Um vídeo que está circulando na internet mostra uma pílula que promete os mesmos efeitos de um balão gástrico. A princípio seria mais uma das inúmeras fake news que circulam nas redes sociais. Mas na verdade o “medicamento” existe e foi lança em 2014 no Reino Unido. As pílulas são projetadas para serem infladas dentro do estômago, reduzindo o tamanho do órgão e consequentemente a ingestão de alimentos.
Chamada de Obalon, o dispositivo foi aprovado na Europa para adultos com sobrepeso e obesidade. Ele é projetado para ser usado por um período máximo de três meses.
Como funciona
A pílula é composta por três balões leves que são colocados no estômago durante um período de 12 semanas. O número de balões usados ??pode ser adaptado ao progresso da perda de peso da pessoa, com um único balão colocado no estômago inicialmente e balões adicionais adicionados se necessário. Cada balão está contido em uma cápsula ou comprimido, ligado a um pequeno tubo que é usado para inflar o balão uma vez no estômago.
O balão é projetado para ser usado por pessoas com um índice de massa corporal (IMC) de 27 ou acima, que anteriormente não conseguiram perder peso através de dieta e exercício. Um IMC de 25 ou acima é considerado com excesso de peso (30 ou acima é considerado obeso ). O procedimento é o mesmo do que tomar uma pílula de vitamina, mas com a supervisão de um médico, já que é usado um pequeno tubo anexo por onde será inflada após chegar ao estomago.
Depois que o balão é inflado, o tubo é removido, deixando o balão no estômago. Segundo o fabricante, o procedimento leva cerca de 15 minutos e não é necessária sedação ou anestesia. Uma dieta especial é seguida por três dias depois, consistindo de líquidos claros apenas no primeiro dia e alimentos moles apenas no segundo dia, com a maioria das pessoas podendo comer alimentos sólidos no terceiro dia.
Um segundo balão pode ser introduzido 30 dias após o primeiro e um terceiro, 30 dias depois, dependendo do progresso de uma pessoa. Doze semanas após o primeiro balão ser ingerido, todos os balões são removidos usando um aparelho endoscópio . Sedação leve pode ser necessária para este procedimento, que leva cerca de 15 a 30 minutos.
O médico Marcos Belotto, gastrocirurgião do Hospital Sírio Libanês de São Paulo, tira suas dúvidas a respeito da "pílula bariátrica". Confira abaixo.
Essa pílula que se transforma em balão gástrico pode ser uma alternativa para a cirurgia bariátrica?
Sim, para casos específicos. Pacientes que apresentem contraindicações ou que não desejem a cirurgia bariátrica, mas se enquadrem nas indicações da pílula-balão podem, sim, serem beneficiados. Porém, é importante ressaltar que, apesar de ambos terem como finalidade o tratamento da obesidade, tanto a cirurgia quanto o balão possuem particularidades que devem ser avaliadas individualmente. De modo geral, esse balão se apresenta como uma alternativa, mas não substitui a cirurgia bariátrica em muitos casos.
Quais são os perigos desse tipo de medicação e quais podem ser os efeitos esperados?
Por tratar-se de um método novo, os dados sobre a sua segurança ainda são pouco conhecidos. Apesar disso, sabe-se que, por tratar-se de um corpo estranho no interior do estômago, o paciente pode apresentar desde náuseas e dor abdominal discreta, até o desenvolvimento de úlceras, sangramento gástrico e obstrução intestinal por migração do balão, quadros importantes e de risco à saúde do paciente, exigindo a retirada imediata dos balões. Quando o dispositivo é bem tolerado, porém, os estudos usados para sua aprovação e o fabricante relatam perda de peso variável, devendo ser associado a dieta e exercícios físicos, como ocorre na cirurgia bariátrica.
Existe alguma orientação pós-cirúrgica, para que o indivíduo não volte ao sobrepeso? Se sim, qual?
Sim, o paciente deve ser previamente esclarecido e preparado para adequações alimentares e de estilo de vida no pós-operatório, além de ser acompanhado por equipe multidisciplinar. É fundamental que ocorra adesão à dieta, realização de atividade física e outros cuidados, como tratamento de transtornos psiquiátricos, situações que frequentemente se associam com o retorno do sobrepeso.
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