O ministro da Educação, Milton Ribeiro, deixou o cargo à disposição do presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira, 28 de março, após a divulgação de novas acusações de suposto favorecimento na aplicação de recursos da pasta em troca de vantagens para pastores e igrejas. Além disso, há uma denúncia de distribuição de vários exemplares de uma edição da Bíblia com fotografias do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em um evento organizado pelo MEC em Salinópolis, no Pará, cidade a 220 quilômetros de Belém, em julho do ano passado.
A primeira informação era de que Ribeiro teria pedido primeiro uma licença, para se concentrar em sua defesa. Porém, a situação teria ficado "insustentável" diante do bloco duro do governo e a exoneração do cargo deve acontecer para evitar mais danos à campanha eleitoral do presidente, segundo interlocutores da ala política do governo. A palavra final agora está com Bolsonaro. O presidente teria decidido aceitar o pedido de exoneração do ministro e, de acordo com interlocutores, ele deve deixar o cargo até o dia 1º. Busca-se até lá uma "saída honrosa". No lugar de Ribeiro deve assumir o atual secretário-executivo da Pasta, Victor Godoy Veiga.
O ministro está mergulhado em suspeitas de envolvimento em esquema de corrupção na sua pasta. Uma série de reportagens do Estadão revelou que o ministro dividiu o comando do MEC com dois pastores acusados de cobrar propina de prefeitos em troca de liberar recursos na pasta. O Estadão mostrou com vídeos, fotos e agendas que o ministro recebia prefeitos a pedido dos pastores em seu gabinete e participava de eventos organizados por eles.
Em um dos áudios, Ribeiro diz que jantou com um prefeito do Maranhão que acabara de sair da prisão porque um dos pastores “pegou no seu pé”. O pastor Arilton Moura pedia dinheiro e até barra de ouro como propina de prefeitos, conforme revelou o Estadão, em troca desse acesso.
O jornal também mostrou que o ministro teria recebido do prefeito Junior Garimpeiro um bracelete de ouro durante um jantar em Brasília no qual se tratou de liberação de dinheiro no MEC. Questionado há cinco dias sobre se o ministro recebeu o presente, o MEC não respondeu.
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