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Bento-gonçalvense de apenas 13 anos já conquista duas medalhas na Olímpiada Brasileira de Matemática

Em 2021, a jovem estudante da Escola Municipal Vânia Mincarone, Júlia Bertan de Lima, ganhou a medalha de bronze e em 2022, garantiu a tão sonhada medalha de ouro. Além disso, recebeu uma premiação do Estado e uma moção de aplauso da Câmara de Vereadores da cidade.

17/04/2023 às 12h51 Atualizada em 18/04/2023 às 09h28
Por: Renata Oliveira Fonte: NB Notícias
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A medalha de ouro ainda não está em suas mãos, mas enquanto isso, Júlia já coleciona três reconhecimentos pela sua dedicação aos estudos. Crédito: Renata Oliveira/NB
A medalha de ouro ainda não está em suas mãos, mas enquanto isso, Júlia já coleciona três reconhecimentos pela sua dedicação aos estudos. Crédito: Renata Oliveira/NB

“Curiosidade é uma palavra originada do latim curiositas, que significa “desejo por conhecimento” ou “desejo por informação”* e isso a bento-gonçalvense, Júlia Bertan de Lima, tem de sobra. Com apenas 13 anos, a aluna da Escola Municipal Vânia Medeiros Mincarone é um exemplo de dedicação aos estudos e já coleciona uma medalha de bronze e outra de ouro pelo seu resultado na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), uma premiação oferecida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul e ainda ganhará uma moção de aplauso da Câmara Municipal de Vereadores da cidade. 

Em uma manhã nublosa de um sábado, Júlia Bertan de Lima abriu a porta de sua casa para a conhecermos. Junto com a sua mãe, Marilice Bertan de Lima, se mostrou muito comunicativa e simpática – mesmo dizendo que estava nervosa com a entrevista. Uma leitora ávida de livros de aventura, apaixonada por números e todo o tipo de conhecimento, Júlia é uma questionadora nata. “Eu estou sempre fazendo perguntas para os professores, pois quero entender tudo muito bem e ficar sem dúvidas, sento bem na frente do quadro para não perder nada,” conta a jovem. 

Sempre se mostrando curiosa pelo saber, no 6º ano (2021) Júlia fez a sua primeira prova da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e já garantiu uma medalha de bronze. “Eu lembro que os professores chegaram na escola e falaram dessa prova, eu fiz, mas não sabia muito bem como funcionava, então quando me contaram que eu tinha passado para a segunda fase falei para a mãe, assim começamos a pesquisar na internet as provas antigas e ela foi me ajudando em algumas questões, porque eu já queria fazer como experiência para o Enem/Vestibular, mas como era conteúdo do 6º e 7º ano, nunca imaginei que conseguiria ir tão bem,” relembra Júlia. 

A prova da OBMEP é dividida em três níveis: Nível 1 (6º e 7º anos do Ensino Fundamental), Nível 2 (8º e 9º anos) e Nível 3 (Ensino Médio), com 20 questões de múltipla-escolha na primeira fase e seis questões discursivas na segunda fase. No segundo ano em que Júlia participou da Olimpíada, no 7º ano (2022), ela já tinha um conhecimento prévio de como seria o teste, mas nem por isso deixou de estudar, e bom, isso resultou na tão esperada medalha de ouro.

Segundo Júlia, as questões da prova envolvem muito mais lógica do que cálculos em si e ela achou nem tão difícil, mas nem tão fácil. “Por ler muito, sempre tive muita facilidade em entender o contexto das coisas, então não me assustei quando vi as perguntas, mas não vou falar que foi fácil, tanto que fui a penúltima a sair da sala. Nos testes da escola, também sou quase a última a entregar, pois até não tentar o meu máximo, eu não desisto,” destaca a estudante, agora do 8º ano. 

Durante a pandemia, Júlia pesquisava sozinha como fazer os cálculos
e desenvolveu até um método próprio para resolver porcentagens.
Crédito: Renata Oliveira/NB

E até não ver o seu nome no site da OBMEP, Júlia não acreditou que tinha ganhado a medalha de ouro e diz que o nervosismo tomou conta, já que tinha lido que o vencedor precisaria viajar para outro Estado e ela tem muito medo de avião. “Eu fiquei com muito nervosa, pois tinha lido no outro ano que quem ganhasse precisaria ir para outro Estado e eu tenho muito medo de avião. No dia, eu não estava conseguindo acessar o site, nisso meu professor de matemática da época me mandou uma mensagem falando: Parabéns Júlia, é ouro! Eu simplesmente não conseguia acreditar, até não entrar no site e ver meu nome eu não acreditava, pois parecia um sonho tão distante, nem passava pela minha cabeça ganhar o ouro, no máximo um prata ou bronze novamente,” relembra Júlia. 

Reconhecida na cidade e no Estado

E as celebrações não pararam por aí. Depois desse resultado, a jovem foi convidada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul para receber o Prêmio “Meninas Olímpicas”, o qual é oferecido para estudantes gaúchas de escolas públicas que tenham representado o Brasil em olimpíadas científicas, visando as reconhecer pelo esforço e dedicação. A cerimônia de entrega ocorreu em Porto Alegre no final de março deste ano e Júlia recebeu o diploma das mãos da procuradora especial da Mulher, deputada Patrícia Alba, a deputada Sofia Cavedon (PT), ex-procuradora especial da Mulher, e as deputadas Bruna Rodrigues (PCdoB) e Delegada Nadine (PSDB). 

A entrega ocorreu no dia 23 de março deste ano, em Porto Alegre. Crédito: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Além disso, no mês de abril, o vereador Duda Pompermayer (UNIÃO BRASIL), enviou a Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves uma moção de aplauso – que foi aprovada por unanimidade de votos – à jovem pelo seu destaque nas Olímpiadas e pela premiação do Estado. "Acho que muito nos orgulha ter uma aluna como a Júlia na cidade. A moção vem para parabenizar o empenho da estudante e o trabalho feito pelos professores e direção do Vânia, que é uma escola pública, e também incentivar e ver mais mulheres e meninas na ciência e no meio acadêmico", explica Pompermayer.

Registro do dia da aprovação da Moção de Aplauso votada no
início de abril. Crédito: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O incentivo vem de casa

Filha dos catarinenses Hélio de Lima e Marilice Bertan de Lima, Júlia sempre teve a presença dos pais que a ensinam desde nova a ser justa e correta. A mãe da pequena se emociona ao dizer que ela sempre foi assim: dedicada ao extremo. “Ela começou a falar muito nova e desde os 9 anos ela é assim, às vezes até pedíamos para ela ir com calma, mas ela gosta de saber tudo. Hoje é difícil crianças da idade dela ter essa vontade e desde pequena nós a incentivamos a se inspirar em pessoas que agregam, a entender o valor das coisas e como o estudo é importante, então essas medalhas e homenagens nos deixam muito orgulhosos e felizes,” conta a mãe, Marilice Bertan. 

Marilice também relata que deram um celular à Júlia quando tinha 8 anos, mas que ela é bem desapegada ao aparelho, tanto que a jovem conta que foi baixar a rede social TikTok só por causa da OBMEP. “Meus colegas ficavam falando, “Júlia baixa o TikTok, você viu o vídeo tal?” mas fui baixar só muito tempo depois, inclusive foi para acompanhar um perfil que dava dicas sobre a prova, falava as datas e o que estudar, mas não dou muita atenção para o resto. No meu tempo livro prefiro ler, estudar, passear e assistir filmes com meus pais,” explica a estudante. 

Para Júlia, o futuro já está quase na porta

Apesar da pouca idade, desde os 7 anos a jovem já pensa em estudar Direito no futuro, mesmo sendo apaixonada por matemática. “Sempre fui muito justa e gosto de ser o equilíbrio. Sempre me imaginei trabalhando na área, mas não na parte criminalística, pois não sei se saberia lidar com pessoas que fazem o mal. E eu sei que Direito abrange muita coisa, abre portas para muitas áreas, porém também sou apaixonada por matemática, então...o que quero fazer é direito, mas ainda não é uma certeza,” destaca Júlia. 

Como prêmio pela medalha de ouro – que ainda não chegou em suas mãos, mas em breve já entrará na sua coleção – Júlia ganhou a chance de participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) como incentivo e promoção do desenvolvimento acadêmico. Os participantes têm direito a encontros presenciais ou virtuais para aprofundar o conhecimento matemático e os estudantes de escolas públicas recebem uma bolsa de iniciação científica do CNPq no valor de R$ 100 mensais. O curso inicia nesta segunda-feira, 17. 

E para finalizar, a estudante deixa uma mensagem para os jovens estudantes. “Questionem muito, não fiquem com dúvidas, mesmo que pensem que a pergunta é inútil, na hora da prova ela pode te salvar, e claro, se dediquem muito,” diz Júlia. 

Estes são os certificados já recebidos por Júlia, agora só é aguardada a data de entrega da medalha de ouro.
Crédito: Renata Oliveira/NB

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

*Informação retirada do site Brasil Escola

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