Fornecedores da gigante gaúcha de implementos agrícolas Stara sentiram-se incomodados com um comunicado emitido pela empresa logo após o resultado do primeiro turno das eleições para presidente da República. A carta vazou nas redes sociais e causou mal-estar entre vários setores, pois a empresa afirma que irá cortar 30% das compras em seu orçamento, caso o ex-presidente Lula vença as eleições. A informação foi divulgada pela colunista de GZH, Giane Guerra.
No documento, a empresa diz que cortará em 30% o orçamento caso se mantenha no segundo turno o resultado do primeiro, ou seja, Lula vencendo Jair Bolsonaro na disputa para a presidência da República. A Stara é comandada por Gilson Trennepohl, que é presidente do conselho de administração e vice-prefeito de Não-Me-Toque um empresário que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro desde 2018.
No comunicado, a Stara fala em "atual instabilidade política e possível alteração de diretrizes econômicas no Brasil" como justificativa, mas a recepção não tem sido boa. Fornecedores se sentiram pressionados, especialmente pela parte que reforça que isso afetará "o poder de compra e produção". O Ministério Público já recebeu uma representação contra a empresa com o argumento de coação. Ela é uma espécie de denúncia para provocar uma investigação. Nas redes sociais da empresa, há milhares de comentários publicados desde ontem, sendo a maioria com críticas pela postura adotada.
O documento está assinado por Fábio Augusto Bocasanta, diretor administrativo financeiro da Stara. Em vídeo publicado nas redes sociais da empresa, o diretor Átila Stapelbroek Trennepohl confirma a veracidade do documento e diz que o comunicado foi "dedicado exclusivamente aos nossos fornecedores." Segundo Átila, a Stara é uma empresa que tem prática comum, todo segundo semestre, de realizar a projeção para o próximo ano e compartilhar com os fornecedores.
O caso é investigado como coação eleitoral pelo Ministério Público do Trabalho do RS (MPT-RS). De acordo com o órgão, a Procuradoria do Trabalho (PTM) de Passo Fundo instaurou um inquérito civil nesta terça-feira (4).