Menos de três meses depois de ter renunciado ao cargo de governador do estado e ver naufragar o sonho de ser candidato a presidente da República, Eduardo Leite está de volta para concorrer ao governo do estado. Ele anunciou na manhã desta segunda-feira, 13 de junho, na sede do PSDB, em Porto Alegre, a sua pré-candidatura a governador.
A avaliação política é de que a candidatura de Leite acaba se impondo, por ele ter maior envergadura política e eleitoral, conforme demonstram as pesquisas realizadas até o momento. Leite disse que começou a amadurecer a ideia de disputar um novo mandato em janeiro, ante dificuldades para manter a base de apoio unida em torno de outro candidato e de apelos que passou a receber de setores empresariais pela continuidade. Citou reiteradamente ter sentido necessidade de se apresentar diante de outros postulantes ao Piratini, que chamou de "populistas" à esquerda e à direita, que ameaçam romper com políticas construídas no seu governo, como a adesão ao regime de recuperação fiscal.
Com berço político em Pelotas, no sul do Estado, Leite buscou alçar voos nacionais e disputou as prévias do PSDB para concorrer à Presidência da República. Perdeu a disputa, mas, ainda assim, deixou o cargo de governador em 31 de março, de olho na eleição nacional — na expectativa de que o adversário, o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), desistisse em seu favor.
Outro emblema com o qual Leite terá de lidar provém das reiteradas declarações dadas ao longo da carreira sobre ser contra a reeleição. Ele sempre afirmou que não concorreria ao segundo mandato no Piratini, mas agora o faz, abrindo margem para questionamentos.
O ex-governador reagiu à crítica de que, após o insucesso na tentativa nacional, voltou ao Rio Grande do Sul como plano B. Afirmou que, se quisesse ser candidato à Presidência a qualquer custo, poderia ter aceito uma das possibilidades que lhe foram oferecidas. O PSD, por exemplo, abriu legenda para a candidatura de Leite, mas ele optou por ficar no PSDB. Também afirmou que somente aceitou concorrer novamente ao Piratini por estar fora do governo, após a renúncia. Na atual condição, avaliou Leite, ele poderá concorrer "sem usar instrumentos do poder para conquistar votos ou negociar alianças e apoio".
Haverá ainda tabus diante de Leite. Um deles é o fato de nenhum governador gaúcho ter sido reeleito na história pós-redemocratização. O tucano volta ao páreo apostando em resultados na gestão fazendária, no enfrentamento à pandemia, em estatísticas da segurança pública, nas sempre polêmicas privatizações concretizadas e na retomada de investimentos do setor público e privado em áreas diversas, incluindo infraestrutura.