O sonho de toda a atleta que ama o futebol e o futsal é se profissionalizar e viver do esporte. A história da bento-gonçalvense Thalita Ziero, de 33 anos, foi percorrida no velho continente para se chegar ao objetivo de se tornar uma jogadora de futsal profissional. Há 14 anos atuando na Itália, a atleta disputa a elite do futsal italiano, a Série A da Liga Nacional, passando por diversos clubes de tradição.
O contato com a modalidade iniciou desde criança por meio de seus pais, os quais a levavam para dentro das quadras nos dias de jogos, uma vez que seu pai desempenhava a função de preparador físico. “Eu estava sempre medita em algum lugar com ele. A minha mãe, que nunca o deixava sozinho, estava sempre na torcida e eu acompanhava tudo de perto. Entrava em quadra, batia bola com os jogadores, torcia, gritava na arquibancada. E cá entre nós, não tem como não se apaixonar por esse esporte”, destaca Thalita.
Em Bento Gonçalves, a atleta praticava o futsal na Escola Estadual Cecília Meireles. Posteriormente defendeu alguns times da cidade e da região. Aos 18 anos, Thalita se mudou para a Itália. “Não foi pelo futsal. Chamaria mais como Deus quis assim. E desde então nunca mais voltei a morar no Brasil”, relata.
Na Itália, a jogadora começou a atuar no futebol de campo em 2009 pelo Cagliari, na Sardenha. No mesmo ano atuou pelo Sinnai Calcio, iniciando no futsal feminino italiano. A partir de 2011 até 2022 atuou por diversos clubes da principal competição nacional de futsal feminino, como Molfetta (2011/2012), Salinis Futsal (2012/2016), Grisignano (2017/2019), Cus Cagliari (2020/2021) e Kick Off (2021/2022).
Na temporada passada, vestindo a camisa do Kick Off, a ala anotou 11 gols em 21 jogos disputados. Agora, a bento-gonçalvense se transferiu para o Irpinia Futsal, que disputa pela primeira vez a elite do futsal feminino.
Confirme Thalita, há muitas atletas estrangeiras na competição, o que fez crescer o nível da liga. “A quantidade de estrangeiras que o país tem é muito grande. Quase todas as equipes contam entre cinco e seis atletas estrangeiras, sendo 12 o número de atletas em lista. Isso ajudou muito no crescimento do nível das competições”, pondera.
A Série A do futsal feminino italiano conta entre 14 e 16 equipes, dependendo a temporada. Além disso, os clubes disputam a Copa da Itália, que é realizada em paralelo ao campeonato nacional. De acordo com a atleta, estrutura não falta nos clubes, porém existe dificuldades em contar com profissionais qualificados para fazer o esporte crescer no país.
“Acho que, enquanto o futsal não for considerado um esporte olímpico, ainda haverá muitas dificuldades em ambos os países. Aqui na Itália temos muito mais recursos quando falamos de estrutura. O que falta aqui e que no Brasil temos de sobra são profissionais adequados e qualificados, que amam e trabalham para o crescimento da modalidade”, salienta.
Em suas férias no Brasil, Thalita não deixou o futsal de lado. Ela se juntou à Associação Clube Imigrante, de Bento Gonçalves, e entrou em quadra em partidas válidas pela Série Prata. Neste breve período, Thalita compartilhou um pouco de sua experiência e conhecimento às jovens promessas do time de Bento Gonçalves, as quais também buscam alcançar o mesmo objetivo da ala bento-gonçalvense, o de jogar a nível profissional no futsal ou no futebol de campo.