Uma entrevista coletiva feita pelo Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federa na manhã deste sábado, 25, mostrou que as vinícolas Garibaldi, Salton e Aurora, não tinham ligação direta com a situação análoga à escravidão encontrada em Bento Gonçalves. As empresas sequer foram fiscalizadas, muito pelo motivo de que mantinham atenção adequada aos trabalhadores enquanto eles atuavam em seus espaços. A investigação recai, principalmente, sobre a empresa Fênix Serviços de Apoio Administrativo (antiga Oliveira & Santana) que trouxe os trabalhadores para atuarem na safra da uva.
Segundo o auditor fiscal do Ministério do Trabalho, Rafael Zan, os principais problemas que caracterizaram o trabalho análogo à escravidão ocorreram junto ao alojamento onde os 207 trabalhadores eram mantidos. Deste total, 198 eram baianos vindos das cidades de Salvador, Serrinha e Feira de Santana, principalmente. As condições precárias do alojamento, a comida servida para os trabalhadores, as agressões e também a restrição de liberdade no local mediante dívida são os levantamentos apontados pelos fiscais para a condição de trabalho escravo.
Rafael Zan revelou que as vinícolas citadas até o momento (Salton, Aurora e Garibaldi) sequer foram fiscalizadas. Segundo o auditor, isso aconteceu porque os relatos eram de que as empresas atendiam as necessidades dos trabalhadores no local de trabalho, como na alimentação e material de trabalho utilizado. Eles não atuavam em propriedades rurais destas vinícolas, mas sim na atividade de carga e descarga de caixas de uva dos caminhões para as vinícolas.
Nas propriedades rurais visitadas, Zan destacou que foram encontradas situações em que os trabalhadores dormiam em um colchão no chão. Porém, o auditor relatou que muitos trabalhadores preferiam ficar nas propriedades rurais do que voltar para o alojamento. O auditor resgatou que a responsabilidade prioritária é da empresa Fênix Serviços de Apoio Administrativo, que foi quem contratou os trabalhadores e trouxe-os das cidades baianas.
De acordo com o auditor fiscal, os proprietários da empresa Fênix, da pousada e do mercadinho são pessoas diferentes. Mesmo assim, ele afirma que há uma ligação entre elas, mas que isso será apurado pelas empresas de segurança.