A sessão da Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves desta segunda-feira, 29, foi marcada por manifestações contrárias de populares de um lado e de celebrações do outro devido os projetos apresentados. Todas as matérias foram aprovadas, mas uma delas causou discordâncias entre os parlamentares.
O projeto de lei nº 40/2023 de autoria do vereador Duda Pompermayer (PP) que tem como finalidade disponibilizar atendimento psicossocial, através de psicólogo e assistente social de forma voluntária, nas escolas da rede pública de Bento Gonçalves foi alvo de muitas discussões entre os parlamentares e recebeu notas de repúdio do Conselho Regional de Serviço Social do Rio Grande do Sul (CRESS 10ª Região), do Conselho Regional de Psicologia do RS e do Diretório Acadêmico UCS/CARVI – Psicologia.
O projeto já tinha passado pela Câmara de Vereadores no dia 22 de maio, mas foi retirado da votação a pedido do vereador Agostinho Petroli (MDB) pela discordância entre os membros da Comissão de Finanças, Orçamento e Contas Públicas, mas na segunda avaliação, o relator da vez, Edson Biasi (PP) também concedeu o parecer favorável e por isso a PL voltou para o Plenário nesta segunda-feira, 29. Além disso, o setor técnico-jurídico da Câmara de Vereadores considerou o projeto desfavorável e com vício de iniciativa.
Durante a discussão do projeto na sessão, os vereadores Agostinho Petroli, Rafael L. Fantin – o Dentinho (PSD), José Gava (PDT) e Idasir dos Santos (MDB) se manifestaram contra o projeto, sendo que Ari Pelicioli (CIDADANIA) solicitou um pedido de vistas, mas que foi rejeitado pela maioria, então o PL voltou para votação.
Em seus momentos de fala, os parlamentares contrários a PL comentaram que acham o objetivo do projeto necessário, mas acreditam que esse serviço deve ser oferecido através de concursos públicos e profissionais remunerados; citaram a Lei Federal 13.935/2019 que já garante esse atendimento psicossocial nas escolas, mas que ainda não foi colocado em prática; questionaram como que os voluntários, principalmente estagiários das Universidades, seriam monitorados e até onde o trabalho deles poderia ser feito, dado que poderia envolver pais de alunos, etc.
Anderson Zanella (PP) rebateu os colegas, alegando que quem deveria fazer a regulamentação da lei era o Executivo. “Todas essas regulamentações devem ser feitas pelo Executivo e não Legislativo. É por óbvio que com essa matéria não vamos substituir os psicólogos e assistentes sociais das escolas e nem deixar de chamar os concursados para seus postos da profissão para qual estudaram para isso,” destaca Zanella.
Duda Pompermayer (PP) também explicou o seu projeto. “Esse projeto já está a mais de um mês tramitando pela casa e só essa semana que veio gerar um barulho. Como costumo dizer, a minha preocupação aqui tem sido a grande dificuldade das escolas de lidar com problemas psicossociais, principalmente tendo em vista os atentados que estão cada vez se aproximando de nós aqui no Brasil. É uma demanda de muito tempo e que não estava sendo atendida, então por isso propus o projeto para que seja aberto a presença de voluntários ligados a Academia. Nós precisamos da presença desses profissionais nas escolas, como outras cidades do país já fazem dessa forma,” esclarece Pompermayer.
O projeto foi aprovado por maioria dos votos, sendo os a favor:
• Edson Biasi (PP)
• Jocelito Tonietto (PSDB)
• Anderson Zanella (PP)
• Valdemir Marini (PP)
• Ivar Castagnetti (PDT)
• Thiago Fabris (PP)
• Luiz Gromowski (PP)
• Sidinei da Silva (PSDB)
• Duda Pompermayer (PP)
E contra:
• Agostinho Petroli (MDB)
• José Gava (PDT)
• Rafael L. Fantin (PSD)
• Marcos Barbosa (REPUBLICANOS)
• Paco (PTB)
• Idasir dos Santos (MDB)
• Ari Pelicioli (CIDADANIA)
O que dizem os representantes dos Conselhos de Psicologia e Serviço Social regionais
Após a votação, os profissionais, estudantes e representantes dos Conselhos de Psicologia e Assistência Social que estavam presentes na sessão, se manifestaram virando de costas ao Plenário e se retirando.
A colaboradora do Conselho Regional de Psicologia do RS - Regional (CRP-RS), Daniela Duarte Dias, comenta que não aceitarão a decisão. “Nosso primeiro movimento será nos unir com o Conselho Regional de Serviço Social do RS da região, Sindicatos de Psicólogos e do município de Bento, porque no projeto também fala do voluntariado do próprio servidor, para tentar fazer com que a matéria seja vetada. Há várias irregularidades nesse projeto e um desrespeito com as duas profissões e aos usuários, como se o público da escola pública merecesse qualquer pessoa ou qualquer trabalho,” destaca Dias.
O representante do Conselho Regional de Serviço Social do Rio Grande do Sul (CRESS 10ª Região), Ederson Dal Magro, também se manifestou. “Estaremos buscando junto ao Prefeito Municipal o veto desse projeto e assim, terá uma audiência pública para que ambas as categorias discutam a matéria. Queremos que seja feito um novo projeto com servidores concursados, com um trabalho continuado e não voluntário (que vai quando quer ou quando pode). Achamos importante ter assistentes sociais e psicólogos nas escolas, só que não dessa forma,” conclui Dal Magro.
O que diz o autor do projeto
A reportagem do NB Notícias entrevistou o vereador Duda Pompermayer que comentou sobre as manifestações e seus objetivos com o projeto. “Já venho falando sobre o assunto há três anos. Acho importante esse vínculo do Município com os Centro Universitários que formam psicólogos e assistentes sociais. A reação de alguns foi de que com esse projeto os profissionais seriam substituídos e não é isso, nunca sugeri isso, é na verdade uma oportunidade para aqueles que querem atuar na área de estágios ou para aqueles que querem se qualificar. Eu mesmo como professor precisei fazer isso, mas reforçando: é apenas para aqueles que quiserem. O objetivo é abrir caminho para as escolas,” explica Pompermayer.
O vereador conta que tentou conversar com os representantes antes da sessão, mas sem sucesso. “Conversei com eles ontem para expor a minha visão do projeto, mas houve muita resistência. Eles entendem que desvaloriza o trabalho deles e eu compreendo, mas vejo a ideia como uma forma de extensão para que os estudantes e profissionais consigam aprimorar suas formações e ao mesmo tempo, dar espaço para as escolas conseguirem esse serviço,” afirma Duda.
O parlamentar também revela que conversou com o Executivo antes da votação do projeto, mas entende que muitos não sabem como funciona o processo. “Tive uma primeira conversa com Executivo, antes da aprovação do projeto, sobre a sua regulamentação. Às vezes, as pessoas não sabem como funciona, mas quem tem que regularizar, definir como a Lei vai funcionar é o Executivo, não o Legislativo, então é eles que irão organizar como, quem e quando o Projeto será aplicado na prática. Agora é preciso aguardar o posicionamento da Prefeitura,” finaliza Pompermayer.
Outros três projetos foram aprovados por unanimidade de votos
Liberação de abertura de crédito de R$ 392.934,00 à Secretária de Desenvolvimento na Agricultura para Iluminação Pública do interior, sendo o deslocamento de postes nas obras do Trechos 03 e 04 no Distrito de Faria Lemos
Alteração da legislação municipal que trata do Regime Próprio de Previdência Social, mais especificamente na contribuição suplementar dos profissionais da educação, com o objetivo de reduzir o déficit atuarial.
Moção de aplauso a jovem Isadora Biesek Castellani, pela conquista do título de 2ª Prenda Juvenil do Estado do Rio Grande do Sul.
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