O programa Sentinela, vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), completa três anos no próximo mês. Desde julho de 2020, quando o Sentinela foi criado, até o início de março de 2023, foram mais de 170 mil quilômetros percorridos, 783 propriedades fiscalizadas, 83.888 bovinos fiscalizados, 918 barreiras realizadas e 9.044 ações de educação sanitária.
Só nos três primeiros meses deste ano, foram quase 10 mil quilômetros percorridos nas diferentes áreas da fronteira, com a fiscalização de 8.402 bovinos, 41 propriedades vistoriadas, 33 barreiras instaladas e 359 ações de educação sanitária.
“O programa Sentinela surgiu da necessidade de adicionarmos mais uma ferramenta de mitigação de risco, em substituição ao uso da vacina de febre aftosa”, afirma o coordenador do programa e diretor-adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Francisco Lopes. “Hoje o programa se tornou muito mais do que isso e é uma referência de ações de fiscalização agropecuária de fronteira para o Estado e para o país.”
A fiscal estadual agropecuária e médica veterinária, Brunele Weber Chaves, explica a rotina de uma equipe do programa. “Sempre tem uma equipe em atuação, patrulhando as áreas de fronteira e fazendo fiscalizações, de trânsito ou em propriedades, a partir de um cronograma prévio definido com apoio das forças policiais”. Brunele participa das atividades desde o início, em 2020, na região de Santa Rosa.
“Nós ficamos em estado de alerta 24 horas por dia. E não são raras as situações em que os trabalhos se estendem pela noite ou se iniciam na madrugada para que possamos atingir os objetivos estabelecidos”, conta o médico veterinário William Augusto Smiderle. Ele participa do Sentinela há três anos, atuando na região de Santana do Livramento.
Os quilômetros percorridos em cada operação são difíceis de precisar, mas podem variar, em sete dias de atividade, de mil a 2,5 mil quilômetros por período. O Sentinela faz o patrulhamento dos 12 mil quilômetros de fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina.
A definição das áreas de vigilância é feita previamente, a partir de um trabalho de análise de redes, com base em dados do Sistema de Defesa Agropecuária (SDA), de acordo com indícios de maior risco sanitário, como pontos de maior circulação de animais e locais de possíveis irregularidades sanitárias.
As diferentes áreas de fronteira
“Na região onde nossa equipe atua rotineiramente, a infração mais comum é de animais criados soltos nos ‘corredores’ das estradas de interior, situação que traz risco de disseminação de doenças entre as propriedades”, afirma William. Também já houve casos de animais trazidos irregularmente dos países vizinhos, situação que resultou em apreensão e abate dos animais.
“Nós registramos a ocorrência de trânsito irregular de animais, sem documentação de trânsito, o que é de alto risco para introdução e disseminação de doenças”, destaca Brunele. “Também documentamos situações de abate clandestino, o que representa um alto risco à saúde da população, devido à falta de procedência dos produtos.” Há, ainda, a entrada de animais argentinos de contrabando, com brinco de identificação do local de origem. “Esses animais, por serem caracterizados como risco sanitário, são encaminhados ao abate em estabelecimentos de inspeção oficial”, ressalta a fiscal.
O programa é reconhecido por sua atuação na vigilância da fronteira gaúcha e pela manutenção do status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, conquistado pelo Rio Grande do Sul em maio de 2021.
Brunele considera a participação no programa Sentinela como um marco em sua atuação profissional como fiscal. “É uma grande oportunidade de conhecer outras realidades, adquirir mais conhecimento, segurança e firmeza na tomada de ações, para que nos tornemos mais atentos frente a situações que antes passavam despercebidas”, afirma. “Aprendemos a usar informações e dados de forma mais inteligente, mais precisa.”
William, que atua como fiscal estadual agropecuário desde 2006, reforça a importância do programa de fiscalização. “Mesmo que muitas situações não sejam diferentes das que enfrentamos diariamente em nosso trabalho, as atividades do Sentinela ganham relevância em função de todos os aspectos envolvidos no combate às ocorrências, que podem ter reflexos em todo o rebanho e, inclusive, na economia do Estado”, destaca.
“Nesses quase três anos de programa, conseguimos evoluir muito a nossa expertise de fiscalização, com o aperfeiçoamento da relação interinstitucional com outros órgãos de fiscalização, segurança e inteligência”, avalia o coordenador Francisco Lopes. “Também alcançamos melhorias nas análises de dados e nos equipamentos de fiscalização, por meio do uso de drones, por exemplo.”
Texto: Maria Alice Lussani/Ascom Seapi
Edição: Secom
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