mais os problemas de saúde dela, como varizes, diabetes e colesterol," afirma Roberto.
Ademais, Viviane perdeu o auxílio doença e a família passa dificuldades para manter o tratamento. Segundo Roberto, até hoje ainda não entenderam muito bem o motivo dela ter perdido o benefício. "Não possuímos rede de apoio, apenas a família que vai se revezando. Precisaríamos que ela recebesse algum valor, pois gastamos muito com remédios e curativos e nossos recursos são poucos, mas infelizmente o auxílio doença dela foi tirado com a alegação de que receberam uma denúncia que tinha mais de uma pessoa trabalhando na casa, sendo que meu cunhado recebe apenas um salário mínimo. Até hoje não entendemos muito bem o que aconteceu, a perícia veio aqui esses dias e negou novamente, não sabemos mais o que fazer," desabafa Roberto.
Para que Viviane consiga melhorar, ela precisa realizar uma cirurgia bariátrica, mas enquanto não curar a sua perna, isso não será possível. Com isso, a psicóloga de Viviane, Beatriz Fontanella, foi como representante da família até a Câmara de Vereadores durante a audiência pública do setor da saúde realizada na última segunda-feira, 29, e expôs o sofrimento da paciente e da família que aguarda a anos um atendimento adequado. "Acompanho a anos essa paciente realizando atendimento domiciliar, ela me liga reclamando de dores e por muitas vezes já fui até a UPA com ela, mas os médicos dizem que não tem muito o que fazer, que ela precisa ser encaminhada para um hospital especializado, mas ela fica sendo jogado de um lado para o outro e nada se resolve. Além disso, ela é atendida em Caxias com uma nutricionista, pois ela precisa fazer a cirurgia bariátrica, porém ela não tem condições financeiras de ficar se locomovendo toda a semana," comenta Beatriz.
O vereador Anderson Zanella (PP), que estava conduzindo a audiência, orientou que Beatriz e a família precisavam entrar na Justiça para conseguir o recurso do Estado. "Me coloco a disposição para lhe ajudar Beatriz, mas o caminho é a Defensoria Pública, o que precisa ser feito é ingressar na Justiça e obrigar o Estado a fazer a internação dela pela gravidade," explica Zanella.
O que diz a Secretaria de Saúde de Bento Gonçalves
O Secretário de Saúde, Gilberto Júnior, que também estava presente na audiência, se pronunciou oferecendo o transporte à Caxias do Sul. "Eu sou sempre muito solicito, sempre tento ajudar, não é por falta de veículo que não vamos prestar esse atendimento. Podemos sim organizar um transporte para a paciente à Caxias do Sul," destaca Júnior.
E após a finalização da sessão, a reportagem do NB questionou o Secretário de o por quê Viviane ainda não ter sido encaminhada para um hospital especializado. "Essa paciente, que já vem com essa patologia a algum tempo, já vem tendo atendimento das nossas unidades e vem regredindo no quadro. Precisamos ressaltar que quando vemos a imagem nos assustamos pela complexidade, só que essa paciente não desenvolveu essa doença no decorrer da Unidade de Pronto Atendimento. Ela recebeu esse encaminhamento quando ela tinha essa úlcera e está aguardando o atendimento vascular, ou seja, a gente entra na fila de espera do Estado e dependemos dessa liberação para conseguirmos transferi-la. Então, o município só não encaminhou, pois ainda não tem o leito clínico. Nos temos dificuldades de encaminhar pacientes para suas referências, mas estamos conseguindo absorver essas pessoas nos nosso leitos de internação, pois foi feito um trabalho lá trás, estamos qualificando a nossa mão de obra e temos médicos especialistas que fazem toda a parte de observação," completa Gilberto.