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Preso dono de empresa que mantinha trabalhadores em situação de escravidão em Bento

Proprietário da Oliveira & Santana recebeu voz de prisão ao comparecer no local onde eram mantidos mais de 150 pessoas em um alojamento improvisado no bairro Borgo.

23/02/2023 às 09h11 Atualizada em 24/02/2023 às 17h48
Por: Marcelo Dargelio
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Pedro Santana foi preso e encaminhado à Polícia Federal, em Caxias do Sul - Foto: Polícia Rodoviária Federal/Divulgação
Pedro Santana foi preso e encaminhado à Polícia Federal, em Caxias do Sul - Foto: Polícia Rodoviária Federal/Divulgação

Foi preso em Bento Gonçalves na madrugada desta quinta-feira, 23 de fevereiro, o proprietário da empresa responsável pela manuntenção de mais de 150 trabalhadores em situação de escravidão na cidade. A prisão ocorreu durante a operação de resgate dos trabalhadores em um alojamento no bairro Borgo na noite desta quarta-feira, 22, feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho, com apoio da Brigada Militar. 

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o responsável pela empresa Oliveira & Santana foi preso assim que apareceu no local onde a operação ocorria, na Rua Fortunato João Rizzardo, no bairro Borgo. O nome dele não foi divulgado de forma oficial, mas a reportagem do NB Notícias descobriu que trata-se de Pedro Oliveira Santana, de 45 anos. Ele recebeu voz de prisão em flagrante e foi levado para a Polícia Federal, em Caxias do Sul. 

Santana é natural de Valente, interior da Bahia, mas já estava instalado em Bento Gonçalves há mais de 10 anos. A empresa Oliveira & Santana tornou-se uma das principais fornecedoras de mão de obra para empresas da região. Neste período de safra da uva, as principais vinicolas de Bento Gonçalves e Garibaldi contratavam mão de obra com a empresa. O proprietário também é conhecido por investir em times de futebol amador de Bento Gonçalves e, recentemente, em time profissional, em Garibaldi. Nas competições amadoras, ex-craques do futebol, como Iarley, que chegou a ser treinador em Garibaldi, e Souza, ex-Grêmio, jogaram no time patrocinado por Santana.

Entenda o caso

Três trabalhadores procuraram os policiais na Unidade Operacional da PRF em Caxias do Sul e informaram que tinham acabado de fugir de um alojamento em que eram mantidos contra sua vontade. A PRF acionou o Ministério do Trabalho e a Polícia Federal para deslocar ao endereço indicado e confirmar a informação dos trabalhadores. As equipes foram até o local que seria utilizado como alojamento pelos homens e os auditores do trabalho constataram que havia em torno de 150 homens em situação análoga à escravidão.

Além disso, os trabalhadores relataram diversas situações que passavam, tais como atrasos nos pagamentos dos salários, violência física, longas jornadas de trabalho e alimentos estragados. Também disseram que eram coagidos a permanecer no local sob pena de pagamento de uma multa por quebra do contrato de trabalho. Esses homens, a maioria proveniente da Bahia, eram recrutados nos seus estados de origem para trabalhar no Rio Grande do Sul. Ao chegar no local, encontravam uma situação diferente das prometidas pelos recrutadores. 

De acordo com o gerente regional do Ministério do Trabalho, Vanius Corte, seguranças eram mantidos no local para garantir que os trabalhadores não fugissem. Os que questionavam a falta de pagamento de salários eram agredidos por estes indivíduos. Corte relata que os seguranças usavam máquinas de choque, gás paralisante e spray de pimenta para conter os trabalhadores. Todos tinham que trabalhar pelo menos 15 horas diárias.

Vanius Corte destaca que a empresa Oliveira & Santana terá que arcar com todos os custos trabalhistas desses trabalhadores, além das despesas de hospedagem e transporte dessas pessoas para suas cidades de origem. 

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Cristian Há 2 anos Montenegro Eu trabalhei lá aconteceu tudo isso comigo também oque faço
Reinaldo Paulo de LaraHá 2 anos RondonópolisNão não vai acontecer nada, já vi esse filme no Brasil
Fátima Regina Gomes FariasHá 2 anos Porto AlegreE o dono do Engenho? o Senhor dono das terras ? das lavouras ? quem é ? sairá impune ?
SaraHá 2 anos RsQuem contratou pela empresa não suspeitava as condições em que estavam os trabalhadores? Escravidão em 2023. Empresa de gente abençoada por Deus com seus seguidores.
CleciHá 2 anos RSE a Vinicola, que é a maior da cidade, não deveria ter prestado atenção nisso? A empresa contratante será sempre cooresponsavel perante a legislação vigente.
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