O cantor Gusttavo Lima se viu envolto em uma discussão política e o pagamento de seus shows, que superam a casa de R$ 1 milhão em alguns casos, despertaram o sinal de alerta em diversas promotorias pelo Brasil. Apresentações do astro agendadas em cidades do interior de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Roraima motivaram a abertura de investigações devido aos altos cachês cobrados pela equipe do cantor e à suspeita de desvio de finalidade dos recursos. A repercussão do assunto gerou o cancelamento da agenda do artista na cidade mineira de Conceição do Mato Dentro, onde ele faria um show orçado em R$ 1,2 milhão.
Nas redes sociais, usuários passaram a apontar que, embora aleguem não precisar da Lei Rouanet, os cantores sertanejos costumam fazer apresentações pagas com verba municipal, que também é dinheiro público. A prática é comum entre artistas de todos os espectros políticos e, a priori, não há ilegalidade. A discussão, então, acabou desembocando nos valores cobrados por Gusttavo Lima às cidades que ele percorre. O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) instaurou procedimento para apurar o pagamento de R$ 2,3 milhões pela prefeitura de Conceição do Mato Dentro aos cantores que se apresentariam em um evento na cidade em junho, Lima entre eles. Há suspeita de desvio de verba porque o cachê seria pago com dinheiro da Compensação Financeira pela Exploração Mineral, que só pode ser gasto com Saúde, Educação e Infraestrutura.
Lima também virou alvo de investigação pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que abriu inquérito para apurar o pagamento de R$ 1 milhão ao artista por uma apresentação no município de Magé. Antes, o MP de Roraima já investigava a contratação do astro por R$ 800 mil pela prefeitura de São Luiz. Após ter shows cancelados e virar assunto para discussões acaloradas na internet, Gusttavo Lima foi às redes sociais negar as suspeitas de irregularidades. Chorando, o cantor afirmou que “não compactua com dinheiro público” e disse cobrar um valor padrão das prefeituras. “Não é porque é uma prefeitura que vou deixar de cobrar meu valor até porque eu tenho contas para pagar”, argumentou.
Gasto duvidoso em algumas cidades
O município de Teolândia (BA) vai gastar R$ 1,2 milhão para bancar uma festa com artistas após ter sofrido com as chuvas e no momento em que a população ainda enfrenta os efeitos dos desastres. Só com o cachê de Gusttavo Lima, serão R$ 704 mil. A prefeita da cidade, Maria Baitinga de Santana (Progressistas), conhecida como Rosa, disse que o sonho dela é conhecer o cantor sertanejo. “Gente, eu sempre tive um sonho, gosto demais”, disse a prefeita ao anunciar a contratação.
Enquanto destina R$ 1,2 milhão para bancar cachê de artista, a prefeita alegou “incapacidade financeira e comprometimento com outras áreas” para não pagar o piso salarial dos professores. Assim, descumpriu a lei federal que institui o salário mínimo do magistério. Ela também apelou aos próprios moradores, pedindo que enviassem PIX para conta da prefeitura que não tinha recursos para socorrer os desabrigados pelas fortes chuvas que atingiram o estado no início do ano.
Para a Festa da Banana, o maior valor será gasto na contratação de artistas de sertanejo, forró e “arrocha”. São R$ 80 mil para Marcinho Sensação e R$ 170 mil para Unha Pintada. Principal evento do calendário da cidade de Teolândia, localizada a 140 km de Ilhéus, a festa acontecerá entre 4 e 13 de junho deste ano. O sonho da prefeita se realiza no domingo, 5, quando Gusttavo Lima subirá ao palco num show de uma hora e meia.