Você pode até achar muito engraçado ou até mesmo inusitado, mas o assunto é muito sério. Pesquisadores da Universidade de Harvard estudam a possibilidade da criação de Banco de Fezes Humanas, com o objetivo de salvar vidas. Eles acreditam que transplantes de microbiota fecal (nome científico dado para as fezes) podem ajudar a tratar uma série de doenças e até retardar o envelhecimento.
A pesquisa está em fase inicial, porém, em Porto Alegre foi realizado o primeiro transplante de fezes da América Latina. O paciente da época foi o médico Pedro Schestatsky, PhD em Neurologia em Harvard e professor da UFRGS por mais de 10 anos. Ele comemorou a iniciativa, pois já vem estudando esse tipo de tratamento para males como Alzheimer, esclerose múltipla e Parkinson.
Segundo o médico, cerca de 90% dos neurotransmissores cerebrais, como a dopamina, a serotonina e a noradrenalina (que compõem a maioria dos antidepressivos), são produzidos no intestino - chamado pelos cientistas de “segundo cérebro”. É por isso, que alguns pesquisadores apostam no transplante de fezes até mesmo para tratar casos de depressão e ansiedade.
De acordo com Schestatsky, existe até tipos de pessoas que produzem fezes de melhor qualidade. A tribo Hadza, que vive no norte da Tanzânia, na África, tem a fama de possuir o “melhor cocô do mundo”. O grupo é fonte de estudos pela diversidade e eficiência do microbioma intestinal. Isso é resultado de hábitos alimentares milenares, baseados no consumo de caça (animais selvagens) e na coleta de frutos silvestres e tubérculos.