O Tratamento Diretamente Observado Ampliado (TDO Ampliado) do Hospital Sanatório Partenon (HSP), mantido pela Secretaria da Saúde (SES), foi destacado pelo Ministério da Saúde como experiência bem-sucedida no cuidado dos pacientes com tuberculose. O TDO Ampliado oferece atendimento multidisciplinar intensivo e regular para pessoas com dificuldades de adesão ou com risco de abandono do tratamento.
Para melhorar essa adesão, sem a necessidade de internação hospitalar, o HSP oferece uma forma de cuidado integral aos pacientes, que engloba aspectos da saúde física e a atenção psicossocial. A equipe de referência é composta por duas assistentes sociais, um educador físico, uma fisioterapeuta, uma terapeuta ocupacional, um técnico de enfermagem e uma profissional de apoio administrativo.
O HSP é referência estadual para o tratamento da tuberculose e desempenha a função de retaguarda assistencial do Programa Estadual de Combate à Tuberculose. O TDO Ampliado é uma alternativa intermediária entre o tratamento hospitalar e o ambulatorial. O projeto adota a perspectiva da redução de danos e oferece um espaço de descanso, higiene e alimentação. Em parceria com a prefeitura de Porto Alegre, as pessoas atendidas também recebem vale-transporte para acessar o serviço.
A assistente social Elsa Roso, que faz parte da equipe do projeto, disse que, muitas vezes, as pessoas com tuberculose não aderem ao tratamento por causa de diversas dificuldades e não apenas por questões clínicas. “Muitas delas têm outros problemas relacionados às condições de vida, como falta de acesso a políticas sociais básicas de moradia, alimentação e renda”, explicou.
“O tratamento é longo, de no mínimo seis meses, e demanda que o paciente esteja minimamente protegido, que se alimente e durma bem, que tenha cuidados básicos. Mas, muitas vezes, essa não é a realidade. Por isso, o TDO Ampliado funciona como uma retaguarda para a rede de atenção básica, cuidando dos casos com maior dificuldade de adesão ao tratamento”, ressaltou Elsa.
O educador físico da equipe, Caetano Cremonin, explicou um dos objetivos da iniciativa: “Começamos a pensar em maneiras de atender a essas pessoas sem a necessidade de internações longas. Essa é a perspectiva da redução de danos, que já vem sendo desenvolvida na saúde mental há décadas. O objetivo não é realizar todos os atendimentos aqui, mas oferecer uma alternativa aos casos de dificuldade de adesão e abandono do tratamento.”
Reconhecimento
O Ministério da Saúde lançou, em 2022, uma chamada pública que selecionou 15 experiências bem-sucedidas no tratamento de pacientes com tuberculose ou coinfectados de tuberculose e HIV. O objetivo foi mapear iniciativas desenvolvidas por serviços de saúde, em especial pelas coordenações estaduais e municipais de tuberculose, organizações da sociedade civil e instituições de pesquisa.
A diretora do HSP e médica pneumologista, Carla Jarczewski, destacou a importância do reconhecimento, mesmo sendo uma experiência que tem apenas dois anos de existência. “Mais importante ainda é poder relatá-la e colocar à disposição de outras instituições que estejam interessadas em replicar esse conhecimento”, afirmou.
Ao todo, 61 experiências, das cinco regiões do país, estavam inscritas. A divulgação das 15 selecionadas para fazerem parte de uma publicação do Ministério da Saúde aconteceu em 20 de janeiro. Três outras iniciativas gaúchas, em Pelotas e Porto Alegre, também ficaram entre os destaques.
Tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria conhecida como bacilo de Koch. Ela afeta prioritariamente os pulmões, embora possa atingir outros órgãos ou sistemas do corpo. Isso ocorre mais frequentemente em pessoas com HIV, especialmente aquelas com comprometimento imunológico.
A transmissão se dá por via respiratória, quando o indivíduo suscetível inala aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa infectada e sem tratamento. Os principais sintomas são: tosse por três semanas ou mais, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. Caso uma pessoa apresente os sintomas, é fundamental que procure uma unidade de saúde para avaliação e realização de exames. Se o resultado for positivo, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível.
Segundo dados do Informe Epidemiológico do Estado do Rio Grande do Sul – Tuberculose 2022, no Brasil, em 2021, foram registrados 68.271 novos casos, o que representa uma incidência de 32 casos para cada 100 mil habitantes. O Estado apresenta uma incidência maior que a registrada no país. Em 2021, foram notificados 4.769 novos casos, o que significa 41,6 casos por 100 mil habitantes.
Texto: José Luís Zasso/Ascom SES
Edição: Rodrigo Toledo França/Secom
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