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Pesquisa aponta que 90% das mulheres possuem algum medo de dirigir

Medo de ferir alguém, de se machucar ou morrer e até mesmo de danificar o veículo ou outros bens estão na lista de temores entre as mulheres.

10/03/2022 às 11h31 Atualizada em 10/03/2022 às 12h33
Por: Marcelo Dargelio
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Pesquisa aponta que 90% das mulheres possuem algum medo de dirigir

Enfrentar o trânsito, embora pareça uma atividade simples, é motivo de pânico para muitos motoristas. Levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) apontou que essa insegurança atinge pelo menos dois milhões de brasileiros e que 80% são mulheres. Esse número é até maior, segundo a Clínica de Psicologia do Trânsito (Psicotran), de Curitiba. “O medo de dirigir acomete mais mulheres do que homens. São 90% mais [mulheres]”, afirma a psicóloga Salete Martins, citando a pesquisa feita entre os anos de 2009 e 2018. E elas são muitas no trânsito nacional: conforme o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), até março do ano passado, elas figuravam com 35% do total de Carteiras Nacional de Habilitação (CNH) válidas no País. Eram 25,8 milhões de motoristas mulheres circulando por aí.

O receio de ferir alguém, de se machucar ou morrer e até mesmo de danificar o veículo ou outros bens são apontados como os principais na lista de temores entre as mulheres motoristas. Salete Martins vai tratar do tema ao longo do mês de março, na ação batizada “Bellas na Direção”, organizada pela BellosCar, em Curitiba/PR. Sobre o medo de dirigir, a psicóloga fala com maiores detalhes, dados e cases na palestra “Supere o Medo de Dirigir”, marcada para o dia 12. A profissional dá um spoiler e garante: o medo tem cura. “O medo é multifatorial. Pode ser por questões ambientais, culturais, um trauma, por isso a importância de uma avaliação de um especialista. É necessário fazer tratamento, para tratar a dor emocional e as dificuldades que geram ansiedade e medo no trânsito”.

Os bloqueios no trânsito também têm relação com a ansiedade e, na prática, se transformam no medo de perder o controle do carro, em estacionar entre dois carros e também no receio de atrapalhar os outros motoristas ou o próprio trânsito. Entendendo bem de carro e da importância de saber ao menos o básico sobre os cuidados com o veículo, os profissionais da Bellos darão mais uma forcinha para as mulheres neste mês especial. “As mulheres não podem e nem ficam mais reféns dos maridos, dos companheiros ou de qualquer outro homem. Elas podem e devem conhecer sobre seus veículos, tendo autonomia e conhecimento para enfrentar desafios e viver com tranquilidade uma longa viagem, por exemplo, ou simplesmente a rotina de um trânsito mais complexo”, diz Ramon Lemes, gestor de Marketing.

Convidada especial para o evento e cheia de vontade de escrever um livro para contar sua história e inspirar outras mulheres, está Thais Roland. Formada em Ciência da Computação, trabalhou por quase 15 anos com redes de computadores e, entre os anos de 2009 e 2010, acelerou em direção ao seu próprio encontro. “Sou apaixonada por carros desde criança! Amava passar as tardes com meu avô arrumando os carros da família, dos vizinhos e de amigos. Em 2008 fui ao meu primeiro Salão do Automóvel sozinha e criei o blog pra me aproximar dessa paixão”, conta. Logo veio o primeiro curso, o planejamento, a oficina. “Nunca mais voltei pra um escritório!”, sorri. No finalzinho do mês, no dia 26, Thais recebe as dúvidas femininas em um plantão de dúvidas do “Bellas na Direção”. “A gente começa falando de revisão de rotina e manutenção preventiva, pra quebrar o gelo e depois engata nas dúvidas”. Os questionamentos são vários e todos válidos, passando por dúvidas sobre deixar ou não o frentista mexer no carro até o melhor óleo para o motor. Thais, hoje técnica em Manutenção Automotiva e produtora de conteúdo, garante: mecânica é divertida e nada tem a ver com masculinidade.

Thais Roland é mecânica profissional e ajuda mulheres a não caírem em golpes na oficina

 

Mulher no volante

O número de mulheres motoristas vem crescendo e quem já tem a CNH na mão prova que perigoso mesmo é apenas o preconceito. A maioria dos acidentes, por exemplo, jamais teve mulheres na condução: em 90% dos episódios registados em 2020, segundo o Denatran, todos tiverem homens como responsáveis. Indenizações, na grande maioria, também são pagas muito mais por eles do que por elas.

De toda a forma, o mês de março, emblemático para a luta feminina, merece alguns números históricos: foi apenas na década de 1930 que a primeira brasileira tirou sua “carta”; em 1960, ainda haviam anúncios que brincavam com a competência das mulheres na direção; até 2018, a Arábia Saudita proibia mulheres de dirigir.

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