Jogar profissionalmente foi sempre o sonho de Michele Oliveira, entusiasta do futsal feminino. No entanto, enquanto jogadora, não teve a oportunidade, nem em sua cidade natal, nem em Bento Gonçalves. No entanto, Micha, como é conhecida popularmente, não desistiu. A criação de uma equipe do zero, vinculada à Federação Gaúcha de Futebol de Salão (FGFS), foi o primeiro passo para realizar o seu sonho. Hoje, a Associação Clube Imigrante é campeã da Copa RS de Futsal Feminino em menos de um ano de fundação. 

Com um crescimento exponencial, o Imigrante não só faz sucesso dentro de quadra, como também se tornou um exemplo de organização fora dela. Atualmente, o clube conta com uma ampla estrutura para as atletas, além de uma categoria de base que contempla atletas dos 11 aos 17 anos de idade. O título, sobretudo, é resultado do trabalho de fomento do futsal feminino do Imigrante no município. 

“Criar uma equipe do zero, na beira de um campo, e chegar em menos de um ano a um título de expressão certamente representa muito, não apenas para mim, como presidente, mas como mulher, como jogadora da várzea que sonhou em jogar profissionalmente e não teve oportunidade. Hoje, começamos a dar essa oportunidade para as categorias de base para que, em pouco tempo, possam estar conquistando esses títulos em quadras”, pondera a presidente do clube. 

Com uma espinha dorsal formada por experientes atletas, mesclada com jogadoras que atuaram no futsal amador de Bento Gonçalves, o Imigrante alcançou um dos seus maiores passos até aqui: fazer frente à tradicional equipe da Celemaster, de Uruguaiana, maior campeã estadual. 

Conforme Micha, o título conquistado é fruto da organização extra quadra do Imigrante. “Mostramos que com organização, treino, alimentação saudável, descanso, acompanhamento psicológico, é possível sim ganhar da maior potência do futsal feminino da atualidade no Rio Grande do Sul”, destaca. 

O título:

Em 2021, o Imigrante sofreu uma dura goleada quando enfrentou pela primeira vez a Celemaster, perdendo pelo elástico placar de 17 a 1. Naquela ocasião, as atletas profissionais não atuaram por uma questão de estratégia. Na atual temporada, após um empate em 1 a 1 na primeira fase, o Imigrante superou o time de Uruguaiana, na final, por 2 a 1, na prorrogação, conquistando o título de forma invicta. 

“Naquela ocasião não saímos de quadra de cabeça baixa. Pelo contrário, sabíamos que teríamos muito trabalho pela frente. E essa terceira vez, em menos de um ano, enfrentar a Celemaster novamente, porém na final, e ainda ganhar após um grande duelo em quadra, sem dúvidas é um sentimento muito gratificante”, comemora. 

Conforme relata a presidente, as atletas estiveram treinando duas vezes por semana com duas horas, no mínimo, de treino, e contaram com o apoio de psicóloga, que, segundo Micha, foi preponderante para as decisões. “Confesso que dentro do meu coração sabia que isso seria possível, pois se do lado adversário sabíamos que tinha atletas ótimas, elas sabiam que do nosso lado também contávamos com excelentes jogadoras. Na final, mesmo perdendo, permanecemos focadas em quadra, e buscamos o empate no tempo normal, e a virada na prorrogação”, comenta Micha. 

Agora, o objetivo é conquistar o principal título a nível estadual, a Série Ouro de Futsal Feminino. “Na Série Ouro, não será diferente, queremos essa conquista também. O caminho não será nada fácil, inclusive a Celemaster ficou na nossa chave na fase classificatória, então cada jogo vamos encarar como uma grande decisão. Vamos continuar trabalhando muito para isso, treino e mais treino, humildade, organização, motivação, esse é o segredo para vencer”, salienta.