A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bento Gonçalves vive uma situação delicada e de extrema urgência, principalmente no que diz respeito ao atendimento de crianças. Com poucos pediatras atendendo, a unidade não vem dando conta do volume de pacientes que recebe. Nesta segunda-feira, 14 de março, algumas mães ficaram com seus filhos pequenos por mais de oito horas esperando por uma consulta médica.
A reportagem do NB Notícias recebeu dezenas de ligações de mães reclamando da falta de atendimento na unidade de saúde. A maioria, tinha chegado antes do meio-dia na UPA e até as 18h ainda não tinham sido atendidas. Em todos os casos, as mulheres informaram que o atendimento realizado pelas enfermeiras na triagem era muito rápido e ágil, porém, quando eram encaminhadas para a consulta médica, começava o desespero.
Segundo as denúncias, apenas um pediatra realizava o atendimento na unidade e, ainda sim, com um grande intervalo de tempo entre um atendimento e outro. No final da tarde desta segunda-feira, 14, um segundo médico pediatra chegou, porém, às 19h, o primeiro médico deixou o posto. A mãe de um menino de 2 anos e meio falou ao vivo no Programa Ponto & Vírgula, na TV COM Bento Gonçalves sobre a situação. "Estou aqui desde às 14h (já eram 20h30min), meu filho com febre, sem comida, esperando pelo atendimento. Isso é um verdadeiro absurdo o que estão fazendo com a gente", relatou a mãe em desespero.
O que diz a prefeitura de Bento Gonçalves
A prefeitura de Bento Gonçalves emitiu uma breve nota dizendo que está buscando aprimorar os atendimentos na UPA 24 Horas. "A Secretaria Municipal da saúde trabalha para ampliar o número de pediatras, na UPA, no bairro Botafogo. Durante a tarde desta segunda-feira (14) foi registrado um tempo maior de atendimento das crianças junto ao serviço de saúde. A SMS já notificou a empresa terceirizada, responsável pelo serviço, para aumento no número de profissionais", informou a nota.
Funcionários estão esgotados e não aguentam mais a negligência médica
Em meio ao caos no atendimento da população, quem sofre são os funcionários que trabalham na liha de frente da UPA. Enfermeiros, técnicos de enfermagem acabam tendo que ouvir os xingamentos da população que não tem médicos para realizar o atendimento. Muitos estão esgotados, devido ao ritmo de trabalho imposto ao longo de dois anos de pandemia, além de terem que assistir a negligência de alguns médicos.
Segundo algumas denúncias, além de serem poucos profissionais, muitos médicos não estão nem aí para a população; Eles ficam fazendo outras coisas no consultório, ficam no celular e as pessoas esperando que nem bobas na fila. E nós não podemos fazer nada, temos que apenas assistir essa cena deplorável, além de sermos xingados por eles", revelou uma profissional que atua na unidade e pediu para não ser identificada.
De acordo com alguns colaboradores da UPA 24 Horas, a situação é ainda pior durante à noite, quando os profissionais simplesmente saem para jantar e chegam a ficar duas horas fora, sem que ninguém fique atendendo. Nas madrugadas, muitos ficam dormindo e a população tem que ficar esperando para que em algum momento os profissionais acordem e comecem os atendimentos. "Às vezes da vontade de pegar o celular e gravar todas as coisas que eles fazem. Infelizmente preciso desse emprego e não tenho como fazer isso", declarou outra funcionária.
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