A quarta-feira, 9 de novembro, é de muita expectativa, principalmente para os milhares de manifestantes que estão há exatas uma semana em frente aos quartéis pedindo intervenção militar, intervenção federal, entre outras coisas. Será entregue pelo Ministério da Defesa o relatório feito pelos integrantes das Forças Armadas que supervisionaram o desempenho da votação no país no primeiro e no segundo turno.
Desde o dia 2 de novembro, manifestantes estão concentrados em frente aos quartéis em todo o país protestando contra a eleição de Luis Inácio Lula da Silva (PT) como presidente do Brasil. Para quem protesta, um terceiro mandato do candidato petista é considerado inadmissível e muitos se apegam a teorias sem provas concretas para alegar fraude nas urnas. A apresentação do relatório feito pelas Forças Armadas é considerado, por muitos, o objeto que falta para a compravação de irregularidades, mesmo que o documento ainda não tenha sido apresentado.
Uma versão, que já circula entre militares, dá conta de um resumo do relatório do Ministério da Defesa sobre o processo eletrônico de votação a ser apresentado nesta quarta-feira. Nesta versão, não se aponta fraude ou ilicitude. O relatório, porém, atesta “inconsistências” de algumas urnas. Esta constatação, que costuma ocorrer em todas as eleições, não tem significado estatístico, mas deixa brecha para os manifestantes que permanecem nas ruas, além do próprio presidente da República, se agarrarem ao discurso de que houve irregularidade.
A possibilidade do presidente Jair Bolsonaro utilizar o relatório sobre as conclusões do relatório das Forças Armadas sobre o processo eleitoral, que deve ser divulgado nesta quarta-feira, colocou o mundo político em alerta. Adversários, aliados e até mesmo ministros próximos do presidente da República estão no escuro sobre o que ele deverá fazer quanto ao relatório, que vai marcar a última etapa do embate entre o bolsonarismo e a Justiça Eleitoral a respeito da segurança das urnas e do sistema eletrônico de votação.
No TSE, a expectativa é a de que o relatório dos militares se concentre na análise do projeto-piloto do Teste de Integridade das urnas com o uso da biometria de eleitores comuns. Esse teste, feito desde 2002, é uma das principais do processo de auditoria das urnas. Essa foi a principal demanda das Forças Armadas nas negociações com o TSE, que realizava o teste das urnas com a participação de voluntários, mas sem o uso da biometria.