Política Impasse
"Não tenho que fazer o que o técnico manda", diz Paco para o líder de governo Tonietto
Clima esquentou na Câmara de Bento Gonçalves na sessão desta quarta-feira, dia 2, em meio às tentativas da "tropa de choque" da prefeitura de blindar a administração e evitar a CPI do Meio Ambiente
02/03/2022 19h14 Atualizada há 3 anos
Por: Marcelo Dargelio
(Reprodução)

A sessão da Câmara de Bento Gonçalves desta quarta-feira, dia 2, fo marcada por uma série de embates relacionados, principalmente, ao pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar escândalos na Secretaria do Meio Ambiente. Em um destes confrontos, o vereador Paulo Roberto Cavalli (PTB), o Paco, teve o pedido de uma licença negado pelos colegas justamente após assinar a favor da abertura da CPI. Detalhe: o afastamento para tratar de assuntos pessoais por 35 dias seria sem remuneração, o que torna ainda mais evidente que houve uma retaliação ao parlamentar.

Além do próprio Cavalli, votaram a favor apenas Idasir dos Santos (MDB), Eduardo Pompermayer (DEM), Agostinho Petroli (MDB), José Gava (PDT) e Rafael Fantin (PSD), o que não foi suficiente para vencer a "tropa de choque" da Casa Amarela, que a todo custo tenta evitar um desgaste maior para a administração municipal após os casos do maior desmatamento da história do município e do massacre de gatos no bairro Conceição. Ambas as denúncias envolvem nomes de servidores públicos.

Com a negativa, Paco foi à Tribuna e soltou o verbo, direcionando suas críticas principalmente ao líder de governo, Jocelito Tonietto (PSDB). "Ou porque eu assinei a CPI ou porque eles não gostam do vereador que iria assumir (Neri Mazzocchin, também do PTB). Não tem outro motivo. Eu tenho vergonha de ser vereador em Bento Gonçalves. São três mandatos que sou vereador. Eu sempre entrei pela porta da frente, nunca pela dos fundos. Posso jogar pouco, mas eu sou camisa 10, eu sou titular. Eu não tenho que fazer, vereador Tonietto, o que o técnico me manda, senão eu sou sacado do time. As minhas decisões são minhas", desabafa, mencionando indiretamente o fato de Tonietto ter ficado como suplente no último pleito.

Na sequência, Tonietto afirmou que Cavalli estava "com os nervos à flor da pele" e tentou criticar a atuação dele quando foi subprefeito de Faria Lemos, cargo que, na visão dele, seria equivalente ao de adjunto. "Falar é fácil", aponta Tonietto. "Vai te dar estresse, vai te dar um infarto, calma. Não atira pedras nas pessoas, temos que lembrar do passado", complementou o líder de governo, que ainda sugeriu ao colega que fosse "tomar um cafezinho".

Em defesa de Cavalli, Agostinho Petroli (MDB) também se manifestou. "Vereador Tonietto, falar do subprefeito Paco é um pouco difícil. Ele fez um excelente trabalho lá". Petroli condenou, ainda, a não aprovação do pedido de licença. "A decisão tomada por essa Casa é inaceitável. Eu jamais vi isso. Para mim, só pode ser por questão política", argumenta.

Fazendo relação com as questões da causa animal que estão em alta nas últimas semanas, Paco também criticou a postura de Ari Pelicioli (Cidadania), diante de muitos protetores independentes e representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs) que compareceram ao Legislativo. "Parabéns a vocês que defendem os animais. Nós temos aqui uma Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, que o presidente é o vereador Ari Pelicioli e nada fez por vocês. Tem que ser investigado. O secretário adjunto do Meio Ambiente, dizem que estava no carro (quando os gatos foram retirados da casa no Conceição), ele foi lá fazer o quê? E para que existe um secretário adjunto se quem tem que responder pela pasta é o prefeito e o vice prefeito? Por muito menos, abriram uma CPI no tempo do [ex-prefeito Roberto] Lunelli, por causa daqueles bichos de concreto. Vejam bem: tinha muito mais importância os bichos de concreto do que os bichos vivos", lamenta.

Pelicioli, por sua vez, rebateu o ataque acusando Cavalli de "jogar para a torcida", e disse que a mobilização em torno do tema tem se tornado mais política, em função da proximidade das eleições. "Agora é fácil vir aqui, ir para o Ministério Público. Eu me sensibilizo com a causa animal. Os que estão fazendo fogo apoiam candidatos a deputado de fora ou são candidatos", destaca. Pouco depois, na Tribuna, Pelicioli fez um rápido apanhado de suas proposições apresentadas na Câmara e, especificamente sobre o caso dos gatos, relatou ter enviado um e-mail ao Ministério Público (MPRS) para que a promotoria informasse se já estava investigando a denúncia.