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Os mitos e verdades sobre o uso da maconha medicinal

Em uma pesquisa, 70% dos entrevistados brasileiros apoia o uso da cannabis medicinal, embora 59% ainda não saiba quais são as patologias que podem se beneficiar da medicina canabinoide, o que mostra que, apesar dos avanços com relação ao tema, ainda há muitas dúvidas sobre o uso para a população.

04/10/2022 às 11h04
Por: Renata Oliveira Fonte: Trio.com
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Crédito: Reprodução
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O uso da cannabis medicinal é cercado de mitos e verdades, o que torna difícil desmistificar a sua utilização, porém essa planta pode ser benéfica para pacientes com dor crônica, depressão, Alzheimer, esclerose múltipla, epilepsia refratária, autismo, diabetes, entre outras. Segundo a pesquisa “Cannabis é Saúde“, realizada pelo polo de negócios de impacto cívico-sócio-ambiental, CIVI-CO, 70% dos entrevistados brasileiros apoia o uso da cannabis medicinal, embora 59% ainda não saiba quais são as patologias que podem se beneficiar da medicina canabinoide, o que mostra que, apesar dos avanços com relação ao tema, ainda há muitas dúvidas sobre o uso para a população.

Segundo os dados da Anvisa, a importação de produtos à base de cannabis medicinal teve alta de 110% em 2021, o que representa um crescimento de 21.041 mil novas autorizações de importações. 

Para a médica da Clínica Gravital Curitiba, Amanda Medeiros Dias, o preconceito e a desinformação são os principais responsáveis pela maioria das dúvidas com relação ao uso da cannabis. “É fundamental esclarecer que o uso da cannabis prescrita (ou cannabis medicinal), é diferente do uso “recreativo” da erva, sendo que no primeiro caso, o uso não é ilegal e não conta com os efeitos de alteração de consciência. O uso da cannabis medicinal é baseado em evidências científicas, sendo indicada, por exemplo, para pacientes com dor crônica, depressão, Alzheimer, artrite, esclerose múltipla, ansiedade, depressão, epilepsia refratária, autismo, diabetes, estresse pós-traumático, enxaqueca, fibromialgia, insônia, Parkinson e burnout, entre outras patologias”, explica a médica.   

Amanda reforça que essas são algumas patologias que contam com a indicação de uso do canabidiol, que é apenas um dos 140 canabinoides presentes na planta da cannabis. “ Vale reforçar que os estudos sobre o potencial da cannabis e dos produtos derivados dela estão apenas no início. Ainda existem muitos benefícios desconhecidos e estudos sendo realizados no Brasil e no mundo.  Por isso é cada vez mais importante que a população tenha acesso às informações corretas, para que o uso dessa da planta seja desmistificado e possa crescer cada vez mais”, reforça a médica. 

Mitos e verdades sobre o uso da cannabis medicinal:

Usar cannabis medicinal está dentro da lei no Brasil

Verdade. A Anvisa autorizou o uso terapêutico de cannabis medicinal em maio de 2015, por meio da RDC 17/2015. Essa resolução permitiu ao paciente importar o produto mediante autorização expressa da Anvisa e receita médica. Posteriormente, a RDC 327/2019 regulamentou inclusive a venda de produtos à base de cannabis em farmácias brasileiras, porém, a oferta ainda é muito limitada e os preços pouco atrativos.

A cannabis medicinal vai agir no meu cérebro

Verdade. A cannabis medicinal age no cérebro e as substâncias extraídas da planta influenciam no sistema endocanabinoide - sistema que tem como objetivo estabilizar o nosso ambiente interno, por meio de receptores que estão espalhados pelo nosso cérebro e corpo (presente em vários órgãos e tecidos). O sistema endocanabinoide pode ser ativado naturalmente pelo nosso organismo e, também, através dos produtos à base de cannabis medicinal, ajudando a regular uma série de processos fisiológicos como apetite, dor, inflamação, metabolismo, qualidade do sono, humor, memória, imunidade, entre outros.

O uso da maconha medicinal “dá barato”

Mito. O tratamento à base de cannabis medicinal é realizado principalmente com o canabidiol, ou CBD, que não é psicoativo, ou seja, não provoca efeitos sobre a atividade psíquica ou sobre o comportamento do paciente. Mesmo nos casos em que o médico prescreve o THC, que tem ação psicoativa, a dosagem utilizada não tem o poder de deixar a pessoa “alta”.

Corro o risco de ter overdose ao usar medicamentos à base de maconha

Mito. Não há nenhum caso de overdose nem de morte registrado em todo o mundo pelo uso de maconha, pois as partes de nosso cérebro que regulam funções vitais, como a respiração ou o batimento cardíaco, não possuem receptores canabinoides. O tratamento com cannabis medicinal é ainda mais seguro por ser realizado de maneira individualizada, com acompanhamento médico e pelo profissional ser capaz de fazer a interface para a prescrição e escolha de produtos com cannabis que sejam certificados.

O tratamento com cannabis é caro

Verdade. O custo da cannabis medicinal ainda é caro no Brasil, pois o seu tratamento varia de acordo com a condição de saúde do paciente e os produtos e dosagens que serão prescritos para ele. Isso explica por que há tratamentos com custo mensal que variam de R$ 200 a R$ 2 mil. Na média, o investimento mensal gira em torno de R$ 300 a R$ 350.

Ao me tratar com cannabis medicinal, terei que parar de usar meus medicamentos convencionais

Mito. É importante entender que a cannabis medicinal não é uma panaceia nem a cura para todo mal. Tudo vai depender de cada caso. Em algumas situações, os medicamentos à base de cannabis são associados ao tratamento alopático convencional, com o objetivo de trazer mais qualidade de vida ao paciente, em outras, conseguimos fazer o desmame e, com o tempo, até mesmo a suspensão dos remédios tradicionais. Isso varia de caso a caso, cada pessoa deve ser avaliada e acompanhada de perto por seu médico.

Corro o risco de ser preso por usar maconha medicinal

Mito. A cannabis medicinal tem seu uso permitido por lei.

A medicação à base de cannabis vai me deixar cheirando a maconha

Mito. Nunca, porque esse rastro é causado apenas pela queima da erva e, por enquanto, os formatos mais utilizados nas prescrições são por meio de óleos para uso oral ou então produtos de uso tópico.

Todo médico, de qualquer especialidade, pode prescrever maconha medicinal?

Verdade. A Anvisa permite qualquer médico com seu registro no CRM ativo. Porém, ainda são poucos os que realmente conhecem o mecanismo do sistema endocanabinoide e se habilitam a fazer a prescrição por meio de certificações em medicina canábica. Apesar de não haver riscos para a saúde em utilizar medicamentos à base de maconha, usar dosagens não adequadas pode fazer com que o tratamento não atinja todo seu potencial de resultado. Além de ser importante o conhecimento das possíveis interações medicamentosas entre o CBD e eventual outro produto em uso pelo paciente.

O médico acompanha todo o tratamento

Verdade. É incentivado o retorno cinco semanas após o início do tratamento e, depois, pelo menos semestralmente, para realizar um trabalho bastante individualizado e checar a necessidade de fazer reajustes de dose. 

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