O futebol está de luto. Morreu na tarde desta quinta-feira, 29 de dezembro, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, aos 82 anos. O Rei do Futebol estava sob medidas paliativas, após ter sido acometido por um câncer no cólon. Ele estava internado há vários dias no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Segundo a família, Pelé morreu sem dor. Ele terminou os seus dias amparado pela mulher, Márcia, com o carinho dos filhos e rezando no quarto do hospital, um hábito que sempre o acompanhou, mas que nos últimos tempos era quase uma obsessão. Pelé rezava com os médicos. Levou sua fé até o fim e a Deus nunca deixou de agradecer pelo dom dado sem pedir nada em troca.
Ele deixa milhões de admiradores e seguidores nas redes depois de viver os últimos anos numa luta quase que diária com suas doenças. Há anos, sua saúde estava cada vez mais debilitada, de altos e baixos, com momentos estáveis e outros nem tanto. Pelé foi definhando em vida, longe da bola e cada vez mais distante dos compromissos profissionais. Em seus últimos momentos, nem de longe lembrava aquele atleta esbelto e dono de movimentos precisos. Mas Pelé reinou absoluto até o fim. Ele deixa mulher e sete filhos. Um câncer o derrubou, mas não somente. Ele tinha outras doenças graves, uma delas nos músculos das pernas. Tentou um tratamento nos EUA, mas não deu certo. Também tinha enfermidades no coração.
O melhor de todos
Em 21 anos de carreira, de 1956 a 1977, Pelé conquistou uma enormidade de títulos, pulverizou recordes, aniquilou adversários e marcou um caminhão de gol. O Rei do Futebol desfilava em campo com genialidade e competência e se acostumou a enfileirar taças e troféus com as camisas do Santos, da seleção brasileira e também do Cosmos, de Nova York, onde atuou no fim de sua carreira. Foram anos incríveis do futebol brasileiro.
Não há jogador que tenha atuado ao seu lado que não lhe presta reverência. Todos eles, e foram muitos, dizem em uníssono que Pelé foi o maior de todos. Mesmo quem nunca esteve com ele em campo, sempre o reconheceu como o melhor de todos. Suas conquistas e feitos assombraram o mundo do futebol por duas décadas. Quem viu Pelé jogar, não se engana: ele foi o melhor de todos.
Na noite de 19 de novembro de 1969, Pelé cobrou um pênalti contra o Vasco, no Maracanã, e se tornou o primeiro jogador de que se tem notícia a marcar mil gols como profissional. A façanha do Rei e melhor atletas do século 20 ganhou manchetes em todos os cantos do planeta e serviu para dar mais força ao mito Pelé.
Depois do milésimo, ele marcou mais 281 gols, mas nenhum deles teve o impacto daquela cobrança de pênalti que quase foi defendida pelo goleiro argentino Andrada - ao socar o gramado do Maracanã de tanta raiva, ele deixou claro que não queria ter entrado para a história do futebol mundial daquela maneira: o goleiro do milésimo gol de Pelé.
Foram tantos os jornalistas e curiosos que invadiram o campo depois do gol histórico que o jogo teve de ser interrompido. Carregado em triunfo no Maracanã, Pelé fez um emotivo discurso em favor das crianças pobres e foi muito criticado por isso na época - mesmo assim, passou o resto de sua vida dizendo que mantinha palavra por palavra do apelo que havia feito no calor de um de seus mais gloriosos momentos como jogador de futebol.
Ele disse: “Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus. Muito obrigado”.