Viver Bem Tireoide
Distúrbios da tireoide: hipertireoidismo e hipotireoidismo
A tireoide afeta principalmente as mulheres, com uma proporção que varia de 5 a 7 mulheres para cada homem.
18/07/2022 10h23
Por: Jaqueline Bagnara Fonte: Divulgação (drauziovarella.uol)
Divulgação

A glândula tireoide, localizada na parte inferior do pescoço, é importantíssima para o funcionamento harmônico do organismo. Os hormônios liberados por ela são responsáveis por garantir que o coração, o cérebro e muitos outros órgãos exerçam suas funções adequadamente. 

Quando há um desequilíbrio nessa produção, temos os distúrbios da tireoide. A superprodução dos hormônios tireoidianos provoca o hipertireoidismo. Já quando a produção não atinge os níveis hormonais necessários, falamos em hipotireoidismo.

Os hormônios da tireoide são a tiroxina (T4) e a tri-iodotironina (T3). Eles são fundamentais para o metabolismo, ou seja, o conjunto de reações necessárias para assegurar todos os processos bioquímicos que ocorrem no nosso corpo.

Hipotireoidismo

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No hipotireoidismo, há queda na produção de hormônios da tireoide. Como eles são fundamentais para a ativação do metabolismo, as atividades do organismo tendem a entrar em declínio. 

Com isso, há uma diminuição na atividade cerebral e no batimento cardíaco. A pessoa pensa mais lentamente, tem tendência à depressão e à sonolência, e os reflexos também se lentificam. Há maior deposição de líquidos no corpo, o que provoca o mixedema, edema duro e com aspecto de pele opaca, relacionado ao característico aumento de peso. Além disso, pode haver alteração menstrual e na potência e libido dos homens.

Se não tratada, a doença pode ser grave e fatal. O endocrinologista Marcello Bronstein explica. “No estágio final da doença, os pacientes tornam-se mixedematosos (forma severa de hipotireoidismo, que ocasiona queda da consciência, hipotermia e outros sintomas relacionados à diminuição da função tireoidiana, afetando múltiplos órgãos), entram em coma, e o tratamento pode ser infrutífero.”

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Diagnóstico

O exame dos níveis de TSH pode ajudar no diagnóstico tanto do hipotireoidismo quanto do hipertireoidismo. O hormônio estimulador da tireoide, TSH na sigla em inglês, é um hormônio fabricado pela hipófise, uma glândula que fica no meio do cérebro, que controla o funcionamento da tireoide e de várias outras glândulas. É o TSH que estimula a tireoide a produzir os hormônios T4 e T3, que, uma vez fabricados, inibem a produção de TSH.

Dessa forma, se a fabricação de hormônios pela tireoide for prejudicada, haverá um aumento de TSH para tentar corrigir essa deficiência. Esse é o primeiro estágio de hipotireoidismo subclínico.

Nos casos de hipertireoidismo, o comum é que as taxas de TSH estejam abaixo do normal, porque o excesso de hormônios de tireoide inibe o funcionamento da hipófise. 

Nódulos na tireoide

Os distúrbios da tireoide afetam principalmente as mulheres, com uma proporção que varia de 5 a 7 mulheres para cada homem. Segundo Bronstein, “mulheres com mais de 40 anos têm cerca de 40% de probabilidade de apresentar nódulos na tireoide; acima dos 50 anos, esse número sobe para 50%; e, depois dos 70 anos, praticamente 90% delas têm nódulos na tireoide, que podem estar localizados superficial ou profundamente”.

Uma vez que o nódulo é detectado, cabe ao médico decidir sobre a solicitação de um ultrassom e/ou uma biópsia. O procedimento costuma ser pedido nos casos em que as massas têm mais de 1 centímetro. Mas não há motivo para se desesperar: nódulos tireoidianos são encontrados em quase metade da população acima dos 40 anos. Desses, apenas de 15% a 20% são malignos. 

“Não é um índice desprezível, concordo. No entanto, quando se fala em câncer, faz muita diferença ser um câncer de pâncreas ou de tireoide. A agressividade do câncer de tireoide é, em geral, muito baixa, tanto que cerca de 5% da população que morreu de gripe, infarto, dengue ou atropelada, quando submetida à autópsia, apresenta nódulos malignos assintomáticos na tireoide”, explica o endocrinologista. 

Tratamento

Em caso de TSH elevado, há necessidade de realizar o exame do T4, um dos hormônios da tireoide. Se ele estiver normal, o diagnóstico é hipotireoidismo subclínico ou inicial. Se estiver abaixo do recomendado, é a versão clínica ou manifesta do distúrbio. Em qualquer um dos cenários, o tratamento é realizado com a reposição de hormônios tireoidianos; o que muda é a dose recomendada em cada caso. 

O tratamento é considerado tranquilo, já que há poucos efeitos colaterais, uma vez que o hormônio administrado é um hormônio produzido pelo próprio organismo. A medicação deve ser tomada diariamente, e o paciente deve estar em jejum. 

Já se o TSH estiver baixo e os hormônios da tireoide estiverem dentro dos limites, há um hipertireoidismo subclínico. O tratamento deve ser avaliado individualmente, como diz o dr. Bronstein: “O tratamento vai depender da causa do distúrbio e deve ser efetuado principalmente na terceira idade, por causa do risco de arritmias cardíacas e/ou osteoporose. Níveis elevados dos hormônios da tireoide fazem parte do quadro de hipertireoidismo clínico, que, obrigatoriamente, deve ser tratado”.

Prevenção

A partir dos 40 anos, é recomendada a dosagem anual do TSH junto à checagem de colesterol, triglicérides e glicemia. O exame facilita a identificação do hipotireoidismo e do hipertireoidismo subclínicos, quando a desregulação existe, mas ainda é inicial. Dessa forma, o tratamento já pode ser iniciado e apresenta melhores resultados.  

Mas quem tem casos de hipertireoidismo ou hipotireoidismo na família deve redobrar os cuidados. Nesse caso, o médico pode recomendar que o acompanhamento do TSH se inicie antes dos 40 anos. Há ainda a tireoidite de Hashimoto, causa mais comum do hipotireoidismo. “Trata-se de uma inflamação da tireoide que provoca a redução paulatina de seu tamanho até a glândula perder sua função. A tireoidite de Hashimoto é uma das doenças autoimunes, ou de autoagressão, que têm a incidência aumentada em pessoas da mesma família.”