Um novo modelo de ensino está chegando em Bento Gonçalves. Com a promessa de ser uma instituição inovadora e diferente dos moldes tradicionais, a escola de Ensino Médio do Sesi-RS vem com o objetivo de preparar o jovem para os desafios do século XI, além de prepara-lo para o mercado de trabalho.
Detalhes sobre a construção da escola foram discutidos nesta quarta-feira, 15, durante visita do superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi-RS), Juliano Colombo, à cidade. Participaram do encontro integrantes do Conselho Consultivo do Sesi-RS, composto por representantes do setor industrial e presidido por Ivacir Foresti, além de autoridades da região.
De acordo com Juliano, a escola será construída centrada no jovem e ao mesmo tempo, conectada com o mercado de trabalho. "É um estilo de ensino diferente, com turno integral, que irá trabalhar com projetos e os alunos que transitam nas salas e não os professores. A tecnologia estará presente em todas as salas de aulas e o professor de português, artes ou matemática poderá usar em suas classes tudo o que a estrutura tecnológica oferece," destaca.
Outro ponto importante nesse modelo é que o aluno, a partir do 2º ano, já poderá iniciar um curso técnico no contraturno - sem acrescentar anos a mais na formação - e terá mais liberdade para decidir seu futuro. "O jovem de hoje é questionador e não quer mais estar em uma escola que não faça sentido, então aqui daremos a oportunidade do aluno poder fazer as suas escolhas e ainda ser ensinado a construir um projeto de vida duradouro," frisa o superintendente.
Também estão previstas a reformulação e a ampliação das aulas em contraturno tecnológico com ênfase em pensamento computacional nas escolas do Sesi para as crianças de seis a 15 anos, no turno inverso à escola, em várias cidades do Rio Grande do Sul, incluindo Bento Gonçalves. Com a ampliação, serão abertas mil novas vagas em todo o Estado.
Maristela Longhi, que estava representando as indústrias do setor moveleiro, reitera que a escola não vem como uma forma de desmerecer as instituições de ensino tradicionais. "A nossa posição como SESI não é concorrer com as outras escolas da cidade e sim, estar unindo esforços, lado a lado com o Poder Público, para melhorar ainda mais a educação do município, fazendo com que isso beneficie os estudantes e também as indústrias que necessitam de uma mão de obra qualificada", explica Maristela.
Infraestrutura
A primeira opção para a instalação da instituição de ensino é no Centro Esportivo Sesi de Bento Gonçalves, no bairro Fenavinho. Estudos sobre a viabilidade do terreno estão em andamento pelo setor de engenharia do Sesi-RS, além de avaliação de questões legais que envolvem a área. A escola terá mais de 4,3 mil metros quadrados de área construída, incluindo salas de aula, laboratórios, biblioteca, espaço maker para trabalhos com tecnologia, ginásio de esportes, além de outras estruturas educativas. A previsão é de que a Escola de Ensino Médio em tempo integral inicie a operação em 2026, com capacidade de atendimento de até 360 alunos e com a formação de três anos, tal qual o ensino regular.
“Com o apoio das indústrias, que geram os recursos que permitem iniciativas como essa, o Sesi-RS está realizando um investimento que tem o poder de transformar a vida de muitos jovens e de contribuir para o desenvolvimento de Bento Gonçalves e da região. Isso se efetiva por meio de educação que faz sentido e que está conectada com as transformações do mundo do trabalho e da sociedade cada vez mais digital”, afirmou Juliano Colombo.
A construção da escola em Bento Gonçalves integra o programa A Indústria pela Educação, lançado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) no dia 25 de maio, e a Capital da Uva e do Vinho foi escolhida para se tornar uma das sedes devido ao seu grande polo industrial e consequentemente o número de trabalhadores da área e seus dependentes, sendo assim, o público-alvo será os filhos de empregados do setor, de 14 a 18 anos, que poderão receber bolsas gratuitas e parciais, e da comunidade em geral.
Também serão construídas escolas em Caxias do Sul, Canoas, Lajeado, Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul, além da ampliação da estrutura já existente em Pelotas. Quando em funcionamento, as unidades, somadas, deverão gerar 2,4 mil novas vagas para estudantes e 300 empregos diretos.
O investimento ainda contempla a criação de um Instituto de Formação de Professores, em Porto Alegre, dedicado à capacitação e à qualificação de educadores de escolas públicas e privadas, principalmente por meio de parcerias com os municípios gaúchos. Além de qualificação docente, o espaço (que será instalado em um prédio da Travessa Leonardo Truda, no Centro da Capital) fará pesquisas e estudos de dados educacionais do Estado, produzindo análises qualitativas que permitam construir soluções personalizadas para os professores.
A aplicação dos R$ 300 milhões deve começar ainda em 2022, com o lançamento do Instituto de Formação de Professores, e ser concluída no primeiro semestre de 2027. A previsão é de que as primeiras escolas a serem construídas entrem em operação em 2025. É o caso de Lajeado, no Vale do Taquari, e de Canoas, na Região Metropolitana, onde as obras devem começar no início do ano que vem.
Ensino Médio de excelência
A primeira escola de Ensino Médio do Sesi-RS começou a operar em 2014, em Pelotas. Hoje são mais quatro unidades: Sapucaia do Sul, Gravataí, Montenegro e São Leopoldo. A decisão de concentrar investimentos no Ensino Médio, por meio de um modelo diferenciado de educação, surgiu a partir da constatação de que era preciso mudar a forma de ensinar, já que a escola tradicional não está conseguindo formar jovens preparados para os desafios da sociedade no século 21, bem como para as mudanças no mundo do trabalho.
Com índices de evasão e de reprovação perto de zero e com resultados de destaque no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), as Escolas do Sesi-RS já receberam mais de cem premiações em eventos científicos no Brasil e no Exterior, além do reconhecimento do Ministério da Educação como uma das instituições mais inovadoras do país.
As seis novas escolas seguirão a proposta pedagógica que já tornou o Sesi-RS referência em educação, na qual o aprendizado se dá por meio da pesquisa, as tecnologias de inovação estimulam a criatividade e a solução de problemas, as turmas são divididas em grupos para incentivar o trabalho colaborativo e os professores atuam como mentores, em apoio aos estudantes na busca de respostas para cada desafio.
Com esse novo investimento, a indústria gaúcha ainda colabora com a educação ao agir em favor da Meta 6 do Plano Estadual e do Plano Nacional de Educação, que destacam a importância da oferta de escolas em tempo integral no nível médio. Atualmente, a rede estadual gaúcha conta com 17 escolas de Ensino Médio com jornada em tempo integral. Com a expansão anunciada, o Sesi-RS terá 11.
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