A defensora pública Patrícia Cardoso tomou posse hoje (10) como defensora Pública-Geral do Rio de Janeiro. É a primeira mulher à frente da instituição desde a sua fundação, há 68 anos. Ela foi eleita pelos colegas em novembro do ano passado, com 55,4% dos votos, e nomeada pelo governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, no dia 16 de dezembro, para um mandato de 2 anos.
No discurso de posse, ela disse que pretende estruturar a pauta dos direitos da mulher e combater a violência de gênero na sociedade. “É necessário e urgente que os debates a respeito do papel da mulher dentro dos sistemas de poder, hoje predominantemente masculinos, sejam trazidos para o dia a dia de uma carreira predominantemente feminina e que conta, portanto, com maior parte do seu quadro formado por defensoras, servidoras, residentes e estagiárias. Cada minuto da minha gestão será voltado para um olhar de perspectiva de gênero”, disse.
Ela disse que pretende trabalhar em parceria com o governo do estado para combater a violência contra a mulher, bem como dar continuidade às pautas sociais que vêm sendo implementadas no órgão nos últimos anos.
“Nossa liberdade de atuação, garantida pela independência e autonomia, nos assegura a possibilidade de defesa dos mais vulneráveis em quaisquer litígios. Contra grandes grupos econômicos e poderosos e contra o próprio Estado”, disse.
A defensora Pública-Geral destacou eixos de atuação como a centralidade nos direitos humanos, a defesa da mulher, a educação em direitos, articulação institucional com os demais poderes e a atenção ao interior do estado.
Patrícia Cardoso Maciel Tavares entrou para a Defensoria Pública do estado em 1994 e é titular do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) desde 2011. Desde outubro de 2020 é a coordenadora Cível do órgão.
O defensor Público-Geral que deixou o cargo, Rodrigo Pacheco, iniciou a cerimônia de posse de Patrícia mencionando os atos de vandalismo praticado por extremistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que no domingo (8) depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
“Somos obrigados a fazer, nessa cerimônia, uma celebração da democracia e uma repulsa a qualquer ato golpista, terrorista e antidemocrático, seja uma rejeição daqueles que estiveram em um dos momentos mais tristes da nossa história seja daqueles que, mesmo não estando, aplaudem e estimulam tamanha violência à democracia brasileira. Democracia sempre e sem anistia aos golpistas”, afirmou.
Patrícia também repudiou os atos em Brasília e leu a nota divulgada no domingo pelos defensores e defensoras públicos gerais do país.