O Sindicato dos Agentes da Policía Civil do RS (UGEIRM) recebeu denúncias que relatam uma nova estratégia das facções criminosas que comandam o tráfico em Porto Alegre e na região metropolitana, para frustrar prisões realizadas pela Polícia Civil. Segundo as informações que chegaram até o sindicato, os líderes das facções criminosas estão orientando os criminosos a alegar, durante as Audiências de Custódia, agressões por parte da Brigada Militar e de Policiais Civis no momento das prisões. A orientação dada aos criminosos, é de que durante seus depoimentos, os presos declarem que foram agredidos e tiveram suas casas invadidas de forma ilegal.
Enxurrada de solicitações de abertura de sindicâncias na Corregedoria de Polícia
Essa nova prática do crime organizado tem levado a uma enxurrada de solicitações de abertura de sindicâncias na Corregedoria de Polícia, com acusações de agressões e abuso de autoridade, supostamente cometidas pelos policiais. Somente no último final de semana, foram 43 processos registrados. A UGEIRM teve acesso, inclusive, a áudios de conversas entre criminosos tramando as estratégias para acusar os policiais. Nos áudios, os chefes das facções dizem para os bandidos baterem os braços na parede, para deixar roxos que seriam utilizados como prova. Em outro áudio, o integrante da facção orienta para fazer a denúncia na Corregedoria, dizendo que tiveram a sua casa invadida e foram agredidos no momento da prisão. Em certa altura do áudio, o criminoso diz que vai enviar a foto da policial para que seja feito o reconhecimento na Corregedoria. Os áudios demonstram que existe uma estratégia para ludibriar o Judiciário, que está sendo usado para liberar presos ligados às facções criminosas.
Trabalho de policiais vem sendo desconsiderado nas Audiências de Custódia
Além do aumento do número de pedidos de abertura de sindicâncias contra policiais na Corregedoria de Polícia, a estratégia dos criminosos tem levado a um grande número de soltura de presos durante as Audiências de Custódia. Boa parte desses casos acontece com a alegação de ilegalidade no ato de prisão. Essa realidade tem levado a uma intimidação da atuação policial, com a categoria começando a questionar a validade do seu trabalho. Os profissionais, que arriscam sua vida para realizar as prisões, estão sendo acusados de praticar ilegalidades e vendo seu trabalho desconsiderado, com base apenas no depoimento de integrantes das facções criminosas, sem levar em conta as provas contundentes que constam dos autos. Muitas dessas prisões, são resultado de um longo trabalho de investigação, que envolve toda uma equipe de policiais e são realizadas a partir de um rigoroso trabalho de levantamento de provas, respeitando todo o protocolo de atuação da polícia. Não existe justificativa para que isso seja desconsiderado a partir de uma acusação infundada por parte do preso, que não chega nem mesmo a ser investigada.
Polícia Civil gaúcha sempre se pautou pela legalidade nas suas ações
O Presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, diz que “a insatisfação na categoria é muito grande. As denúncias apresentadas são extremamente graves. Não existe justificativa para que prisões realizadas com a apresentação de provas, com flagrantes comprovados, sejam desfeitas com base meramente em depoimentos de criminosos. Em alguns casos, mesmo com prisões efetuadas a partir de mandados expedidos pelo próprio judiciário, os presos alegam ilegalidades na prisão. A polícia gaúcha é reconhecida pela qualidade do seu trabalho, sempre pautando sua atuação na legalidade e cumprimento do dever, sendo que, até hoje, são raras as acusações de violência e agressões. Os casos só deveriam ser encaminhados a Corregedoria, caso haja provas que comprovem alguma ação ilícita dos policiais, o que não tem acontecido. Porém, mesmo nesses casos, a prisão deveria ser mantida”. Ortiz prossegue, alertando que “ao desconsiderar o trabalho policial, toda a sociedade está sendo atingida. A violência cresceu de forma preocupante nos últimos meses. Boa parte desse crescimento, deve-se a atuação dessas mesmas facções que estão se organizando para atacar a polícia e a sociedade, como mostram os vários casos de violência registrados nos últimos meses, onde muito inocentes foram mortos. Esses criminosos sabem que, quando conseguem desqualificar o trabalho dos policiais, estão abrindo caminho para continuar aterrorizando a população”.
UGEIRM e Feipol-Sul vão levar caso à COBRAPOL
O Presidente da Feipol-Sul e Vice-presidente da UGEIRM, Fabio Castro, afirma que “isso nos causa uma apreensão muito grande. Parece ser uma coisa orquestrada, um processo todo combinado no sentido de denunciarem os policiais por arbitrariedade. Estamos acompanhando e podemos afirmar que as acusações são infundadas, não são verdadeiras”. Fabio Castro também informa que “vamos levar o caso à COBRAPOL, para um posicionamento da entidade nacional dos Policiais Civis, pois essa situação causa uma grande apreensão na categoria”.
“Precisamos esclarecer e colocar isso em pratos limpos. Não podemos colocar em risco a vida funcional dos policiais, que fazem um trabalho excelente. Nos parece uma estratégia no sentido de acusar os policiais para desconstituir as acusações”, acrescentou o dirigente. “Isso causa muita preocupação e indignação”, enfatizou Fábio Castro.
Sindicato vai cobrar providências do Executivo e do Judiciário
Ortiz prossegue, informando que a UGEIRM já procurou a Chefia de Polícia para relatar a situação e já está em contato com a Corregedoria de Polícia, para se inteirar dos processos disciplinares abertos. “Vamos continuar apurando a situação e denunciando esse verdadeiro complô que está sendo orquestrado contra o trabalho dos policiais. Vamos cobrar do Executivo e do Judiciário um posicionamento de defesa dos servidores que, diariamente, colocam suas vidas em risco para proteger a população. Os policiais precisam ser protegidos pelo Estado, nesse momento que os criminosos se articulam para atacar o trabalho policial. Um exemplo, é o que aconteceu em Canoas recentemente, quando em uma ação para pender traficantes em flagrante, os policiais foram recebidos a tiros e, mesmo assim a prisão foi efetuada. Na primeira audiência de Custódia, esses criminosos foram colocados em liberdade. Isso é vergonhoso! Será que nossa vida vale tão pouco?” questiona Ortiz.
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