Quantas vezes você já disse ou ouviu alguém dizendo o seguinte: "Fulana já tem 50 anos, mas está ótima! Nem parece!"? Você pode até não ter se dado conta, mas essa frase é considerada etarista.
Se você não sabe o que é etarismo, a gente explica: o etarismo - ou ageísmo - é a discriminação com base na idade. E, como você deve imaginar, as mulheres maduras fazem parte do grupo de pessoas que mais sofre com esse preconceito.
Mulheres mais velhas - especialmente a partir dos 45 anos - são constantemente criticadas pela sociedade por suas escolhas, já reparou? Por exemplo: para muitas pessoas, é inaceitável que uma mulher, a partir de determinada idade, decida vestir roupas curtas.
Isso sem falar que homens maduros são, na maioria das vezes, considerados "charmosos", enquanto mulheres acabam se sentindo desprezadas simplesmente por envelhecerem.
Até mesmo a decisão de usar os cabelos compridos pode virar alvo de críticas e de etarismo, o que é muito frustrante e incômodo para quem é vítima desse tipo de discriminação.
Quando a mulher opta por não esconder a idade ou deixa de corresponder ao que esperam dela enquanto gênero feminino, o cenário pode ser ainda pior.
Numa sociedade que vive nessa busca incessante pela juventude, as que resolvem assumir os fios brancos são muitas vezes ditas desleixadas ou "sem vaidade". Isso tudo sem contar o "prazo de validade" frequentemente imposto, que aparece em forma de cobranças sobre casamento e filhos.
Em contrapartida, mulheres maduras que recorrem a procedimentos estéticos também se veem como objeto de críticas, sendo que, na verdade, pessoas de todas as idades e gêneros deveriam ser livres para fazer suas escolhas: deixar os cabelos brancos, tingir, assumir as rugas ou escondê-las.
No fundo, o que deveria importar é que a mulher possa se sentir bonita, e não necessariamente mais jovem, até porque juventude não é - ou não deveria ser - sinônimo de beleza.
Segundo Herica Ponsiana, educadora emocional e psicoterapeuta transpessoal, é essencial que as mulheres se libertem dessas armadilhas e reconheçam que há diversas formas de belezas e formatos de corpos, cada um sendo único no mundo. "Uma reflexão se faz necessária nesse momento: 'o que significa beleza para você?', aconselha.
Nesse sentido, algumas empresas começaram a abolir termos como "antienvelhecimento" e "anti-idade" de seus produtos, justamente para naturalizar o passar dos anos - especialmente para as mulheres.
Inclusive, diversas pessoas passaram a encarar as rugas e marcas de expressões como sinais da vida e da própria história - e isso não é problema algum, concorda?
Ponsiana lembra que muitas mulheres começaram a trazer seus incômodos e medos para a superfície e questionar o porquê as coisas são como são.
"Este movimento irá promover a abertura de um diálogo, um senso de comunidade para todas as mulheres e, com isso, acredito que aos poucos iremos ressignificar o envelhecimento e a forma como queremos envelhecer", afirma.
O tempo passa para todos - inclusive para as mulheres - e, com ele, acumulamos experiências, aprendizados e autoconhecimento. Por isso, já deve ter dado pra entender que beleza tem a ver com autoestima e confiança, e não com idade, certo?
De acordo com Ponsiana, o autoconhecimento é a chave que permitirá a investigação sobre como nós nos relacionamos com nosso corpo, idade e beleza.
"Precisamos fazer as pazes com a gente para desenvolver a autoestima e questionar os padrões que ainda nos atravessam", sugere.
A educadora lembra que a autoestima significa dizer "sim" para si mesma por meio do autorrespeito e, assim, trocar as lentes críticas para um olhar mais amoroso consigo mesma. "Desta forma, o autocuidado é uma atitude de autoamor e uma oportunidade de criar um relacionamento mais íntimo consigo", destaca.
Fonte: glamour.globo
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