Uma decisão muito importante deve mudar os rumos dos vínculos empregatícios na Cooperativa Vinícola Aurora, a maior do país. Após o escândalo envolvendo a Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, investigada por expor 207 trabalhadores à situação análoga à escravidão no mês de fevereiro em Bento Gonçalves, a direção da cooperativa decidiu que não irá mais contratar serviços terceirizados no período da colheita da uva. O anúncio foi feito em entrevista ao Jornal Pioneiro.
De acordo com as informações repassadas por e-mail pelo presidente da Cooperativa Aurora, Renê Tonello, a falha da vinícola foi no processo de acompanhamento da empresa terceirizada. Não ter havido um acompanhamento mais próximo da rotina dessa empresa em relação aos seus trabalhadores. "É fundamental destacar que apoiamos de forma imediata e incondicional todas as investigações, que agora estão comprovando que não houve qualquer atitude deliberada de nossa parte. A própria Polícia Federal externou isso no curso das investigações", destacou o presidente.
Segundo Tonello, a cooperativa irá aperfeiçoar os processos e mecanismos de fiscalização, realizar campanhas de conscientização e qualificar os associados para que saibam exatamente o que determina o TAC (Termo de Ajuste de Conduta) em relação à contratação e gestão da mão de obra. "Esse treinamento junto aos produtores já está em preparação e agora, com o fim da safra, iniciaremos já no mês de abril essas orientações em cada um dos 20 núcleos, espalhados nos 11 municípios da Serra Gaúcha, que compõe o universo de associados da Cooperativa Aurora", revelou o dirigente.
O presidente da Aurora destacou que o momento agora é de redimensionar o real valor do trabalho e a relação das pessoas com ele. "O respeito ao próximo e o trabalho digno e colaborativo, que nos tornaram a maior cooperativa vitivinícola do Brasil, certamente nos levarão a um patamar ainda mais sustentável nestes próximos anos", finalizou Renê Tonello.