Ana Paula Kjallin, mãe de Arthur Kjallin Mena Pereira, de 4 anos, o qual é autista, está desesperada em busca de uma vaga para o seu filho em uma escola infantil de seu zoneamento. Após a extinção da turma de Jardim A do período da tarde da Escola Municipal Infantil Doce Infância, do bairro Aparecida, na qual a criança fazia parte, a prefeitura realocou Arthur em São Valentim, a mais de 6 quilômetros de sua residência, inviabilizando o deslocamento para levar o seu filho às aulas.
Há dois anos em Bento Gonçalves, a família matriculou Arthur na Escola Doce Infância, o qual permaneceu até então. No entanto, de acordo com a mãe, a prefeitura extinguiu a turma do Jardim A sem consultar os pais, e foi avisada somente no início do ano. Necessitando de uma rígida rotina durante o dia, por ser autista, Arthur não consegue frequentar a escola pelo turno da manhã, uma vez que faz terapia.
Arthur está a dez dias sem frequentar a escola e, por conta do impasse para conseguir vaga em seu zoneamento, ainda não tem previsão para retornar às aulas. “Simplesmente a prefeitura decidir excluir o Jardim A da tarde. A Secretaria Municipal de Educação (SMED) simplesmente me dão soluções que não são viáveis. O Arthur faz terapia pela manhã, pelo fato de ser autista. Ele tem o sono bem agitado, toma medicamento e a terapia dele fica sempre para o fim da manhã. Quem conhece um autista sabe que toda rotina é essencial”, explica Ana.
De acordo com a mãe, a SMED afirmou que não há Jardim A no período da tarde em seu zoneamento. “A frequência dele na escola é como se fosse uma terapia também. Ele precisa de interação social. Recebi da SMED que só tem no período da manhã, e pela manhã não há a possibilidade de ele estudar. Tenho laudos médicos que dizem que ele precisa manter a rotina, essa mesma rotina que ele tem há mais de um ano, e esses laudos já estão na mão deles, e mesmo assim não resolveram o problema”, comenta.
Ana tem um salão de beleza, enquanto que o marido trabalha no batalhão. O pai, Lorenzo Pereira, foi liberado pelo quartel para levar o seu filho à terapia pela manhã. Além disso, os pais levam Arthur para a escola de a pé. A solução que o poder público deu à família, porém, causou mais um problema, como explica a mãe: “Eles colocaram o meu filho em São Valentim. Eu levaria uma hora para levar meu filho e depois tenho que buscá-lo. Teria que deixar o meu trabalho para ficar em casa com meu filho simplesmente porque o poder público decidiu, sem consultar os pais, que o Jardim A não é interessante, e não falo isso só pelo Arthur, mas também por vários pais daquela turma”, pondera.
Ana salienta, inclusive, que mesmo com transporte o seu filho, por ser autista, não teria segurança. “É uma criança de 4 anos e que é autista. Cada vez que a van parar vai ter alguém segurando o meu filho? Porque cada vez que a van parar e vai seguir correndo. E a criança autista, quanto mais você gritar mais ele vai correr e se esconder.
Indignada com a situação, Ana almeja que o seu filho seja colocado em uma escola de educação infantil do seu zoneamento, para que, desta forma, consiga manter a rotina do seu filho, imprescindível para o seu bem-estar, e para voltar a ter interação social com outras crianças. “Conversei com muitas pessoas, e me disseram que quando precisa colocar uma criança autista na escola, o sofrimento é terrível. Bento está varrendo para debaixo do tapete o autista”, protesta a mãe.
O que diz a prefeitura:
De acordo com a secretária municipal de Educação, Adriane Zorzi, a turma do Jardim A não foi extinta. Segundo a mandatária da pasta, os alunos de pré-escola, Jardim A e B, são atendidas na Cessão de Uso na Escola Estadual General Amaro Bittencourt, próximo à EMI Doce Infância.
“Existe vaga para o aluno. Foram ofertadas outras opções, inclusive a escola de São Valentim. A opção é a cessão de uso na Escola Estadual Pedro Vicente da Rosa, com transporte escolar. Quanto à matrícula do aluno, a vaga já está assegurada, com transporte e monitor”, explica a secretária.
A mãe também citou que poderia ser comprada vaga em escola particular para que o seu filho permaneça no zoneamento no qual está incluído. No entanto, a secretária afirma que isso não é possível. “O Decreto do Convênio de compra de vagas não prevê compra de vagas para alunos novos de Pré-Escola, Jardim A e B”, comenta.