As reclamações do transporte público coletivo de Bento Gonçalves são constantes: horários insuficientes, escassez de localidades atendidas e a falta de abrigos para aguardar o ônibus. Isso não apenas nas áreas mais afastadas, mas em praticamente todos os bairros da cidade. Recebendo esses relatos quase que diários, o vereador Rafael Pasqualotto (Progressistas) resolveu viver a realidade de grande parte da população e conversar diretamente com os usuários para ouvir suas considerações e o que pode ser melhorado nesse meio de locomoção tão importante em uma comunidade.
Durante quase dois meses, o vereador Rafael Pasqualotto (Progressistas) realizou 18 viagens com o transporte público de Bento Gonçalves de bairros para o Centro, do Centro para os bairros e do Centro para os Distritos na parte da manhã, tarde e noite para entender como a população está sendo tratada, ouvindo suas opiniões e entendendo o que pode ser melhorado.
De acordo com Pasqualotto, o problema começou após a pandemia, além da falta de um órgão específico para que o cidadão consiga fazer suas reclamações. “Podemos dizer que existe um AP (Antes da Pandemia) e um DP (Depois da Pandemia) quando falamos do transporte público da cidade. Antes era um pouco fácil resolver as questões de falta de horários, atrasos, se o motorista não estava passando no ponto etc, mas após a pandemia aumentou muito as solicitações e reclamações e então que chega o problema. Nós temos três responsáveis pela situação: as concessionárias, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana com um fiscal de contrato totalmente obsoleto, de muito tempo, e temos o Conselho Municipal de Saúde que quase não tem membros. Então, você não sabe para quem recorrer quando quer reclamar do ônibus, pois cada um diz uma coisa diferente,” explica o vereador.
Durante suas viagens, Rafael foi conversando com a população para entender um pouco mais de suas necessidades, sendo que um ponto que ele observou foi que em nenhum momento as pessoas reclamavam dos atrasos, principalmente em dias de chuva, pois compreendem como o trânsito da cidade fica um tanto caótico nesses momentos, mas sim da falta de horários à noite, nos finais de semana e para destinos do interior. “A maior reclamação é a falta dos horários, são muito espaçados e no final do dia, após às 18h, são poucos. Para os distritos é ainda mais complicado, por exemplo, o último ônibus durante a semana para Faria Lemos é às 15h45min, fica quase impossível de trabalhar, estudar ou cumprir algum compromisso na cidade,” comenta Pasqualotto.
Além disso, os moradores reclamaram do valor da passagem. No final de 2022, foi aprovado pela Câmara de Vereadores um subsídio de mais de R$ 2 milhões para as empresas de transporte da cidade, mas para o usuário esse repasse seria de apenas R$ 0,25 e somente para quem tivesse o Cartão Vino, porém o que muitos relataram era que esse “desconto” nem chegou a eles. “Aprovamos esse subsídio de R$ 2,2 milhões, sendo R$ 1,1 milhão para cada empresa, mas por burocracias com a Secretaria de Finanças, eles começaram a receber muito tarde e não foi nem 20% do montante...em resumo: o desconto não chegou no usuário, pois questionamos nas viagens e eles falavam que não sentiram diferença alguma no preço no final do ano passado,” revela o vereador.
Munido com todos esses relatos, Rafael conta quais as ações que planeja sugerir para a melhora do transporte coletivo na cidade e interior. “Vamos sugerir algumas mudanças nos itinerários, mais como um remanejo de horários, pois estão muito espaçados, passa um às 7h e outro só às 8h30min, é preciso ter um 07h45min por exemplo; reforçar essa questão à noite, é preciso ter mais ônibus depois das 20h para a Zona Norte da cidade; oferecer mais horários nos finais de semana. Querem movimentar o turismo no Centro nos sábados e domingos, mas não tem como a população vir até aqui pela escassez dos ônibus; melhorar os abrigos, há muitos bairros que só tem a placa, não tem nenhuma proteção ou nem banco para o cidadão sentar e nesse ponto eu não olho para eu, Rafael, e sim para uma senhora com uma criança no colo e por último, se possível, baratear a passagem com subsídio,” comenta Pasqualotto.
O vereador conversará com o Poder Público e concessionárias para levar esses pontos e assim, melhorar a vida do cidadão bento-gonçalvense. “Vamos sentar e ter uma conversa madura com o Poder Público e concessionárias para entender como podemos minimizar e melhorar essas questões. As pessoas não estão pedindo o impossível e sim, o possível,” finaliza Rafael Pasqualotto.
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