Região Deu Ruim
Acusado de mandar agredir jornalista em Garibaldi é nomeado coordenador no Governo do Estado
Micael Carissimi foi indiciado pela Polícia Civil pela agressão ao jornalista Daniel Carniel em 2022. Ele também foi indiciado pela Polícia Federal.
26/05/2023 15h45
Por: Marcelo Dargelio
Micael Carissimi (de óculos) foi apresentado pela secretária de Inovação do RS, Simone Stülp - Foto:

Micael Carissimi, de 35 anos, o homem acusado pela Polícia Civil de ser o mandante da agressão ao jornalista Daniel Carniel, na cidade de Garibaldi em janeiro de 2022, vinha sendo "premiado" pelo Governo do Estado com a ocupação de cargos com bons salários nos últimos anos. Apesar deste indiciamento, além de outro feito pela Polícia Federal, ele recebeu nomeações consecutivas, que vieram à tona em uma reportagem feita pelo jornalista investigativo do Grupo RBS, Giovani Grizotti. Carissimi deve ser exonerado do cargo ainda nesta sexta-feira, 26 de maio.

De acordo com a reportagem de Grizotti, Micael Carissimi vinha passando por cargos governamentais mesmo tendo sido indiciado pela Polícia Civil e pela Polícia Federal. Após seu indiciamento pela Polícia Civil de Garibaldi, em fevereiro de 2022, Carissimi foi exonerado do cargo de assessor na Assembleia Legislativa. Ele é acusado de ter sido o responsável pelo pagamento de R$ 1,5 mil para dois homens agredirem o jornalista Daniel Carniel. A agressão ocorreu no dia 14 de janeiro de 2022, quando Carniel entrava no prédio do Portal Adesso, em Garibaldi, para apresentar o seu programa Prato Limpo, conhecido por fazer denúncias de problemas ocorridos no município.

Porém, como é afilhado político do ex-prefeito de Garibaldi, Antonio Cettolin, ele não ficou desempregado muito tempo. Ele seguiu passeando por cargos governamentais, sendo nomeado para o cargo de assessor especial da Secretaria de Administração Penitenciária, com salário de R$ 18.637,10. Ele seguiu neste cargo até o dia 17 de março de 2023. No dia 5 de maio, Carissimi foi anunciado no cargo de coordenador da assessoria de gabinete da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação pela secretária da pasta, Simone Stülp, em publicação nas redes sociais. O salário bruto para o cargo de comissário superior será de R$ 14.449,00.

A repercussão do caso nas grandes redes de notícias deve provocar a exoneração de Micael Carissimi mais uma vez. A informação que chega de Porto Alegre é que ele será exonerado do cargo ainda na sexta-feira, 26. A ordem é evitar um desgaste desnecessário do governo de Eduardo Leite com um caso isolado, abafando rapidamente a repercussão do fato.

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Carissimi também foi indiciado pela Polícia Federal

Além do caso de agressão ao jornalista Daniel Carniel, Micael Carissimi também tem um indiciamento pela Polícia Federal. Ele foi um dos alvos da Operação "Caementa" que apura suspeita da fraude em licitações quando era secretário municipal de Obras de Garibaldi. Carissimi foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva e por supostamente integrar organização criminosa.

Em operação realizada em novembro de 2018 pelos agentes federais, foram encontrados R$ 10 mil em dinheiro no carro do então secretário  ainda R$ 162,5 mil na casa dele. "Registre-se que os valores estavam acondicionados em envelopes com a identificação da empresa Concresart Tecnologia em Concretos LTDA", afirma o relatório.

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Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal, o caso segue sob apuração, ainda sem exame do indiciamento pelo Ministério Público Federal. O coordenador da secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação é suspeito de receber pagamentos regulares da usina de concreto.

O que diz a defesa de Micael Carissimi

A defesa de Micael Carissimi declarou que o político não foi denunciado pelo Ministério Público e não é réu "em qualquer processo criminal". Conforme a nota, não há qualquer impedimento ou restrição à "assunção de qualquer cargo público", seja comissionado, efetivo ou eletivo.