Com a mudança da sede da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bento Gonçalves para o Loteamento Zanetti, no bairro Imigrante, onde foi construída uma estrutura mais completa e moderna para atendimento aos alunos, um dos impasses permanece sendo o deslocamento até o local. Além da falta de linhas de ônibus urbanos e de um acesso mais adequado à entidade, a reclamação agora é também pela retirada do transporte que era oferecido pela prefeitura para algumas pessoas que frequentam atividades sociais na Apae em alguns dias e turnos.
Um dos prejudicados é o filho de Nilza Garbin, de 22 anos, portador de Síndrome de Down que também convive com surdez severa. Eles moram no bairro Botafogo e, depois de esperar por muitos anos para conseguir uma vaga na instituição, agora podem não conseguir com que o jovem frequentar os encontros. "Quem fornecia o transporte era a Secretaria de Educação (Smed), mas esse ano eles estão considerando que não é mais obrigação deles. Então, eles estão dando transporte só para quem eles consideram que seja atendido pela área da Educação, que são os alunos que frequentam todas as manhãs ou todas as tardes. E o meu filho foi encaixado nesta grupo que convivência, no qual ele fica duas manhãs", explica Nilza.
Sem alternativa, na última quarta-feira, 23, a mãe conseguiu dinheiro para pagar um transporte de aplicativo para deixá-lo na associação, mas acabou voltando a pé para casa para não arcar com mais um gasto no mesmo dia. Na saída da atividade, ela foi novamente a pé até o local buscar o filho, para só então conseguir retornar com ele pagando o transporte. "Meu filho e os outros que estão neste grupo, que são 19, perderam o direito ao transporte", lamenta.
A reportagem do NB Notícias questionou a prefeitura sobre a situação ainda na manhã da última quarta-feira, dia 23, mas recebeu um retorno apenas neste sábado, 26. Em uma breve nota, o Poder Público bento-gonçalvense diz o seguinte:
"Os alunos matriculados na escola da Apae continuam recebendo o transporte da Smed e o itinerário que leva os demais usuários foi licitado e continuará sendo pago pela prefeitura municipal através da Sedes, conforme orientação do Tribunal de Contas do RS. Como os transportes têm diferentes fins, um é educação (escola) e pago com verbas da educação, e outro atendimentos e oficinas deve ser pago com dotação da Sedes (Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social) por ser assistência. Nenhum usuário perderá transporte, somente então sendo adequados conforme legislação, através de parceria da Apae com a prefeitura, pela Lei 13019".
Entretanto, como apontado em um comunicado da própria Apae, haverá – ainda que temporariamente – a interrupção do serviço:
"De acordo com ata plenária do Conselho Municipal de Assistência Social de Bento Gonçalves ocorrida ontem, dia 24/02/2022, ao que se observa o assunto transporte público para usuários do Serviço de Proteção Social e Convivência Social, ressalva-se que está sendo tratado por diversos setores/secretarias e prefeito, e ainda, sendo analisado pela Procuradoria Geral do Município. Desta forma, deveremos aguardar a conclusão do tema.
Informamos que os encontros dos grupos de Serviço de Proteção Social e Convivência Social, estão ocorrendo normalmente em nossa entidade, o programa não será interrompido.
Para os usuários que possuem condições próprias de deslocamento particular, e que desejam comparecer aos encontros, podem frequentar normalmente, de acordo com seu turno e escala na semana."
Já, aos que não podem comparecer, pois necessitam de transporte público, cedido pelo nosso município, pedimos que aguardem nosso contato, pois iremos manter todos atualizados quanto ao andamento e conclusão deste assunto".
A prefeitura de Bento também foi questionada a respeito da possibilidade de alguma melhoria no acesso à entidade, mas ainda não respondeu.
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