O destino nunca está traçado completamente e quando menos esperamos, ele pode nos surpreender. Foi exatamente isso que aconteceu na vida do pequeno cachorro Floki e de Cristina Floki.
Suas histórias se entrelaçaram no mês de agosto quando Floki – que ganhou esse nome por se parecer com um sorvete de flocos – apareceu na frente de Cristina quando ela estava saindo para almoçar no intervalo da empresa Transportes Berolini, localizada em São Vendelino, em Bento Gonçalves. Na mesma hora, Cristina já se encantou pelo peludo e tentou resgatá-lo, mas ele fugiu.
Algumas pessoas ligaram para uma das voluntárias da causa animal de Bento, Daiane Mattos, para que ela ajudasse no resgate. “Fui em busca do pequeno, mas sem sucesso. Acionei a PATRAM que sempre auxilia e igualmente não conseguimos capturar o 'fujão', pois adentrava no mato e aparecia quando queria”, relata Daiane.
Floki continuava voltando ao mesmo lugar e outros funcionários acabaram enviando a foto dele no e-mail da empresa para saber se alguém queria adotá-lo, então Cristina o reconheceu e pediu para os colegas segurá-lo, mas ele voltou a fugir. E assim iniciou a saga de tentar resgatá-lo. “Ele já estava bem magro, quase esquelético. Todos os dias o víamos na empresa, mas não conseguíamos pegá-lo. Ele andava entre os carros e caminhões e quase foi atropelado várias vezes. Ele começou a aparecer machucado, sempre mancando. Nesse meio tempo, como estava muito frio, pedi para o pessoal da empresa fazer uma casinha provisória para ele até eu conseguir pegá-lo. Providenciei uma coberta de lã, água e comida. Várias pessoas se dispuseram a ajudar, levando ração ou ficando de olho para ver se ele vinha. Quando ele aparecia eu ia atrás dele e tentava me aproximar, mas ele corria. Toda manhã quando eu chegava para trabalhar, ia direto até a casinha dele para procurá-lo, mas ele nunca estava lá”, relata Cristina.
Então ocorreu um acidente mais grave com Floki e assim, foi possível resgatá-lo. “Em um dos dias que fui na casinha dele, vi que tinha muito sangue na coberta e sabíamos que ele estava machucado e que precisávamos resgatá-lo de alguma forma para poder ajudá-lo. Passaram-se mais alguns dias e o pessoal que trabalha no turno da noite da Transportes Dumar – próxima à Bertolini – viu ele todo ensanguentado e conseguiram laçar ele. Isso mesmo: Laçar. Como sabiam da minha busca por ele, me ligaram na hora. Lembro que era uma sexta-feira fria e eu já estava de pijama, mas me troquei e fui pegar ele. Chegando lá me deparei com ele muito ferido, de cabeça baixa e com muito medo,” conta Cristina.
Cristina tentou ligar para o SAMU PET, mas sem sucesso, então decidiu levar o animal até uma clínica veterinária, mesmo não tendo condições de arcar com os custos. “Ele ficou internado três dias. Fez exames e me disseram que ele estava com a doença do carrapato, que estava cheio deles pelo corpo todo e que estava com anemia. No sábado fui visitá-lo, mas ele não me deixava chegar perto. Ele tinha muito medo das pessoas”, relembra.
Até que Floki recebeu alta e Cristina decidiu o levar para casa. Ela nem estava pensando em ter outro animal de estimação, pois fazia um ano que havia perdido sua cadelinha. “Não estava procurando nenhum bichinho para adotar, até porque minha cachorrinha, que resgatei ainda filhote do lixo 18 anos atrás, morreu no ano passado. Ainda estava muito triste e não queria mais nenhum animal, mas não podia fechar os olhos para o Floki,” e continua. “Os dias foram passando e ele foi percebendo que aqui ele era bem cuidado e que recebia muito amor e carinho. Ganhou confiança e agora sobe até na cama. Ele só trouxe mais amor pra minha família,” relata a nova dona do animal.
Essa história comoveu muitas pessoas e Cristina conseguiu uma ajuda financeira para os gastos na clínica. A colaboração veio pela divulgação do caso nas redes sociais e pela “vaquinha” que os próprios colegas da Bertolini e da Transportes Dumar organizaram. “Muita gente se comoveu com o caso e ajudou. Só tenho a agradecer imensamente a essas pessoas,” diz Cristina.
A voluntária Daiane também destaca como a solidariedade foi importante para salvar a vida do Floki. “As empresas e os funcionários foram maravilhosos ao abrirem suas companhias para abrigo, comida e ajudar a pagar as despesas. Pessoas maravilhosas que merecem reconhecimento. A mensagem que gostaria de passar é fomentar ainda mais o bem para com essas criaturas deixadas à própria sorte. Acolhimento, perseverança em capturar e a união de esforços foram essenciais para salvar a vida do pequeno Floki, que hoje desfruta do lar com muito amor”, finaliza.
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