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Usuários de ônibus em Bento Gonçalves reclamam de lotação

Aqueles que precisam usar os coletivos diariamente sofrem com os poucos horários disponíveis e com o desconforto de viajar de pé. Empresas se manifestam sobre o caso.

22/08/2022 às 11h43 Atualizada em 22/08/2022 às 11h59
Por: Renata Oliveira
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Registro enviado por uma moradora do bairro Vila Nova de um dos ônibus da parte da manhã. Crédito: Arquivo Pessoal
Registro enviado por uma moradora do bairro Vila Nova de um dos ônibus da parte da manhã. Crédito: Arquivo Pessoal

Com o início da pandemia no ano de 2020, muitos horários de ônibus coletivos foram retirados devido à diminuição da população nas ruas em Bento Gonçalves, além do aumento dos preços dos combustíveis que impactou diretamente no valor das passagens. Porém, os usuários que precisam do transporte todo o dia no ano de 2022 vem enfrentando dificuldades com a lotação dos veículos e com a escassez de horários fora dos momentos de pico. 

No final de julho deste ano, a Prefeitura de Bento Gonçalves protocolou um projeto de lei para a concessão de subsídio tarifário ao setor do transporte público. A medida teve como finalidade evitar o aumento das tarifas das passagens. Com um teto de gastos para o subsídio de R$ 2.282.175,00 até dezembro, a ação está pagando R$ 1 real por usuário, no entanto, a passagem têm um desconto de 25 centavos, enquanto a diferença restante está sendo compensada no aporte financeiro às empresas concessionárias.

Contudo, mesmo com essa ajuda no valor, outro problema surge: a lotação dos veículos nos horários de pico. Uma usuária enviou um registro da situação. Ela trabalha no comércio local e mora no bairro Vila Nova II. Segundo ela, pelo menos dois horários de ônibus foram retirados e não foram repostos pela empresa Santo Antônio, fazendo com que um único coletivo suba todas as manhãs superlotado. "É inadmissível o que temos que enfrentar. Mães com crianças pequenas às vezes nem conseguem entrar no ônibus de tanta gente", destacou a moradora. 

A reportagem do NB Notícias entrou em contato com o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Henrique Nuncio, para questionar se com esse subsídio seria possível solicitar a retomada dos antigos horários de ônibus para suprir essa lotação. “É preciso fazer uma avaliação de quais rotas estão com esse problema. Com isso, podemos solicitar o aumento de linhas às empresas, para que se retome com maior brevidade ao mais próximo do cenário anterior a pandemia,” destacou o secretário. 

De acordo com os relatos dos usuários, as linhas que mais estão sofrendo com essa redução são as que passam pelos bairros São Roque e Loteamento Bertolini, nos primeiros horários da manhã e no retorno no final da tarde. Segundo a Empresa Bento Transporte essas lotações estão ocorrendo devido às obras no Túnel do São João. “A obra no Túnel está atrasando as linhas que passam na Zona Norte. Para o Centro, temos ônibus de 5 em 5 minutos, porém os veículos ficam presos no congestionamento próximo da construção nos horários de pico, atrasando em até 15 minutos, fazendo com que o primeiro ônibus que chegue na parada fique lotado. Logo que a obra for finalizada, a situação irá normalizar,” explicou um dos diretores da empresa. 

Já no caso da empresa Santo Antônio, as reclamações estavam chegando das linhas que passam no bairro Vila Nova nas primeiras horas da manhã. Conforme informações passadas pelo setor de logística, as situações são apuradas diariamente e discutidas diretamente com a comunidade. "A empresa realiza monitoramento constante das linhas, verificando as necessidades de cada uma, sendo sugerida a ampliação ou alteração conforme apuração apontada. No caso do bairro Vila Nova, a empresa realizou reunião com o presidente da Associação do Bairro, buscando identificar as necessidades daquela região e apurar soluções viáveis, diante do cenário de dificuldades existente no transporte coletivo urbano," esclareceu uma representante da empresa. 

Na semana passada, o vereador Ari Pelicioli (Cidadania) solicitou ao Prefeito Municipal a possibilidade de aumentar a flexibilidade de mais horários de linhas de ônibus, com o objetivo de atender as demandas dos bairros Cembranel, Aparecida e Nossa Senhora da Saúde via Condomínio Dom Inácio I e II. A demanda foi lida na sessão da última segunda-feira, 15 de agosto. Leia aqui.

Alunos reclamam da falta de ônibus para a UCS

Em uma postagem nas redes sociais, o estudante de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul – Campus Fervi, de Bento Gonçalves, Rafael Audibert, expôs que há poucos ônibus no período da tarde e os que têm, não entram na instituição. A situação complica ainda mais à noite, pois há muitos pontos sem iluminação no caminho até a parada de ônibus. 

A reclamação no período da tarde é que não há nenhum veículo que vá até o interior da universidade e que muitos necessitam descer em pontos distantes, precisando caminhar cerca de 1200 metros até as salas de aula. Além dos estudantes, pessoas que usam os serviços gratuitos oferecidos pela instituição acabam fazendo o mesmo trajeto a pé já que o ônibus para – por muitas vezes – na Avenida São Roque. 

Na publicação, Rafael destaca a situação. “A UCS disponibiliza atendimento gratuito em Psicologia, Nutrição e Direito para a comunidade de baixa renda. Como uma pessoa que procura atendimento gratuito vai conseguir acessar os serviços se não tem como chegar? Como pais levarão seus filhos para atendimento psicológico se precisam caminhar 1200 metros (após o ônibus) com o filho para chegar, e depois outros 1200 metros para ir embora? Ou gastar 20 a 30 reais por trecho para ir de aplicativo? Se for táxi, gastam 70 reais tranquilamente,” diz trecho da postagem das redes sociais.  

Rafael ainda destaca que com essas dificuldades as pessoas não conseguem acessar os serviços. “Se um dos critérios para ser atendido é ser baixa renda, como a pessoa irá bancar um transporte particular? Então muitos acabam deixando de aproveitar as oportunidades devido a escassez de horários dos ônibus coletivos e pela dificuldade de acessar o local,” explica o estudante de Psicologia. “O nosso pedido é que mais ônibus entrem na UCS e que ampliem os horários em outros períodos e não só às 19h30min ou 22h30min, pois as clínicas trabalham até às 20h e fica complicado para os usuários caminharem tanto até a parada mais próxima,” reivindica Rafael. 

A empresa Bento Transportes explica que não há previsão de mudarem os roteiros. “Retiramos alguns horários devido à pandemia, mas atualmente não temos demanda para aumentar os horários ou modificar os roteiros dos ônibus na região,” destaca.   

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Pérola Nascimento Há 2 anos Bento Gonçalves Eu utilizo a linha para o bairro São Roque todo o final de tarde e já contei 107 pessoas dentro do ônibus. O problema não é o túnel. São poucos horários mesmo. É uma falta de respeito com o trabalhador. As condições são humilhantes. O problema não é ficar em pé. É você ficar colado literalmente nas pessoas. Das 16:40 até 18:30 quem vem do centro ou pega o ônibus na rodoviária enfrenta essa situação em TODOS os horários. Trata-se de uma concessão pública. Gostaria de ver um vereador na parada.
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