A entrevista do ex-presidente Lula no Jornal Nacional nesta quinta-feira, 25, era tão esperada quanto foi a do presidente Jair Bolsonaro, dada na segunda-feira, 22 de agosto. A entrevista foi pautada pelas palavras corrupção e pacificação.
O caso envolvendo a prisão do ex-presidente Lula foi deixada de lado pelo JN. Na abertura da sabatina, o apresentador Willam Bonner mencionou que Lula não devia nada à justiça, referindo-se à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou as condenações do ex-presidente em segunda instância. Porém, o início das perguntas envovleram as questões sobre corrupção. Em resposta, Lula afirmou que toda a corrupção tem que ser combatida, mas não pode ser transformada em perseguição política, citando os fatos ocorridos na Operação Lava-Jato. "Durante cinco anos eu fui massacrado e estou tendo hoje a primeira oportunidade de poder falar disso abertamente ao vivo com o povo brasileiro. Primeiro: a corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada", destacou o ex-presidente.
O ex-presidente também destacou os motivos que o levaram a ser candidato novamente. "A minha obsessão, um homem de 76 anos que diz todo dia que tem energia de 30, de voltar a governar esse país, é porque eu acho que é possível recuperar esse país, a economia voltar a crescer, a gerar empregos, a gerar melhoria nas condições de vida da pessoa", declarou.
Lula destacou que polarização é saudável e diferente de estímulo ao ódio
Lula foi questionado sobre o discurso do "nós contra eles" que, ao longo dos governos do PT, alimentou uma forte polarização entre direita e esquerda e resultou em episódios de violência entre militantes dos dois grupos. Como resposta, Lula disse que a polarização é saudável e que nunca tratou os opositores do PSDB, por exemplo, à época, como inimigos. Ele afirmou ainda que polarização é diferente de "estímulo ao ódio". "Feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização nesse país era entre PT e PSDB. A gente era adversário político, a gente trocava farpas, mas a gente se encontrava num restaurante e eu não tinha nenhum problema de tomar uma cerveja com o Fernando Henrique Cardoso, com o José Serra ou com o Alckmin. Porque a gente não se tratava como inimigo, a gente se tratava como adversário", destacou o ex-presidente.
Sobre esta questão da polarização, o ex-presidente destacou que ter Geraldo Alckmin, seu rival político de muitos anos, é uma simbologia de que ele quer a pacificação do país. Segundo ele, Alckmin tem posições divergentes dele em muitos pontos, mas que agora se uniram para combater posições que são antagônicas. "O que eu não quero é que o PT peça pra ele se filiar, porque a gente não quer brigar com o PSB. Eu estou até com ciúmes do Alckmin. Você tem que ver que sujeito esperto. Ele fez um discurso no dia 7 de maio, sabe, quando ele foi apresentado oficialmente ao PT, que eu fiquei com inveja. Ele foi aplaudido de pé. Pergunta pra esposa dele pra dona Lu, que anda com a Janja, para ver ocomo ela está gostando da coisa. O Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo e alma”, declarou o ex-presidente.
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