Política Mais um na lista
Ministro das Comunicações é acusado de usar R$ 5 milhões do orçamento secreto em benefício próprio
Quando era deputado federal, Juscelino Filho (União Brasil) direcionou recurso para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à sua fazenda, em Vitorino Freire (MA).
30/01/2023 12h22
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Estadão/Conteúdo
Ministro foi uma indicação do União Brasil para compor o Governo Lula - Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Que os políticos que atuam em Brasília são especialistas em garantir benefícios a si mesmo não é mais novidade. Nesta semana, o escândalo de desvio de recursos do tal orçamento secreto atingiu em cheio um dos novos ministros do Governo Lula. Quando ainda era deputado federal, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à sua fazenda, em Vitorino Freire (MA). A denúncia foi feita pelo Jornal O Estado de São Paulo (Estadão).

De acordo com levantamento feito pelo jornal, o ministro destinou mais de R$ 50 milhões em emendas sigilosas. A pedido de Juscelino, os recursos foram parar na cidade de Vitorino Freire, no Maranhão, que tem a irmã dele, Luanna Resende, como prefeita. A empresa contratada pelo município para tocar a obra é de um amigo de longa data. E o engenheiro da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) que assinou o parecer autorizando o valor orçado para a pavimentação foi indicado por seu grupo político.

Cinco meses após a assinatura do contrato, em julho de 2022, o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo Imperador, foi preso pela Polícia Federal, acusado de pagar propina a servidores federais para obter obras na cidade e de ser sócio oculto da Construservice. O engenheiro da Codevasf, estatal controlada pelo União Brasil, partido do ministro, foi afastado sob suspeita de receber R$ 250 mil em propina de Imperador. Juscelino admite que ele e o empresário beneficiado com recursos de sua emenda secreta são “conhecidos há mais de 20 anos”.

O Estadão conseguiu identificar R$ 50 milhões. Destes, o deputado despachou R$ 16 milhões para Vitorino Freire, onde sua família costuma revezar o poder com aliados, desde os anos 1970. Cinco meses após a assinatura do contrato, em julho de 2022, o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo Imperador, foi preso pela Polícia Federal, acusado de pagar propina a servidores federais para obter obras na cidade e de ser sócio oculto da Construservice. O engenheiro da Codevasf, estatal controlada pelo União Brasil, partido do ministro, foi afastado sob suspeita de receber R$ 250 mil em propina de Imperador. Juscelino admite que ele e o empresário beneficiado com recursos de sua emenda secreta são “conhecidos há mais de 20 anos”.

Continua após a publicidade

Escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar uma das principais pastas do governo, com orçamento de R$ 3 bilhões, Juscelino era até o ano passado um deputado federal do baixo clero, eleito para o terceiro mandato. Nunca teve influência nas discussões nacionais, muito menos no setor de radiodifusão. Tinha, porém, força no Centrão, o bloco de partidos que dá as cartas do poder. Nos últimos quatro anos, apresentou seis projetos de lei, entre eles o que estabelece o Dia Nacional do Cavalo, animal criado em suas terras.

A proximidade com o grupo que apoiou o então presidente Jair Bolsonaro, em troca do orçamento secreto, não só alçou Juscelino à condição daqueles políticos que mais manejaram recursos do esquema como o levou ao primeiro escalão de Lula.

OS RECURSOS REPASSADOS PELO MINISTRO

Continua após a publicidade
Deputado e agora ministro aproveitou muito bem as facilidades do cargo - Arte: Estadão/Conteúdo