Gestores e técnicos de diversos segmentos governamentais da área da saúde, além do Conselho Estadual de Saúde, estiveram reunidos na tarde de quarta-feira (18/1) para o evento “Lançamento de Ações de Enfrentamento ao Aedes e às Doenças por Ele Provocadas”, promovido pelo governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde (SES), com apoio da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RS (Cosems/RS).
Na atividade, que teve a participação de 80 municípios de forma presencial ou online, também foi lançado o curso de Capacitação sobre Arboviroses – Manejo Clínico na APS (Atenção Primária em Saúde), promovido pela SES, por intermédio do seu Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde e pelo TelessaúdeRS-UFRGS.
O ano de 2022 terminou com 66.779 casos de dengue confirmados no Rio Grande do Sul, com 66 mortes provocadas pela doença. Trata-se do pior ano epidêmico da história no Estado, com 27 municípios registrando óbitos e 123 com incidência acima de 300 casos para cada 100 mil habitantes.
As maiores incidências foram nas regiões Metropolitana, Norte e Noroeste. Na região de abrangência da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde, com sede em Porto Alegre, situam-se 47,5% dos óbitos em 2022. “Chama atenção que é uma doença muito importante e que não podemos negligenciar”, destaca o diretor adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Marcelo Vallandro.
A secretária da Saúde, Arita Bergmann, reforçou a importância da mobilização e das estratégias de enfrentamento ao Aedes. “A grande virada de página que precisamos fazer em relação ao controle do vetor, ao cuidado com as pessoas que têm dengue, ocorre na ampla rede formada pelos nossos municípios”, ressaltou a secretária. Aria reconheceu o esforço realizado pelas cidades gaúchas e a importância dos comunicados de riscos e do manejo clínico na APS.
Ações de enfrentamento
Entre as ações da SES para o enfrentamento da dengue está a implantação de sistemas de monitoramento e gestão de informações sobre a doença, tanto em âmbito estadual quanto municipal.
No site da secretaria, constam informações sobre a circulação doAedes aegypti, o registro de casos das doenças causadas pelo mosquito e hospitalizações relacionadas a elas, além de classificações de risco para cada município, que direcionam parâmetros assistenciais e quantidades necessárias de insumos, equipamentos e materiais em cada município.
Além disso, no site estão informações sobre a adequação e ampliação da estrutura laboratorial para o diagnóstico de casos suspeitos de dengue e identificação vetorial, com laboratórios em Pelotas, Santa Maria, Santo Ângelo, Santa Cruz do Sul, Ijuí, Caxias do Sul e Passo Fundo. A partir da vigilância genômica, é monitorada a circulação viral da dengue nas 30 regiões de Saúde.
Está planejada a implantação de um canal permanente sobre a dengue, que se constitui em um espaço de trocas entre diferentes áreas técnicas, composto por representantes estaduais e municipais, com o objetivo de construir coletivamente soluções e prestar apoio compartilhado.
Outra ação planejada pela SES é a intensificação da comunicação de risco em saúde de forma direta e transparente para a população, apresentando cenários de risco para a doença e infestação, entre outras estratégias. Também serão implantadas iniciativas para prevenção e combate ao Aedes nas escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul, além de educação permanente para preparação das equipes multiprofissionais nos serviços de saúde, como capacitações, webinários e videoaulas sobre manejo clínico e supervisão.
Há também, já em processo de implantação em diversos municípios gaúchos, um novo sistema de monitoramento por meio de armadilhas para ovos (ovitrampas) a fim de monitorar e detectar precocemente a presença e densidade deAedes aegypti.
Boas experiências
Dois municípios relataram experiências exitosas de combate à dengue e ao Aedes aegypti. Em Fagundes Varela, de 2,7 mil habitantes, a Secretaria de Saúde qualificou equipes, comprou equipamentos e passou a custear exames. “Com a vinda de um agente de combate a endemias, em um trabalho conjunto com os agentes comunitários de saúde, realizamos um trabalho junto às escolas e solicitamos ajuda da comunidade, através dos meios de comunicação e diretamente por WhatsApp, além de horários na agenda dos profissionais de saúde para capacitações”, relata a secretária Fernanda Grosselli.
A agente comunitária de saúde Leila Segalotto conta que a equipe percebeu que cisternas usadas em residências, embora bem vedadas, serviam de criadouro para os mosquitos. “Estavam cheias de mosquitos e de larvas, então começamos uma força-tarefa para chegar aos domicílios e identificamos que, além das cisternas, as piscinas serviam de foco”, recorda Leila. Ela destaca que o trabalho com as piscinas hoje é feito em todas as estações do ano, principalmente quando elas não estão em uso.
O secretário de Saúde de Bom Retiro do Sul, Rodrigo Rodrigues, relembrou que o primeiro caso registrado no município foi em 2018, chegando ao auge em 2021, com 720 casos e um óbito, em um município de 12,5 mil habitantes. A partir de um trabalho integrado, que uniu também outras secretarias, a cidade reduziu o número de casos para 26 em 2022.
“Um servidor da Secretaria de Educação se fantasiou de mosquito e foi para as escolas, trabalhando com todas as turmas. A Assistência Social trabalhou com os grupos de melhor idade. As Obras realizaram a limpeza da cidade”, conta o secretário. O município está preparando uma campanha visual e de aproximação com a comunidade também pelo WhatsApp.
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Texto: José Luís Zasso e Marília Bissigo/Ascom SES
Edição: Secom
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