Das seis matérias que estavam em pauta na sessão da Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves nesta segunda-feira, 06 de março, apenas cinco foram aprovadas e uma foi retirada da votação para ajustes solicitados pelo vereador Agostinho Petroli (MDB) e demais parlamentares.
Os projetos enviados pelo Poder Executivo referentes as doações do poço artesiano à Comunidade São Martinho e da rede hidráulica à Comunidade Santa Lúcia, ambas no Distrito de Faria Lemos, foram aprovados, porém houve uma pequena discordância entre os parlamentares Agostinho Petroli (MDB) e Thiago Fabris (PP). O vereador Petroli acredita que a responsabilidade deveria ir à CORSAN. "São muito importantes esses dois projetos, pois agora as próprias comunidades ficarão responsáveis pela distribuição de sua água, mas nisso tudo, acho que quem deveria assumir esses poços seria a CORSAN, pois pelo convênio do Município com a Companhia está previsto o abastecimento das áreas rurais, mas tudo bem, mesmo assim votarei favorável pelos dois projetos," destaca Petroli.
Já o vereador Thiago comenta que as associações destas comunidades conseguem dar conta da distribuição da água e tratamento. "Eu já penso ao contrário, acho que as associações são melhores administradoras do que a própria CORSAN, devido os exemplos que temos na Linha Palmeiro, São Pedro e Vale dos Vinhedos. Eles tem mais de R$ 300 mil em caixa, tem uma equipe particular que eles contatam a qualquer momento e eles logo resolvem, fugindo de toda a burocracia do serviço público, saindo mais em conta do que pagar à Companhia e estão todas bem cuidadas," opina Thiago.
Porém, o vereador Petroli retrucou a fala de Fabris. "O colega Fabris está em um mundo perfeito, eu conheço a Linha 40 (da Graciema no Vale dos Vinhedos), o Poder Público fez o poço e o encanamento e a comunidade ganhou tudo pronto. Eu sei que eles tem grandes valores em caixa, mas quero ver a Comunidade de São Martinho que dá menos de mil litros por hora, quero ver se em um ano ou numa seca de três meses e não tiver mais água como que vai ficar, então 'tu' colocaste em um mundo perfeito, mas não conhece a realidade de cada comunidade, não é bem assim," responde o vereador Agostinho Petroli. Apesar do debate, todos os parlamentares votaram à favor de ambos os projetos.
Votações das moções também agitaram a sessão
E na votação das moções novamente o vereador Agostinho se posicionou, desta vez votando contra a sugestão de Rafael L. Fantin - Dentinho (PSD), o qual oferecia uma moção de apoio ao setor vitivinícola da região, em destaque às vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi, devido as polêmicas envolvendo a contratação da empresa Oliveira & Santana que usava mão de obra análoga à escravidão. Petroli não foi contra a ideia da moção, mas sim pelas palavras usadas na justificativa do projeto. "Quero elogiar a iniciativa de Dentinho, mas tem algumas coisas que não concordo. No enunciado da moção é colocado a seguinte frase: (...) por crimes cometidos por uma empresa terceirizada contra trabalhadores oriundos da Bahia. Não são apenas trabalhadores da Bahia, não ofende ninguém, mas acho que poderia excluir essa frase, além disso, no meio do texto, também há a seguinte frase: (...) No entanto, pelo desdobrar do processo, sendo a responsabilidade da empresa terceirizada e de alguns policiais militares que estariam envolvidos na ação. Eu acho muito pesada essa expressão, não votarei à favor dessa moção justamente por causa dessa frase, nós estamos aqui acusando policiais militares quando ainda estão em um processo de investigação, e aqui está colocando como responsáveis, então eu pediria para o colega retirar o projeto e encaminhar novamente, retirando essas duas frases," esclarece o vereador Petroli.
Dentinho respondeu o colega. "Foi usada essas expressões de acordo com os relatos ouvidos pelo Ministério Público, mas não vejo problema em ajustar essas questões e encaminhar o projeto novamente, porque aqui a intenção maior é mostrar apoio ao setor," explicou o vereador. Todos os outros parlamentares concordaram com Petroli, então Fantin retirou o projeto de votação e será enviado novamente à Câmara na próxima semana.
Já na votação da moção de autoria do Vereador Anderson Zanella (Progressistas) - onde busca enviar apoio à Câmara dos Deputados, em razão da apresentação, pelo Deputado Federal Ubiratan Antunes Sanderson, de denúncia pela instauração de processo de impeachment contra o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, devido as declarações proferidas pelo mesmo em uma viagem para a Argentina, no qual disse que o Impeachment de Dilma Rousseff foi um Golpe de Estado - Agostinho também se manifestou contra. "Eu não posso concordar com a justificativa dessa moção de apoio. Eu acho que o que foi colocado aqui foi a forma como o Presidente se expressou lá na Argentina, mas isso é de entendimento dele, como também existe hoje muitos entendimentos sobre o que aconteceu em 64 - se foi Golpe ou não. Então, para mim, a justificativa não implica uma moção pelo o que foi colocado aqui. Não me convence, todo mundo sabe as minhas posições políticas, mas não concordo," explica Agostinho. Contudo, a moção foi aprovada por maioria dos votos.
Além dessas votações, a Portaria de Louvor e Agradecimento a advogada Beatriz Maria Luchese Peruffo foi aprovada por unanimidade e o projeto de lei da mudança do artigo 6° da Lei Municipal n° 4.431/2008, onde direciona a competência da fiscalização do estacionamento rotativo pago à Secretaria Municipal de Segurança - que antes era da Secretaria de Mobilidade Urbana - também foi aprovado.
Vereador faz duras críticas ao Executivo Municipal: "Não é feito o simples com excelência, imagine o difícil com excelência," diz Agostinho Petroli
O vereador Agostinho Petroli (MDB) usou seu tempo na tribuna para expor a sua opinião sobre a falta de fiscalização e os desfalques do Executivo Municipal em diversas obras da cidade. Suas críticas foram referentes aos mutirões realizados nos finais de semana, nos quais são focados na limpeza das ruas e pinturas de cordões, sendo que essas ações - em sua percepção - só escancaram as deficiências da administração, já que deveriam ser serviços básicos e rotineiros. Além disso, citou as questões da longa fila de espera para cirurgias na cidade, descaso com o saneamento básico e a falta de fiscalização. "Quero entender o tão falado "simples com excelência" ou "o básico em excelência". Eu entendo que esses serviços são os básicos que o Poder Público deveria oferecer à sociedade," explana na tribuna.
Então citou as questões que lhe chamaram a atenção. "Olha só o saneamento básico. Um descaso total com tratamento de esgoto, vamos pegar a questão do Barracão, se esperar mais um pouquinho irá virar um elefante branco. Olha o esgoto a céu aberto no Maria Goretti e o próprio lago da Fasolo em pleno centro da cidade. Estações que não estão funcionando em algumas localidades e o lixo é jogado direto nos arroios. Vamos falar da água, que falta diretamente em alguns bairros da cidade. O acúmulo de lixo em vários pontos da cidade, lixeiras que não são substituídas ou pedidos de colocação que não são atendidos. Olha a nossa saúde, falta de médico em vários postos de saúde, fila de mais de 5 mil pessoas para realização de cirurgias, consultas para especialistas que não se sabe quando vai ter. Dificuldades de agendar exames, falta de dentistas em postos de saúde. Olha só, estou falando dos serviços básicos. Transporte público então, nem se fale, além da questão da falta de estrutura no interior que prejudica novos empreendimentos na região. Isso são serviços básicos, aonde está a sua excelência?" questiona Agostinho.
Já no quesito da fiscalização, o vereador frisou que é preciso prevenir e não corrigir os erros. "E vou bater em um ponto muito comentado: a falta de fiscalização. Temos construções em varias áreas invadidas e ampliações de obras sem projetos ou autorizações. É preciso fiscalizar empreendimentos verificando a sua legalidade. A fiscalização tem que ser sempre preventiva e não corretiva, pois ser corretiva é assumir que erramos e é isso que está acontecendo conosco," destaca Petroli.
E termina dizendo que é preciso sair do básico. "Como disse um usuário nas redes sociais, pensar só no básico é limitador, limita a capacidade de ir além, de buscar o difícil com excelência. Agora sair do básico...aí fica mais complicado. Obras mal planejadas e mal feitas. Aditivos sobre aditivos. Remendos acontecendo pela cidade. A questão do Túnel, a questão da Aristides Bertuol...Não é feito o simples com excelência, imagine o difícil com excelência," finaliza a sua fala na tribuna.
Mín. 13° Máx. 29°