Um morador de Bento Gonçalves está sendo investigado pela Polícia Federal e a Receita Federal na Operação Gauterg, a qual tem como alvo principal uma organização criminosa suspeita de fraude de R$ 4 bilhões em transações com ouro, metais e sucatas. Conforme as investigações, ele seria um “laranja” no esquema e teria movimentado mais de R$ 1 bilhão em compra e venda de ouro, e efetuado movimentações de milhões de reais em contas correntes.
Conforme os delegados da Polícia Federal, Noerci da Silva Melo e Claudino Oliveira, as transações de ouro envolvem diversas empresas investigadas, as quais teriam sido abertas por “laranjas”, porém o morador de Bento investigado é uma das peças chaves para o reconhecimento da origem das operações.
A PF e a Receita Federal realizaram 59 mandados de busca e apreensão e ordens judiciais expedidas pela Justiça Federal para bloqueio de imóveis e contas bancárias, além de apreensão de veículos. Em Bento, foi cumprido um mandado na residência do homem que está sendo investigado, na Rua Maximiliano Tranquilo Bortolini, no bairro São Vendelino.
Conforme o delegado Noerci, o homem que realizou as transações não tem aporte financeiro para tal. “Essas transações de mais de um bilhão de ouro, em tese, foram vendidas para uma pessoa de Bento Gonçalves. O objetivo da busca foi nesse alvo, que adquiriu mais de um bilhão de reais em ouro. Sabemos, desde que foi apresentado pela Receita Federal, que se trata de uma pessoa eu não tem condições financeiras para fazer essas movimentações. Essa pessoa, além dessas notas fiscais de ouro de mais de um bilhão, também teve movimentações de milhões em contas correntes”, explica.
A investigação ainda busca saber se, de tato, houve a venda do ouro. No entanto, há o reconhecimento de que, se houve, trata-se de contrabando. “Um dos enigmas é se houve essa venda de ouro e, se houve, já temos um indício muito grande que esse ouro não tem certificado de origem. A alegação é que seria ouro do Suriname, o que se configura contrabando de ouro”, detalha o delegado.
A Operação Gauterg:
Através de cruzamento de dados e de uso de informações de inteligência, a Receita Federal detectou indícios de que empresas inexistentes (de fachada, conhecidas como NOTEIRAS) emitiram 4 bilhões de reais em notas fiscais falsas destinadas a grupo de empresas que atuam na cadeia de sucatas. Com base nas informações constatadas, a Polícia Federal instaurou inquérito em dezembro de 2021.
As investigações apontaram para a existência de um esquema de emissão de notas fiscais falsas para a obtenção de benefícios fiscais no segmento de metais e sucatas, envolvendo diversas empresas em, pelo menos, quatro Estados. Diversas empresas foram abertas em nome de interpostas pessoas (laranjas), beneficiárias do Auxílio Emergencial, que movimentaram quantias expressivas em contas bancárias.
Além de operações com sucatas, o operador do esquema transacionou bilhões em notas fiscais de ouro. Há suspeitas de que essas transações possam estar relacionadas a crimes de lavagem de dinheiro, extração ilegal de minérios, sonegação de impostos e outros delitos.
Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e de sonegação fiscal.