O presidente da República Jair Bolsonaro vai para a disputa da reeleição nas eleições presidenciais com o apoio dos principais partidos do bloco chamado Centrão. Além de seu partido, o PL, também confirmaram apoio à candidatura o Republicanos e o Progressistas.
A última adesão foi a do Republicanos, confirmada na quinta-feira, 24 de março, pelo presidente nacional do partido, o deputado federal Marcos Pereira. A relação entre o Republicanos e o governo estava estremecida, com sinais nos bastidores de que o partido estava formalmente fora da base governista e que ficaria neutro no primeiro turno das eleições. A cúpula se ressentia da falta de prestígio dada por Bolsonaro e Marcos Pereira explicitou isso no fim de fevereiro, quando disse que o presidente da República "só atrapalhou" o crescimento da legenda.
O Republicanos entrou na janela partidária com 31 deputados federais e, atualmente, conta com 41 em exercício, tendo superado a marca almejada por Pereira. A meta, contudo, foi atingida sem o apoio direto de Bolsonaro. O discurso na bancada é de que o governo não teve a preocupação em compor com as legendas da base e distribuir a filiação de aliados do presidente entre PP e Republicanos.
O PL, por exemplo, saiu de 43 deputados antes da janela partidária para 65, atualmente, sendo o maior partido da Câmara dos Deputados. O PP, que também não contou com a influência direta de Bolsonaro para acomodar aliados, teve um salto mais tímido, de 43 deputados em exercício para 46.
Os sinais de uma possível neutralidade do Republicanos no primeiro turno acenderam o sinal de alerta no governo. Afinal, cálculos internos feitos pelo núcleo duro de Bolsonaro sugerem a possibilidade de vitória e reeleição nas urnas sem a necessidade de um segundo turno. Mas, segundo membros da coordenação eleitoral, isso só será possível com uma grande estrutura partidária.
Por isso, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos coordenadores eleitorais da campanha presidencial junto do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e do presidente licenciado do PP e ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, aprofundou as conversas com Marcos Pereira para chegar a um acordo que mantivesse o Republicanos na base eleitoral.
O diálogo entre o senador e o chefe do Republicanos se arrastou ao longo dos últimos 30 dias até chegar em um denominador comum para ambos. O partido apresentou como demandas a filiação da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, bem como o controle da pasta, além da filiação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. A possibilidade de filiação do pré-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, o ministro da Defesa, Braga Netto, também entrou em pauta.
As negociações avançaram e Flávio apresentou as demandas ao pai, que chamou Marcos Pereira para selar o acordo em uma reunião fora da agenda oficial, na quinta, no Palácio da Alvorada. Ali, ele consentiu com a filiação de Damares e Tarcísio no Republicanos e em ceder o ministério dela ao partido.